Duarte Gomes é um jovem de 21 anos com uma grande paixão por carros antigos, o que o levou à descoberta do carro que o seu avô comprou na década de 70.
Desde tenra idade sempre manifestou um gosto especial não só por carros como por tudo o que tivesse motores e rodas. Em criança, a mãe e a avó contavam-lhe histórias do seu avô e da grande paixão que tinha por um carro.
Duarte lembra-se de ir ao sótão dos seus bisavós e encontrar as matrículas e o volante do carro, algo que o fascinou, e desde então esses objectos estão presentes no seu quarto como elementos decorativos. Toyota Corolla ke20, é a marca e modelo do carro que o seu avô comprou a estrear quando a sua mãe tinha apenas nove anos, o qual a acompanhou durante grande parte da sua infância, adolescência e vida adulta. A estima pelo carro era evidente na sua família, mas teve de ser vendido em meados da década de 90.
Apesar de nunca ter conhecido o seu avô, Duarte Gomes, tem uma grande afinidade por ele e de certa forma com o carro “sentia que era uma parte do meu avô que continuava presente. Sempre disse que um dia ia ter este carro”.
O tempo passou e aos 20 anos decidiu ir à procura do Toyota Corolla ke20. Recolheu informações sobre o carro e fez-se à estrada com um amigo, nessa que ia ser a primeira de muitas aventuras com o Toyota do avô Paulino, como lhe chamava.
Encontrou o carro na zona de Abrantes, na traseira de um stand e quando o viu a primeira vez sentiu “um misto de emoções, pode parecer ridículo, mas foi como um sonho e custou-me a acreditar que era mesmo aquele o carro. Estava de tal maneira feliz com a situação, que as marcas da idade e da oxidação até me passaram completamente ao lado e naquele momento percebi que tinha de o ter na minha posse, independentemente do valor.”.
Duarte conta que a sua mãe ao voltar a ver o carro ficou em choque “quando lhe mostrei uma fotografia minha com o carro acho que só acreditou mesmo quando cheguei a casa e pude ver a expressão dela”.
Sente que tem uma parte do avô presente com ele e que ao andar com o carro é uma forma de o homenagear “uma vez que sempre foi um veículo que o meu avô tanto estimou e que alguns dos seus amigos ainda recordam mesmo passados quase 25 anos da sua morte.”.
O carro estava sem circular desde 1998, curiosamente o ano em que o avô de Duarte faleceu.
A primeira vez que o carro circulou ao fim de todos estes anos “foi para ir a Sintra e ao Estoril, viagem que ocorreu sem nenhum problema nem avaria.”.
Duarte revela que já teve inúmeras histórias com o Toyota, mas a que o marcou para a vida foi um problema no motor de arranque. “Certo dia fui meter gasolina e tive a surpresa do clássico não querer pegar, o que chamou a atenção de todos os que estavam a abastecer, e por coincidência estava lá também uma pessoa minha conhecida com a filha da minha idade, e que embora já nos tivéssemos conhecido antes, não nos lembrávamos um do outro.
Ajudaram-me e passados alguns meses esta mesma rapariga que tinha ido abastecer com a mãe, é hoje minha namorada.”
Duarte tem a certeza que este carro não apareceu na sua vida por acaso “e se não bastasse sentir que tenho um bocadinho do meu avô comigo, acabou por introduzir na minha vida a melhor pessoa, a melhor companheira que alguma vez poderia querer na vida.”.
Desde que Duarte comprou o carro, já lhe ofereceram inúmeras propostas para que o vendesse, mas refere que “está fora de questão, há coisas que o dinheiro não pode comprar e a conquista de sentir que tenho uma parte do meu avô comigo é uma delas. O Toyota vai permanecer em mais gerações da minha família”.
Duarte Gomes, está presente todos os segundos domingos de cada mês no Jardim da Liberdade, em Santarém, com o seu Toyota Corolla ke20 para o encontro mensal Clássicos Da Liberdade, um evento que organiza e convida “todos os amantes de clássicos ou simplesmente interessados nesta história a aparecer. Estarei lá com o meu ferrugento para contar a história mais detalhada a quem tiver curiosidade.”
Rita Valério