A Santa Casa da Misericórdia de Pernes assinalou a 1 de Outubro, o Dia Internacional do Idoso alertando para a necessidade de proteger esta população mais vulnerável e apontando um caminho para a equidade e valorização da pessoa idosa.

Para Manuel Maia Frazão, provedor da instituição e presidente do Secretariado Regional de Santarém da União das Misericórdias Portuguesas, “os idosos têm os mesmos direitos à vida e à saúde que todos os outros cidadãos”, defendendo ser necessária a criação de um quadro legislativo específico que intervenha em casos extremos à semelhança do que já acontece com as CPCJ.

Presentemente, as crianças e jovens em risco já são protegidas pela Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens. No entanto, relativamente às pessoas idosas, “têm-se verificado que existe uma falta de capacidade de resposta às necessidades específicas das mesmas e de um enquadramento específico legítimo na lei portuguesa que as proteja, o que também leva a que este grupo se qualifique como um grupo em perigo”, considerou.

Numa mensagem a propósito do Dia Internacional do Idoso, Maia Frazão apelou ainda a que os decisores políticos ponderem a gratuitidade das respostas sociais para as pessoas idosas de mais fracos rendimentos, como o que acontece presentemente com a medida da gratuitidade da frequência de creche a todas as crianças dos agregados do 2.º escalão de rendimentos da comparticipação familiar.

“Não podemos esquecer que muitos idosos, em particular de meios rurais, têm reformas muito baixas e não têm acesso aos serviços das instituições que estão capacitadas para os acolher”, afirmou, apelando a que exista “uma maior equidade” e solidariedade intergeracional.

O Dia Internacional do Idoso, data instituída em 1991 pela ONU – Organização das Nações Unidas, tem como objectivo sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar a população mais idosa.

Segundo dados do Eurostat, Portugal será um dos países da União Europeia com maior percentagem de idosos e menor percentagem de população activa em 2050.

O Instituto Nacional de Estatística prevê igualmente que no ano de 2050, um terço da população portuguesa seja idosa e quase um milhão de pessoas tenha mais de 80 anos.

Estes cálculos são feitos com base na tendência de envelhecimento da população, resultante do aumento da esperança de vida e da diminuição dos níveis de fecundidade.

Estudo indica que um em cada quatro idosos se sente só e tem sintomas depressivos

Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) concluíram que um em cada quatro idosos se sente só e tem sintomas depressivos, apelando para que sejam adoptadas “medidas urgentes” para “combater a epidemia da solidão”.

A partir da base europeia SHARE, que acompanha pessoas com mais de 50 anos e pretende responder aos objectivos da Década do Envelhecimento Saudável, o projecto, intitulado QASP (Qualidade de Vila e Envelhecimento em Espanha, Portugal), concluiu que a chamada “epidemia de solidão” e os problemas de saúde mental requerem “medidas urgentes” para promover a qualidade de saúde e vida.

“É urgente desenvolver meios de detecção precoce dos problemas de solidão, isolamento social e sofrimento psicológico em pessoas idosas, assim como promover programas de apoio às famílias”, alertam os investigadores, citados pelo CINTESIS.
O projecto, que decorreu ao longo de três anos, conclui que cerca de 22% da população portuguesa tem 65 ou mais anos e que “uma em cada quatro pessoas idosas tem sentimentos de solidão e sintomas depressivos”.

Os investigadores salientam por isso a necessidade de desenvolver “acções a todos os níveis”, nomeadamente, individual, comunitário e institucional em articulação com a administração publica, os serviços sociais e da saúde, movimentos associativos e investigadores.

Para combater a “solidão indesejada” e o isolamento, a equipa envolvida no projecto recomenda a detecção precoce dos problemas e a promoção de programas comunitários e de apoio às famílias que “garantam o descanso do cuidador e a conciliação dos cuidados prestados à família”.

Já para lidar com o sofrimento psicológico dos mais velhos, principalmente, estados depressivos e ansiedade aconselham, além da detecção precoce, o “desenvolvimento de actividades na comunidade que estimulem simultaneamente capacidades físicas, psicológicas e sociais”.

Citado no comunicado, Óscar Ribeiro, investigador do CINTESIS e coordenador do projecto em Portugal, afirma ser necessário “fomentar a participação das pessoas mais velhas em todas as fases dos programas de cuidados e promoção da saúde física e mental, ajudando-as a sentirem-se valorizadas, uteis e com propósito de vida”.

Também Maria João Forjaz, coordenadora do projecto e investigadora do Instituto de Saúde Carlos III (Espanha), salienta ser preciso desenvolver “intervenções multidisciplinares com o objectivo de mitigar a solidão e o isolamento social”.

“Pretendemos sensibilizar e colocar a temática do envelhecimento na agenda política. Para isso, é preciso chegar a vários organismos e instituições ao mesmo tempo.

Também é preciso que as empresas tenham em conta estratégias para abordar o envelhecimento dos seus trabalhadores”, refere a coordenadora.

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