A Associação de Socorros Mútuos e Inabilidade Marechal Sá da Bandeira vulgo Monte-Pio Sá da Bandeira foi constituída a 1 de Julho de 1924, em Santarém, funcionando a sua sede na travessa das Frigideiras, n.º 34, 1.º andar.

A 2 de Setembro de 1915, a direcção deste novo Monte-pio publicou um manifesto dedicado às famílias do distrito de Santarém com o objectivo de angariar novos sócios, onde se pode ler que “uma associação de socorros que é um verdadeiro amparo das famílias quando são surpreendidas pela tempestade da doença, evitando assim que alguns dos seus membros tenha de recorrer ao hospital, separando-se dos carinhos familiares. E como ninguém pode prever o dia de amanhã, é bom que todos se filiem nesta prestimosa colectividade para assim evitarem tão triste quadro. Haverá alguém da classe menos favorecida da fortuna que não deseje ser sócio desta associação? Entregai ao Monte-Pio as migalhas do vosso capital e um pouco das vossas economias e tereis depois a riqueza do seu socorro na doença e a das vossas famílias. É raro que no seio da família de pobres não se levantem obstáculos e desgostos a ensombrar-lhes a vida, roubando ao trabalho e lançando na maior miséria o chefe da família prestimosa, tirando à esposa carinhosa e aos filhinhos o indispensável pão. Por isso, a direcção deste Monte-Pio afirma a todos os chefes de família que têm o dever de pensar no dia de amanhã e que todo o cidadão deve acolher-se à sombra da árvore frondosa que se chama mutualismo, filiando-se numa associação de previdência que tem um filantrópico papel a desempenhar em prol da humanidade” (CE, 4/9/1915, p. 4).

A 29 de Novembro de 1915, decorreram eleições para os corpos gerentes da associação quando o presidente da assembleia-geral era Justino da Mata e Aristides da Conceição Neves, o secretário da direcção. Segundo os “Estatutos”, os associados tinham acesso às contas anuais do Monte-Pio, durante quinze dias, no mês de Fevereiro. No ano de 1915, a receita foi de 2 781$880 réis e a despesa orçou 2 335$530 réis, sendo o saldo positivo de 446$350 réis.

Nas assembleias-gerais que decorreram a 20 e 21 de Maio de 1917 “foram eleitos delegados na assembleia-eleitoral dos vogais do Conselho Superior de Previdência Social, da parte do Monte-Pio Sá da Bandeira, Manuel Ramos Veiga, secretário da direcção e da Associação de Socorros Mútuos na Inabilidade “Previdência no Futuro”, Henrique Duarte Miranda. Foi também eleito, para delegado junto da Federação Regional do Sul das Associações de Socorros Mútuos, Justino da Mata” (CE, 2/6/1917, p. 3). A Associação de Socorros Mútuos na Inabilidade “Previdência no Futuro” partilhava a mesma sede que o Monte-Pio Sá da Bandeira e alguns dirigentes eram comuns como Justino da Mata que foi presidente da assembleia-geral das duas colectividades, da primeira em 1918 e da segunda em 1915.

Os corpos gerentes eleitos para 1918 eram constituídos por Laurentino Veríssimo, João Ferreira Henriques, Adelino Marques de Andrade, Henrique Duarte Miranda, António Francisco Correia e Francisco Pedro, respectivamente presidente, vice-presidente e secretários da assembleia-geral. O presidente da direcção era António José Gonçalves, coadjuvado por Alberto Duarte Pereira (secretário), Manuel Ramos Veiga (tesoureiro), Manuel Rodrigues (vice-presidente), António Vicente Comparada (vice-secretário), Joaquim António Rabuja, Adolfo Capelo e Lázaro da Cruz (suplentes). José Miguel da Costa, José Frade e Manuel Brites Lanheiro compunham o conselho fiscal, para o qual José Martins, Francisco da Costa Teodósio e Joaquim Fernandes eram suplentes.

Em 1918, a quota anual era de 3$12, sendo os subsídios e abonos os que constam na tabela, de acordo com que foi publicado no “Correio da Extremadura”, de 9 de Março desse ano:

Em 1919, o presidente e o secretário da assembleia-geral do Monte-Pio Sá da Bandeira mantinham-se Laurentino Veríssimo e Adelino Marques de Andrade enquanto o vice-presidente era Eduardo Rodrigues David. Laurentino Veríssimo assegurou o referido cargo até 1923.

XNa assembleia-geral de 14 de Novembro de 1923 foi aprovado o aumento suplementar e adicional do preço das quotas que “terminará logo que as circunstâncias assim o permitam” (CE, 1/12/1923, p. 3). A cobrança passou a ser feita por cadernetas e nenhum sócio podia ter mais de doze quotas semanais em atraso.

Os corpos gerentes eleitos para 1924 eram constituídos por António Joaquim Guerra Semedo, Laurentino Veríssimo, Manuel Tavares Campos, Manuel Marques, João António Cabral e José Martins, respectivamente presidente, vice-presidente e secretários da assembleia-geral. O presidente da direcção era António Vicente Comparado, coadjuvado por João Caniço e José Miguel da Costa (secretários), Manuel Rodrigues (tesoureiro), António Francisco Correia (vice-presidente), Fortunato de Jesus, José dos Santos e Luís Gomes (suplentes). António Rodrigues Gracinda, José Augusto e João Camarinhas compunham o conselho fiscal, para o qual, José Maria Rosa, José Cordeiro Mota, Horácio Marques e Adolfo Capelo eram suplentes. António Joaquim Guerra Semedo recusou o cargo de dirigente do Monte-Pio e “para evitar que se formulem comentários que certamente vinham ferir a minha dignidade profissional, que muito preso, permita-me que por intermédio do seu mui lido jornal torne público que não aceitei o lugar de presidente da assembleia-geral da Associação de Socorros Mútuos “Marechal Sá da Bandeira” para que fui recentemente eleito. A minha qualidade de farmacêutico, fornecedor de medicamentos, torna-se incompatível com o referido lugar, mas ainda que assim não fosse outro motivo também existia: a resolução inabalável de não me ligar aos corpos gerentes de qualquer colectividade local porque tenho ainda bem viva no espírito a dura lição recebida naquelas a que prestei o meu quase nulo concurso” (CE, 8/12/1923, p. 3).

Os corpos gerentes eleitos para 1925 eram constituídos por António Francisco Correia, João Vieira, José Martins, Amândio Fidalgo, João Camarinhas e António Rodrigues Gracinda respectivamente presidente, vice-presidente e secretários da assembleia-geral. O presidente da direcção era António Vicente Comparado, coadjuvado por Laurentino Veríssimo (vice-presidente), João Vieira (secretário), Manuel Rodrigues (tesoureiro), José Miguel da Costa, Manuel Mateus Xavier e Francisco da Silva Frade (suplentes). Adolfo Capelo, João Caetano e Manuel Pires compunham o conselho fiscal, para o qual, Domingos Apolinário, António da Costa, Agostinho Marques, Augusto Claudino, José Jorge, Joaquim Marques e Manuel Patrício eram suplentes.

Não foi possível apurar o ano em que este Monte-Pio deixou de funcionar.

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