Luís da Piedade Faria, natural de Santarém, filho de José Faria e Carolina Rios Vasques Faria, foi condecorado a título póstumo numa cerimónia realizada em 16 de Maio, no antigo Picadeiro Real do Palácio de Belém, em Lisboa. E foi o Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que entregou a sua filha, Sandra Faria, a Ordem da Liberdade – Grau de Grande-Oficial, outorga que manifestou o agradecimento nacional, ao então Capitão Luís Faria, pela sua abnegada missão de tentativa da mudança de um regime caduco e ditatorial.
Estávamos em 16 de Março de 1974, recordemo-lo, quando o Capitão de Instrução no Quartel das Caldas da Rainha saiu a caminho de Lisboa, com a sua Companhia, voltando ao mesmo Quartel por não se terem cumprido os objectivos.
Nessa tarde do 16 de Março ocorreu a rendição, “para que não se derramasse sangue entre as minhas tropas”, declarou posteriormente. Conduzido ao Forte da Trafaria, conjuntamente com outros oficiais revoltosos, esperava na prisão a passagem compulsiva ao foro civil, com entrega à PIDE.
Aguardava-o, assim, um futuro incerto, cerceando uma carreira militar digna e de entrega, tendo cumprido missões em Angola e Guiné, na Guerra do Ultramar/ Colonial. Felizmente que Abril/74
aconteceu, o país libertou-se com a “Revolução dos Cravos” e também se libertaram os militares presos após o revoltoso “Golpe das Caldas”.
O Capitão Luís Faria foi recebido em triunfo na sua terra natal, Santarém, em 27 de Abril de 1974, tendo sido o primeiro Comandante do Forte de Peniche, masmorra que fora de presos políticos, agora prisão de esbirros da PIDE.
Finalmente, Santarém perpetua na sua toponímia o nome do Capitão Luís da Piedade Faria, por indicação de António Veiga, da Junta de Freguesia de Salvador, sendo Presidente do Município José Miguel Noras.
Arnaldo Vasques