João Leite (Aliança Democrática – PSD/CDS-PP)
Economista, actual presidente da Câmara de Santarém, foi vereador entre 2009 e 2013 e administrador hospitalar. Defende a continuidade das políticas do PSD, com aposta na Cidade Desportiva, na requalificação da Frente Ribeirinha e no reforço das infra-estruturas culturais e desportivas.

Depois de um ano na presidência da Câmara, que balanço faz da sua própria liderança e que marca pessoal quer imprimir ao próximo mandato?

Santarém vive um momento de dinâmica inegável. Basta circular nas ruas da cidade e nas nossas Freguesias para vermos os níveis históricos de investimento, públicos e privados, que estão a ser executados. O balanço é por isso muito positivo. Se conseguimos fazer tudo isto em 12 meses imagem como serão os próximos 4 anos. Isto resulta de um trabalho permanente, de muita dedicação e empenho. Eu sinto e vivo Santarém todos os dias. Amo Santarém, acredito no seu enorme potencial, e só quem vive e sente Santarém pode ter a legítima capacidade de transformar este Concelho. Vamos deixar uma marca profunda de transformação, um território liderante, com oportunidades de emprego, qualidade de vida e bem-estar. 

Quais considera serem as principais decisões e investimentos que marcaram este primeiro ano à frente da Câmara?

Estão a ser 12 meses muito intensos, repletos de importantes decisões. Destaco o arranque da construção da 1.ª fase da Cidade Desportiva; o início de um sonho com décadas: a construção do Complexo Desportivo de Pernes; a compra do Teatro Rosa Damasceno, que, depois de tantas décadas de discussões, pertence pela primeira vez ao Município e onde irá surgir a futura Casa das Artes e da Cultura de Santarém, projecto em que já estamos a trabalhar.

Assinalo também o arranque da obra de requalificação do Campo de Rugby e zonas adjacentes; o início da obra na entrada norte da cidade e as demolições do edificado devoluto que em nada dignificavam uma das principais portas de Santarém, onde vão surgir habitação, comércio, restauração, um centro clínico, novas rotundas, uma nova avenida, passeios e ciclovia.

A construção da Carreira de Tiro, uma ambição com décadas, está concluída e vai contribuir significativamente para a qualidade de vida, sobretudo das pessoas que vivem no nosso Bairro de São Domingos.

Mas foram também nestes 12 meses que abrimos a nossa lindíssima Igreja de São João do Alporão, a Torre das Cabaças e o nosso belíssimo Mercado Municipal, momentos marcantes que jamais esquecerei.

Em paralelo com este investimento público local, conseguimos mobilizar investimento público nacional muito importante: o arranque das obras de requalificação da EN 362 e da variante das Assacaias, em Alcanhões, foram conquistas de grande relevância. A autorização do governo para a IP abrir concurso para construir cinco passagens de nível superior no Concelho, num investimento superior a 50 milhões de euros é outro marco destes 12 meses. 

Refere frequentemente a Cidade Desportiva, o pavilhão de Pernes e a requalificação da Frente Ribeirinha. Que outros projectos tem elencados para o próximo mandato?

As duas primeiras obras estão em curso e estamos a cumprir os compromissos assumidos com as populações. A honradez da palavra é um factor determinante, as pessoas sabem que prometemos e estamos a cumprir. É por isso que afirmo, com total convicção de que nos próximos quatro anos o Rio Tejo será devolvido a Santarém. Vamos regenerar toda a frente ribeirinha.

Na 1.ª fase, já foi lançado o concurso para a obra de requalificação do campo de futebol e das zonas envolventes. Estamos a ultimar o projecto de execução da 2.ª fase, que prevê a criação de um parque verde urbano, com passadiços, zonas desportivas e de lazer, um parque canino e áreas de estadia junto ao rio, ligando a Ribeira a Alfange.

Na vertente da regeneração urbana, vamos dar continuidade ao investimento no centro histórico, requalificando as praças que faltam e as ruas principais que as ligam, requalificando os edifícios da autarquia e adquirindo outros para promover habitação a rendas acessíveis.

Vamos executar o nosso plano e visão para a Escola Prática de Cavalaria, concluir os investimentos desportivos em curso e construir circuitos de manutenção. Na zona central, requalificaremos um edifício para instalar a nossa querida UTIS e, em vários imóveis, promoveremos a instalação de um hotel de 4 ou 5 estrelas, com todo o impacto que uma resposta desta natureza trará à dinâmica do centro histórico. Na zona mais a sul, junto às Paradas, ampliaremos a resposta na área da Justiça.

Em parceria com o Politécnico, vamos permitir a requalificação de um edifício para criar uma residência de estudantes com 137 camas e será também construído o Museu de Abril.

Investiremos na regeneração urbana do Bairro de São Domingos e nos acessos da Portela, criando passeios e ciclovias. O Mouchão de Pernes e os pavilhões multiusos dos Amiais de Baixo e de Alcanede serão uma realidade no próximo mandato.

A educação será outra prioridade. Vamos dar continuidade ao plano de creches públicas no concelho: a primeira, já em obra, será na Moçarria; a segunda, na Escola de São Salvador, no centro histórico. A Escola de São Bento será também requalificada, assim como a EB 2,3 de Alcanede e a Escola Dr. Ginestal Machado.

Daremos continuidade ao investimento em saúde, com a requalificação de 11 unidades de saúde — do Vale de Santarém, passando pela Várzea e Almoster, até à cidade. Paralelamente, e em estreita articulação com o Governo, exigiremos a construção de um novo Centro de Saúde para o planalto.

A segurança, com o alargamento da cobertura das câmaras de videovigilância e a criação de uma Polícia Municipal, bem como a cultura, serão também dimensões estratégicas.

A oposição tem acusado o seu executivo de não ter uma visão de desenvolvimento sustentável. Como responde a esta crítica?

A sustentabilidade não vive de palavras nem de comunicados de ocasião, mas sim de compromissos que resistem ao tempo. O que estamos a fazer, da regeneração da frente ribeirinha à requalificação de escolas, da mobilidade suave ao maior investimento de sempre no desporto, do maior investimento público de sempre ao maior investimento privado de sempre, está pensado para durar gerações. Essa é a nossa resposta: um concelho preparado para o futuro, não para o próximo debate político.

Para alguns, “visão de desenvolvimento sustentável” é apenas um slogan bem impresso ou um cartaz numa rotunda. Para nós, é obra concreta, é planeamento sério, é investimento que fica. A visão está definida, o plano está em marcha e os próximos anos serão de rua, de mangas arregaçadas, a afirmar Santarém como uma das grandes capitais de distrito do país.

Como define hoje Santarém enquanto capital de distrito?

Uma capital enérgica, com qualidade de vida, escola pública e privada de excelência, e serviços de saúde, públicos e privados, de qualidade. Uma capital liderante e em claro crescimento: os dados do INE falam por si. Somos o concelho da região onde, em 2024, foram criadas mais empresas; no primeiro semestre de 2025 já atingimos o número de empresas criadas em todo o ano de 2024. Estamos com a mais baixa taxa de desemprego dos últimos 20 anos, de 4%, abaixo da média nacional, vivemos em pleno emprego. O rendimento médio mensal bruto cresceu 18,4% nos últimos três anos.

Estamos a crescer no turismo: comparando 2019 com 2024, registámos um aumento de 30,6% no número de dormidas. Tivemos 500 mil visitas aos nossos monumentos e igrejas, agora abertos todos os dias. Temos 510 milhões de euros de investimento privado em curso no concelho e continuamos a atrair novas empresas.

Os dados falam por si. Santarém está vibrante, liderante, mas temos ambição para muito mais.

Habitação acessível é um dos temas centrais do debate autárquico. Que medidas concretas propõe para jovens e famílias de rendimentos médios?

A habitação é um factor fundamental. Estamos a crescer em termos populacionais e precisamos de dar mais resposta. O nosso Plano Local de Habitação é ambicioso: contamos com 22,2 milhões de euros para executar até 2028. Já adquirimos imóveis, de forma dispersa, nas freguesias e estamos a elaborar projectos para lançar concursos para as empreitadas.

Paralelamente, adquirimos um imóvel na Ribeira onde, com financiamento comunitário, serão construídas 22 habitações para arrendamento acessível destinadas a jovens. No antigo Bairro 16 de Março serão ainda criados 44 fogos para o mesmo fim. Mas vamos olhar para a habitação pública existente, já investimos mais de 1 milhão de euros no Bairro de Alfange, vamos investir também nos restantes Bairros onde temos habitação pública.

Que soluções apresenta para fixar moradores e revitalizar o comércio local em Santarém e que plano para o Centro Histórico?

Vamos reabilitar os imóveis propriedade da autarquia para os colocar no mercado de arrendamento acessível e, paralelamente, vamos adquirir outros com o mesmo objectivo.

No que diz respeito ao comércio, para além das medidas já implementadas de incentivo ao consumo no comércio local, pretendemos adquirir lojas e colocá-las, a preços acessíveis, no mercado para que jovens empreendedores possam desenvolver a sua actividade, incrementando o espírito de esplanadas nas diversas ruas do nosso lindíssimo Centro Histórico.

Implementar com sucesso o projecto Bairros Digitais com o objectivo de colocar as novas tecnologias ao serviço das pessoas com relevo impacto no aumento da actividade económica dos nossos comerciantes.

O estacionamento será outra prioridade, a pensar nos moradores e nos visitantes. Precisamos de autonomia na gestão do estacionamento — o assunto está a ser tratado nos fóruns próprios. Seria irresponsável da minha parte aprofundar este tema agora; vamos resolver as questões nos locais adequados e, posteriormente, trazer boas notícias para todos.

Reforçar o investimento nas dinâmicas culturais com o objectivo de atrair mais públicos, bem como, intensificar o potencial turístico de Santarém reforçando a promoção do território em diversos mercados internacionais, estamos a crescer no turismo, mas queremos muito mais.

O plano de mobilidade prevê a construção de um funicular entre São Bento e a estação ferroviária. Mantém este projecto como prioridade apesar das críticas ao custo e utilidade?

Somos dos poucos municípios com um Plano de Mobilidade, o que nos capacita para obter financiamento comunitário. Estamos a trabalhar com o Governo para atingir esse objectivo. É necessário unir o planalto à Ribeira.

O concelho da Nazaré já está a construir o seu segundo funicular e foi buscar 10 milhões de euros ao PRR; nós também vamos conseguir financiamento para esta obra importante. Quanto aos críticos, só podemos concluir: quem pensa e vive pequeno nunca poderá sonhar em grande.

A saúde é uma das áreas mais sensíveis para a população. Que papel pode ter o município na melhoria das condições do Hospital Distrital e na criação de um novo centro de saúde para a cidade?

A autarquia tem um papel determinante. Junto do Governo, deve exigir investimento na ULS, em particular no Hospital Distrital, e evidenciar a necessidade de construir um novo Centro de Saúde na cidade. Já demos esse passo: a autarquia está disponível para executar a obra, cabendo ao Ministério delegar no município, com o respectivo envelope financeiro.

Relativamente às diversas unidades de saúde do Concelho já estamos já a investir mais de 2,2 milhões de euros na requalificação dos edifícios, estamos em obra no Centro de Saúde dos Amiais, e vamos avançar para obra no polo S. Vicente do Paul, Casével, Almoster, Moçarria, Várzea, Vale Santarém, e ainda na USF do Planalto e Almeida Garrett, no edifício do Centro de Diagnóstico Pneumológico de Santarém, e no edifício da USF de São Domingos e UCC de Santarém.

Tem falado em níveis históricos de investimento privado. Em que é que estes investimentos se consubstanciam e que benefícios directos trarão para o concelho?

É determinante para o futuro colectivo de Santarém. São as empresas que criam emprego, o emprego atrai e fixa pessoas no concelho, e são as pessoas que geram a vitalidade que desejamos para o território.

É por isso que estamos nos principais palcos nacionais e internacionais a promover Santarém e as suas potencialidades, com efeitos positivos na atracção de novos investimentos. Não há melhor serviço público do que garantir oportunidades de trabalho para os filhos e netos de Santarém. O novo Hospital da Luz, o novo Hotel em construção junto à Rotunda Bernardo Santareno, o empreendimento logístico da Panattoni, o projecto das cenouras Baby, o novo centro logístico que conquistámos em Cannes, os projectos em curso na Valsabor, Lusical e Fravizel, promovem emprego diferenciado e qualificado e esta condição é essencial para o futuro da nossa população e do nosso território. As políticas públicas devem promover a fixação de investimento privado, vamos continuar firmes nesta aposta e pensar no bem-estar da nossa população.

Que metas concretas se propõe atingir no próximo mandato em áreas como emprego, habitação, mobilidade e cultura, de modo a colocar Santarém “no top cinco das capitais de distrito”, como tem referido?

No próximo mandato, as metas que nos propomos atingir são claras e concretas, sempre com o objectivo de colocar Santarém entre as cinco principais capitais de distrito do país.

No emprego, continuaremos a atrair investimento privado e a apoiar o empreendedorismo jovem, de forma a manter a taxa de desemprego nos níveis mais baixos de sempre e a garantir oportunidades para todos.

Na habitação, vamos reforçar o Plano Local de Habitação com projectos de arrendamento acessível, criar fogos em áreas estratégicas da cidade e das freguesias e reabilitar imóveis da autarquia, assegurando que jovens e famílias de rendimentos médios têm resposta adequada.

Na mobilidade, avançaremos com a requalificação de ruas, criação de ciclovias e passeios, e a construção do funicular entre São Bento e a estação ferroviária, reforçando a ligação entre o planalto e a Ribeira. Teremos também a requalificação do piso do Centro Histórico para os percursos confortáveis, que permitirão todas, mas mesmo todas as pessoas poderem circular por essa zona nobre, esteja de canadianas, de cadeiras-de-rodas ou de carrinho de bebé.

Na cultura, continuaremos a abrir e valorizar os nossos monumentos, igrejas e equipamentos culturais, apoiando iniciativas que dinamizem o Centro Histórico e aproximem Santarém da agenda nacional e internacional. Santarém será um dos palcos maiores de Portugal. Investimos na cultura e nos grandes eventos com orgulho, não só pelo impacto que esta dinâmica representa para a economia local, mas também porque temos plena convicção que um território forte e preparado para o futuro tem de investir na cultura, na sua identidade. Os nossos Ranchos, as nossas 3 bandas filarmónicas, o cavalo, o campino, o touro, a festa brava, a nossa magnífica gastronomia fazem parte daquilo que de mais profundo e bonito pode existir no nosso território, e estes símbolos maiores farão parte da valorização de Santarém.

Estas metas não são meras intenções: são compromissos que estamos a concretizar passo a passo, com obra visível, investimento real e resultados que beneficiarão todos os Scalabitanos.

Que mensagem quer deixar aos seus eleitores?

Santarém está a crescer, a transformar-se e a afirmar-se como uma capital de distrito moderna, dinâmica e acolhedora, com respeito pelo seu passado e pelas suas tradições, mas com os olhos postos no futuro. Estamos a trabalhar todos os dias, de forma concreta, para melhorar a qualidade de vida, criar oportunidades de emprego, oferecer habitação acessível, valorizar o nosso património e tornar a cidade mais vibrante e competitiva.

Peço às pessoas que continuem a acreditar no projecto que construímos juntos, que se envolvam na vida do Concelho e que caminhem connosco nos próximos anos. O futuro de Santarém não se constrói com slogans, mas com trabalho, visão e coragem para sonhar grande, e esse é o caminho que estamos a seguir. Temos tudo para ser uma das principais Capitais de Distrito do nosso País, é aí que nos vamos posicionar nos próximos anos.

Vamos devolver o sentimento de pertença a cada um dos que escolheu Santarém para viver. O sentimento de amor. Daqui a quatro anos vamos sentir mais orgulho de Santarém, e essa obra imaterial será das mais importantes que podemos deixar para as gerações futuras. O trabalho vai continuar, todos sabem disso. 

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