Aqui há uns anos, nesta mesma coluna onde vos escrevo, semanalmente, deixei expresso o desejo de, por cada ano que passe, o espírito da quadra que atravessamos seja cada vez menos e apenas uma data no calendário, e se estenda a todos os gestos da nossa vida.
Isto porque há sempre quem tenha lá por casa um armário bafiento dos afectos, da solidariedade, do amor ao próximo, da generosidade, e o abre por esta altura, mentindo a si próprio com sonoros ‘Feliz Natal’ quando em Dezembro se cruza com alguém na rua e em Janeiro já não o faça, de olhos colados ao chão, depois de um mês a fingir que somos e que temos.
Mas não vos vou dar lições de moral sobre o que é viver esta Quadra. Cada qual saberá fazer coincidir o que deseja aos outros com o que pratica quando estes precisam de nós.
O Natal deste ano, tal como o do ano passado, continuará a ser diferenciador nos momentos de reencontro com os outros, mas nada terá de diferente se o escolhermos, também, para nos reencontrarmos com nós próprios. Este é sempre o grande desafio: em redor de uma mesa posta, de rituais mais ou menos religiosos, sabermos quem efectivamente somos, para nós e para os outros. É este o desafio de sempre. Que se cumpra “isto de ser família”, como algo que nos une, belo, gratificante e encorajador.
O ‘Correio do Ribatejo’, ao longo da sua longa vida, tem vindo a desafiar o tempo apressado de uns, cruzando-o com as calmas memórias de outros, sempre presentes, em cada página, de geração em geração. Como escreve o cientista Miguel Castanho nesta edição, “o Correio do Ribatejo constitui-se em memória e identidade do Ribatejo, tomando as rédeas do tempo, como quem domina o passado para dominar o futuro”.
Este ano, deixamos-lhe a sugestão de no ‘sapatinho’ de algum familiar ou amigo possa colocar uma assinatura deste Jornal que trará sempre consigo o sorriso e o choro de todos quantos o leem. Será mais uma pequena ajuda para a continuidade de um título que aceita o desafio de ser ponte de afectos entre gerações. Fazemo-lo há 130 anos com a vossa indespensável presença e queremos continuar este caminho – o nosso e o vosso – lado a lado!
Para isso, basta recortar o rodapé presente na capa desta edição e manifestar esse interesse junto do jornal.
Somos “uma rica prenda”, diria sem qualquer tipo de ironia, mas… com alguma graça à mistura…
‘Feliz Natal e Próspero Ano Novo’ são os votos de toda a equipa que escreve, semanalmente, para vós caros leitores, este vosso ‘Correio do Ribatejo’.
João Paulo Narciso