Almeirim – Domingo, 2 de Abril, às 17 horas. Corrida à Portuguesa – Alternativa de Mara Pimenta. Cavaleiros: Luís Rouxinol, Ana Batista, João Moura Júnior, Marcos Bastinhas, Francisco Palha e Mara Pimenta; Forcados: Amadores de Santarém e de Coruche; Ganadarias (a Concurso) por ordem de lide: Passanha (510 Kg.), Santa Maria (540 kg.), Condessa de Sobral (520 Kg.), Casa Prudêncio (590 Kg.), Eng.º Jorge Carvalho (470 Kg.) e Varela Crujo, Herdeiros (475 Kg.). Director de Corrida: José Soares; Médico Veterinário: Dr. José Luís Cruz; Tempo: Ameno; Lotação: Esgotada.

A airosa praça de toiros almeirinense esgotou a sua lotação para consagrar a jovem cavaleira local Mara Pimenta, que não poderia sonhar dia mais bonito para a sua alternativa. A entrada na arena durante as cortesias foi apoteótica, com uma praça inteira a aplaudir a jovem que aqui dava um passo importante na afirmação da sua carreira ao abraçar o profissionalismo.

Coube-lhe enfrentar um colaborante toiro de Passanha frente ao qual exibiu boas maneiras e muita vontade em fazer tudo como mandam as regras. Citou de largo, deixou-se ver a marcar a investida do seu oponente, cravou bem a ferragem da ordem e rematou cada sorte com bonitos detalhes, muito aplaudidos pelo respeitável público que esgotou o papel nas bilheteiras, proporcionando uma receita líquida para a Misericórdia de Almeirim superior aos 48 mil euros.

Luís Rouxinol, seu padrinho de alternativa, puxou pelos galões e rubricou uma “faena” preciosa, na qual explanou eloquentemente os seus notáveis recursos técnicos e artísticos. Numa lide irrepreensível, Luís Rouxinol montou cátedra e lidou a sério – como de resto sempre faz! – logrando transmitir uma harmonia e um acerto que tão cedo não esqueceremos.

Elegeu sempre os melhores terrenos, citou dando vantagens ao toiro e abordou o centro de cada sorte para cravar a ferragem “en todo lo alto”, rematando-as com detalhes vistosos e eficazes. Uma lição!

Ana Batista, cuja entrada neste cartel perfeitamente se justificava, aproveitou bem o bravo toiro que lhe coube em sorte e desenhou uma lide muito correcta e diligente.

Definiu bem as sortes frontais com que baseou a sua função e cravou vistosa ferragem, pisando terrenos de compromisso, com a colaboração de uma excelente montada, com quem cabe repartir o grande sucesso que aqui alcançou.

João Moura Júnior está um toureiro imenso, com poderio e elevada técnica, o que lhe permite apresentar argumentos para todas as situações. Sem o brilhantismo alcançado na Monumental “Celestino Graça”, até porque o toiro que aqui enfrentou não saiu tão bem como os Murteira Grave em Santarém, Moura Júnior expendeu, contudo, a tauromaquia mourista e consumou sortes frontais plenas de verdade e de compromisso, que o público soube valorizar e aplaudir.

A Marcos Bastinhas tocou-lhe a fava, como sói dizer-se, porém, o marialva elvense assume cada corrida como se fosse a primeira, na qual põe sempre à prova os seus imensos recursos, e não se deixou apoucar pela mansidão do exemplar do Eng.º Jorge de Carvalho, ganadaria a atravessar um excelente momento, mas que por infelicidade enviou um manso para o Concurso. Marcos Bastinhas recebeu o toiro em sorte de gaiola, tendo cravado dois valorosos ferros compridos.

Porém, daí em diante o toiro fechou-se em tábuas, o que dificultou sobremaneira o labor do jovem Bastinhas. Os dois únicos ferros curtos que apontou tiveram um valor insuperável, pois citando de frente, pisou os terrenos do toiro – em bom rigor será melhor dizermos que pisou o próprio toiro não tendo quase saída possível entre este e a trincheira – mas o que é verdade é que repetiu esta sorte, num misto de arrojo e de tremendismo, e depois desmontou, culminando inesperadamente a lide, com o público dividido entre o susto por que passara e a estupefacção perante tal atitude!

Mas, Bastinhas escrevera a oiro mais uma página na sua trajectória de figura do toureio.

Francisco Palha encerrou a corrida com uma actuação de classe, frente a um complicado toiro de Varela Crujo, Herdeiros, pois teve de porfiar bastante para rubricar uma lide tão meritória como a que viria a conseguir. Sortes frontais, plenas de verdade, e colocação da ferragem em terrenos de muito aperto, consolidando a sua posição de toureiro que dá tudo o que tem para superar as condições dos seus oponentes e fazer por merecer os aplausos do público. Que foram muitos e justos.

Em tarde de sinfonia marialva, em que todos os cavaleiros estiveram em grande plano, outra coisa não se esperaria dos dois Grupos de Forcados em praça que não fosse uma actuação irrepreensível de arte, de técnica e de poder.

Pelos Amadores de Santarém foram solistas António Queiroz e Mello, que à segunda tentativa consumou rija pega, tendo sido desfeiteado na primeira por atraso nas ajudas; João Manoel e Francisco Paulos, que consumaram uma rija pega de cernelha, à primeira entrada, tendo de atacar o toiro junto da trincheira, posto que andava sempre destapado dos cabrestos; e Caetano Gallego, que se fechou com garra e determinação na sua única tentativa.

Pelos Amadores de Coruche foram solistas João Mesquita, que consumou vistosa pega ao segundo intento; e João Prates e Tiago Gonçalves, que consumaram valorosas pegas ao primeiro intento, bem ajudados pelo Grupo.

As quadrilhas coadjuvaram correctamente os cavaleiros a cujas ordens saíram, bregando de forma diligente e moderada, e os campinos luziram-se a contento na recolha dos toiros apresentando um bom jogo de cabrestos. Direcção atenta e discreta de José Soares e actuação de luxo do cornetim José Henriques.

Após o termo da corrida todos os ganadeiros, ou seus representantes, entraram na arena e foram anunciados os triunfadores, sem grande contestação: Prémio de Apresentação para o toiro da Casa Prudêncio e Prémio Bravura para o toiro de Condessa de Sobral. Nada a dizer.

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