Foto Miguel Cardoso

A região escutista de Santarém, do Corpo Nacional de Escutas, realiza até domingo o seu décimo ACAREG, que decorre desde a passada terça-feira, dia 15 de Agosto, na Herdade dos Gagos, em Fazendas de Almeirim.

fOTO: rITA vALÉRIO

Decorrida uma década sobre o último Acampamento Regional (ACAREG), a Região de Santarém do Corpo Nacional de Escutas (CNE) – que coincide territorialmente com a Diocese – volta a juntar escuteiros de todas as idades para mais uma grande actividade de partilha, vivência e fortalecimento.

O décimo ACAREG de Santarém iniciou com o Rover, actividade dirigida aos caminheiros (jovens dos 18 aos 22 anos), dividida em três rotas que se realizaram em Salvaterra de Magos, Rio Maior e Torres Novas. A actividade prosseguiu com todos os escuteiros, tendo como base a Herdade dos Gagos, em Fazendas de Almeirim. Estão inscritos mais de um milhar de crianças e jovens, com idades entre os 6 e 22 anos, dos 29 agrupamentos da Região, e, ainda, uma expedição de Trofa, da região do Porto. 

O tema que congrega todos os participantes numa mesma vivência é “UBUNTU: Eu sou porque tu és”, o mesmo mote que serviu de base à vivência neste acampamento regional.

Diana Cardoso (fOTO: rITA vALÉRIO)

Diana Cardoso, chefe Regional de Santarém, explicou ao ‘Correio do Ribatejo’ que “UBUNTU” é uma filosofia africana muito antiga e que “defende que nós somos melhores e nos conhecemos enquanto pessoas na medida em que ajudamos os outros a realizarem-se. Que a comunidade é mais do que a soma de cada uma das pessoas. É isso que nós vivemos aqui, porque Baden-Powell, o fundador dos escuteiros, disse que a melhor forma de sermos felizes é fazer felizes os outros. Achamos que tudo se conjuga e por isso escolhemos para este triénio esse mote. Estamos aqui não cada um por si, mas uns pelos outros”, afirmou.

“O escutismo acontece quando estamos em campo”

Tornar o mundo melhor através da formação de jovens, educação para o respeito uns pelos outros e pelo planeta são alguns dos valores transmitidos na vida escutista que Diana Cardoso considera importantes. 

Os participantes no acampamento regional praticaram diversas actividades que põem à prova o seu esforço físico e mental, desenvolvendo várias capacidades. 

fOTO: rITA vALÉRIO

Na Herdade dos Gagos, está instalado um campo aventura onde os escuteiros realizam actividades lúdicas, aquáticas, jogos, pintura de um mural, interacção através diversificadas acções com os utentes do Centro de Dia das Fazendas de Almeirim, entre outros. 

fOTO: rITA vALÉRIO

“O escutismo acontece quando estamos em campo. Podemos fazer muitas coisas. A nossa formação é integral, mas é quando estamos aqui a sair da nossa zona de conforto que o escutismo acontece”, sublinha Diana Cardoso.

A chefe Regional de Santarém afirmou ao ‘Correio do Ribatejo’ que o acampamento decorreu como era expectável e que as actividades ajudaram os escuteiros a crescer. 

“Focamo-nos no sistema de patrulhas, eles têm uma pequena equipa e cada um tem a sua função. Queremos que eles realmente se divirtam, que gostem de aqui estar, que seja um marco na vida escutistas deles. Os dirigentes estão muito unidos e empenhados para que o acampamento corra bem. As coisas estão a correr como planeámos”, admitiu no dia em que o Jornal visitou o acampamento (17 de Agosto).

Uma iniciativa que teve um interregno de dez anos e voltou a realizar-se, mas com duas diferenças notórias e significativas. “Em termos estruturais temos a grande diferença de ter um supermercado em campo, nas edições anteriores fornecíamos os alimentos dentro de um saco. Não é uma novidade a nível nacional, mas na regional não se tinha feito ainda. Foi totalmente montado por nós. Em termos pedagógicos achamos que faz sentido. Os escuteiros têm uma moeda própria e são responsabilizados pelas suas compras. Acreditamos também que há menos desperdício. Temos tido também uma preocupação muito grande com a sustentabilidade deste acampamento, mas reaproveitamos muita coisa, tentámos ao máximo que não houvesse descartáveis, o nosso bar só tem latas de alumínio e os escuteiros receberam um cantil”, refere.

A chefe Regional de Santarém frisa que os participantes ansiavam pelo evento “porque queriam estar em campo todos juntos”. 

“Não há muitas oportunidades de o fazer. Viver as alegrias, aventuras e realizar actividades diferentes. É também o ponto alto no nosso mandato poder organizar e oferecer essa actividade à região. Creio que é muito importante no fortalecimento de laços. Acho que se pode medir a vitalidade de uma região pelo que o ACAREG consegue realizar” notou.

Com uma vida escutista desde tenra idade, Diana já participou em diversos acampamentos e ACAREG’s considerando que este evento é o que mais a marca. “É uma responsabilidade muito grande ser chefe de campo. Ter tudo planeado, calcular todas as situações, conversar com todos para que estejam satisfeitos na realização do seu trabalho. É um grande desafio. Em termos pessoais e escutistas é o ACAREG que me vai marcar mais e agradeço esta oportunidade porque também cresci muito”, revela.

Todos os jovens envolvidos na iniciativa consideram que o ACAREG é um grande encontro familiar. 

António Abreu é escuteiro do agrupamento de Torres Novas desde os oito anos de idade. Para o jovem, de 22 anos, ser escuteiro é “uma actividade pró-activa e feliz em relação à vida, é abraçar os desafios que nos dão, aprender a trabalhar com os outros e também aprender a lidar com aquilo que nós e os outros somos na construção de uma coisa que é maior. É uma escola de vida para todos aqueles que são tocados pelo escutismo”, afirma. 

António abreu (Foto: Rita Valério)

“É sempre muito bom revisitar outras pessoas, ajudar a construir este espírito, esta aldeia em prol da felicidade dos jovens e das crianças. Não se vive isto em mais lado nenhum e podermos estar embutidos nesta vivência é espectacular. Isto só pode trazer contribuições incríveis para a vida adulta”, notou.

Ano do Centenário

O Corpo Nacional de Escutas celebra em 2023 o seu primeiro centenário e é a maior associação de juventude de Portugal e também da Diocese de Santarém. Diana deixou uma mensagem nesta data importante. “Foi realmente uma aventura. Acredito que Baden-Powell quando começou isto não acreditou, nem o sonhou para ser assim, nem pensou que durasse cem anos. O facto de demonstrar toda a vitalidade que tem, mostra a genialidade de todo o método e como continua atractivo para os jovens passados tantos anos. Deixo uma mensagem principalmente para os dirigentes: que tenhamos a visão que Baden-Powell teve, que continuemos a estudar e a procurar adaptarmo-nos aquilo que é a realidade dos jovens”, salienta Diana Cardoso.

A Região Escutista de Santarém tem 2243 escuteiros, operando e crescendo em 29 agrupamentos, dispersos por 12 concelhos dentro da Diocese de Santarém. 

Rita Valério

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