O presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) defendeu esta segunda-feira, 3 de Junho, em Santarém, que o preço dos transportes nas sub-regiões contíguas à Área Metropolitana de Lisboa tem de se aproximar daqueles de que esta beneficia.
Falando no final de uma sessão sobre mobilidade, em Santarém – que contou, no encerramento, com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina -, Pedro Ribeiro afirmou que não é aceitável que todas as deslocações pendulares que têm por destino a capital não paguem o mesmo.
“É preciso que o Estado central olhe para esta área de uma forma una. Quem faz movimentos pendulares regulares deveria pagar o mesmo valor, seja em Santarém, seja no Entroncamento, seja no Cartaxo, seja em Benavente, ou em Coruche”, declarou.
Para o também presidente da Câmara Municipal de Almeirim, são precisas medidas de “distorção positiva” que permitam continuar a ter pessoas no território, sendo de lamentar que se “fale tanto do interior e depois faltam medidas concretas”.
Lembrando que Lisboa enfrenta actualmente problemas de habitação e de escolas, o autarca frisou que em zonas bem próximas da capital esse não é um problema e há mesmo escolas a fechar por falta de alunos, sendo os custos de mobilidade “fundamentais” para tornar estes territórios atractivos.
Na sessão que se realizou na sede da CIMLT, foi apresentado o resultado de um estudo sobre a mobilidade nos 11 concelhos que integram esta comunidade intermunicipal – Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos, Santarém e Azambuja.
A análise revela uma preponderância significativa (superior a 70%) do uso de transporte individual nas deslocações diárias. A par do estudo, a CIMLT apresentou os princípios que vão presidir ao lançamento do concurso público internacional para a rede de transportes públicos da Lezíria, procedimento que quer realizar no terceiro trimestre deste ano para que o operador vencedor possa começar a operar em Agosto de 2020.
O presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, João Carvalho, lembrou que em 3 de Dezembro termina o prazo para a entrada em vigor de um regime que foi aprovado em 2015, esperando que o Estado português não venha a sofrer sanções por “deixar sempre até à última”.
Sublinhando que várias contratualizações têm os seus processos em curso, algumas deles já concluídos, João Carvalho instou a que “não se espere”, alertando para os riscos de atrasos caso haja impugnações, para que “esta grande reforma vá para a frente”.
No caso da Lezíria do Tejo, o concurso fará com que dos dois actuais (Rodoviária do Tejo e Ribatejana, do mesmo grupo empresarial) se passe para apenas um operador, que terá uma marca própria.
O concurso vai bonificar operadores que apresentem uma frota com uma idade média máxima de 20 anos, baixas emissões poluentes e ‘wi-fi’ a bordo, sendo obrigatório que os autocarros tenham ar condicionado e que haja um sistema de bilhética e GPS que permita à CIMLT, como autoridade de transporte, exercer o controlo do cumprimento do serviço público.
O concurso vai introduzir “pequenos ajustes” à rede actualmente existente, com reorganização e numeração das linhas e imposição do cumprimento de um limite mínimo de serviços.
Pedro Ribeiro afirmou que, a par da redução do custo dos transportes, estas alterações permitirão uma melhoria na qualidade do serviço, facultando o acesso a lugares, a pequenas freguesias, mas também as ligações das sedes de concelho e destas a Lisboa, “onde muita gente trabalha”.
“Estamos a fazer um esforço integrado dos 11 municípios para que isso possa ser uma realidade com um objectivo que forçosamente tem de ser de todos e de que não há volta a dar: nós necessitamos reduzir o transporte de carro, individual”, declarou, salientando que este é um trabalho cujos “resultados sustentáveis” provavelmente só se conhecerão daqui a uma década.