Lisboa e Vale do Tejo vai dispor das primeiras quatro Unidades Locais de Saúde (ULS), entre as quais uma _ cará na Lezíria, e o Norte terá mais três, passando a haver 20 no país que assegurarão respostas em saúde a mais de 25% da população.
O anúncio foi feito pela médica Fátima Fonseca, responsável na Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) pelos cuidados de saúde primários, explicando que se trata de um modelo de gestão que agrega cuidados de saúde primários, cuidados hospitalares e cuidados continuados.
Dez anos depois da criação da última ULS, a DE-SNS diz liderar “uma pequena revolução neste processo” com a “missão de recuperar o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, avançando com a criação de quatro Unidades Locais de Saúde em Lisboa e Vale do Tejo (Arrábida, Almada-Seixal, Lezíria, Arco Ribeirinho) que vão cobrir toda a Península de Setúbal e a Lezíria.
No Norte, serão criadas as ULS de Póvoa de Varzim/Vila do Conde, do Médio Ave e de Braga, adianta a DE-SNS, recordando que estão ainda em fase adiantada de elaboração os planos de negócios de cinco Unidades Locais de Saúde: Guimarães, Região de Aveiro, Entre o Douro e Vouga, Região de Leiria, e o processo mais recente, a Unidade Local de Saúde do Alentejo Central.
Fátima Fonseca adiantou que o objectivo é alargar este modelo de gestão a mais áreas do país, colocar as unidades de saúde a funcionar em rede e os profissionais a pensar de forma global, e a preocuparem-se em conjunto com a população.
“Este é o grande avanço, porque não podemos pensar numa população só para cuidados primários ou só para os cuidados hospitalares ou continuados”, defendeu.
De acordo com a responsável, a aposta neste modelo requalificado de ULS, que tem sido promovido pela DE-SNS, “resulta da convicção de que é possível organizar os serviços de uma forma diferente, integrada e centralizada no utente e no seu percurso”.
O objectivo, explicou, é conseguir que “as populações beneficiem de cuidados cada vez mais próximos, diferenciados e diferenciadores, melhorando a participação dos cidadãos, das comunidades, dos profissionais e das autarquias na definição, acompanhamento e avaliação das politicas de saúde, maximizando o acesso e a e_ ciência do SNS”.
Fátima Fonseca apontou ainda “os potenciais ganhos de eficiência” deste modelo, pela forma de concepção e operacionalização de processos assistenciais integrados, permitindo “evitar redundâncias e áreas de intervenção de cada uma das partes em que não há uma clara mais-valia, mas, muitas vezes, duplicações de actos clínicos”.
Relativamente à abertura das ULS em Lisboa e Vale do Tejo, considerou que “há aqui uma grande oportunidade”, pela co-responsabilização e pela avaliação da globalidade dos cuidados e da população, nomeadamente no que se refere aos utentes sem médico de família ou sem equipa de saúde familiar.
“Esta gestão integrada poderá ser também uma oportunidade de reorganizarmos as nossas respostas e propormos respostas diferentes que vão a encontro das necessidades desta população até que seja possível, e idealmente, todos os nossos utentes terem acesso a uma equipa de saúde familiar”, declarou.
Questionada se abertura das ULS poderá aliviar a pressão sobre as urgências, a médica afirmou que “o problema da sobrecarga e da recorrência desadequada ao serviço de urgência não é só um problema do hospital nem dos cuidados de saúde primários”.
“Acima de tudo é um problema do utente que necessita de ver resolvido o seu problema de saúde, que para ele é agudo e é urgente e, às vezes, temos que repensar a forma como olhamos para a situação e reorganizar-nos a nível de recursos e de estratégias”, salientou.
Nesse sentido, defendeu, este modelo tem “uma potencialidade grande”, além de reforçar o papel dos municípios: “Penso que entre todos conseguiremos reorganizar os nossos serviços e dar a resposta que as nossas pessoas precisam”.
Actualmente, as ULS prestam cuidados a mais de um milhão de habitantes (cerca de 10% da população).