José Freitas faz da fotografia a ocupação dos seus tempos livres. Fá-lo por paixão, como meio de divulgar a natureza e contribuir para a sua preservação. Em breve editará “Aves no Ribatejo”, “um livro de fotografia de aves onde existiu o cuidado de escolher as fotos que permitam identificar claramente a ave e com isso dar a conhecer o nosso património natural, esperando que sirva para ajudar à sua conservação”.

Como começou o seu percurso como fotógrafo?
A fazer fotografia nas férias. Escolhia, muitas vezes, os destinos pela possibilidade de fotografar.

O que podemos esperar de ‘Aves no Ribatejo’, o livro que irá lançar em breve?
Começou por ser um livro de fotografia, foi-se transformando num inventário de aves da região e o resultado final acabou por ser um livro de fotografia de aves onde existiu o cuidado de escolher as fotos que permitam identificar claramente a ave e com isso dar a conhecer o nosso património natural, esperando que sirva para ajudar à sua conservação. Fica a “mágoa” de não mostrar as fotos que mais gosto, compensada pela alegria de estar a contribuir para que mais pessoas conheçam e se surpreendam com a nossa maravilhosa avifauna.

Qual foi a foto que lhe deu mais ‘luta’?
Poucas foram as que não deram luta. A fotografia de aves é, por si só, uma luta que perdemos na grande maioria das vezes. Talvez conseguir uma sequência de fotos de uma Águia pesqueira a capturar peixe, depois de centenas de horas de barco no Tejo a fotografá-las.

De onde vem a paixão pela avifauna do Ribatejo?
Quando em 2012 passeava pelo campo à procura de boa luz para fotografar e me cruzava com aves que desconhecia, gostava de as ver mas não tinha equipamento para as fotografar. Acabei por comprar uma tele-objectiva e os passeios no campo transformaram-se rapidamente em jornadas de “caça” para as registar. Daí à quase obsessão de fotografar espécies novas, de as conhecer, aprender sobre elas e sobretudo compreender que têm de ser protegidas, foi uma curtíssima viagem.

Para além do gosto de fotografar tem também uma constante preocupação ambiental. Como vê o surgimento de novos movimentos e partidos que também comungam dessas causas?
Sem esperança que aportem nada de novo. Confunde-se muito protecção dos animais domésticos com ecologia e ambiente e muitas vezes os animais domésticos são os grandes inimigos da biodiversidade. O Ambiente defende-se sem paixões e com muita racionalidade. A natureza é cruel e selectiva. Os novos partidos são sobretudo animalistas e isso não tem nada de defesa do ambiente. Por outro lado, a tendência das pessoas, hoje, é defender a vida porque “fica bem”; como salvar o “coelhinho” porque ia ser comido pela cobra não pensando que a cobra se alimenta de “coelhinhos” e está incomparavelmente mais ameaçada. As redes sociais geraram muitos “ambientalistas” que defendem o que gera ‘likes’, não pensando sequer no ambiente. Por outro lado surgiram muitos movimentos ecologistas, alguns com trabalho dedicado, outros como forma de autopromoção ou trampolim para “voos mais altos”… Se é que me faço entender…
Sou muito descrente no que respeita a movimentos e partidos. Os cidadãos não precisam de estar enquadrados em organizações para defenderem os seus valores, podem fazê-lo livremente e com melhores resultados se se empenharem e se acreditarem que é cada um de nós com os seus actos e a sua influência que muda o mundo.

Que equipamentos e câmaras usa mais frequentemente?
Actualmente a máquina que uso mais é a Canon EOS 7D MKII e uma lente Canon EF 100-400 MKII com um extender 1*4. Para outro tipo de fotografia uso outras lentes.

Onde vai buscar a inspiração para o seu trabalho?
A inspiração está no que vemos: ou a sentimos ou não a sentimos.

Quanto tempo dedica à Fotografia?
Digamos que… muitas horas!

Qual a sua opinião acerca da evolução tecnológica que se verifica ao nível da fotografia?
Houve um momento de ruptura com o fim da fotografia analógica. A era digital massificou a fotografia, pelos preços mais acessíveis, pela imediatez dos resultados e pela possibilidade de fotografar indefinidamente a mesma coisa até ficar como queremos. Todas as evoluções na era digital não são maiores do que em todas as áreas e não as considero relevantes para que se obtenham melhores fotos. É a paixão, a persistência e a criatividade de cada um que faz uma boa foto, não o equipamento que se use (sendo obviamente uma ajuda importante).

Que conselhos daria aos novos fotógrafos?
Humildade. Percebam que por muito que pensem que sabem serão sempre aprendizes. Criatividade. fotografem o que vos cativa, experimentem, insistam e gozem o resultado. Nunca pensem no que os outros acharão, pensem apenas no prazer que vos deu fotografar. Não imitem as fotos dos outros à espera de ‘likes’. Não significam nada nem são medida nem valorização de nada. Explorem novas abordagens. Vejam o que os outros não viram. Fotocopiar não é fotografar. Sejam originais e não poupem os sensores da máquina.

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