Setecentas peças e quinze dias de trabalho foram o que Luís Reis usou para criar um presépio que é um país inteiro para descobrir com olhos de espanto e emoção.

O estábulo que serviu de abrigo ao nascimento de Jesus, os animais que aqueceram o menino numa noite de Dezembro, Maria e José, o anjo Gabriel e a estrela cadente que mostrou o caminho aos três Reis Magos, é o centro do extenso presépio que Luís Reis construiu a convite da Câmara Municipal do Cartaxo.

É, de facto, a partir da representação do nascimento de Jesus, do seu simbolismo de Deus feito pessoa para encontrar o seu povo, que Luís Reis construiu um mundo que vai muito para além da emoção deste quadro e do que representa de essencial e de razão de ser da quadra festiva que se vive.

Desde a colina em que o “Deus menino em palhinhas deitado”, se mostra ao mundo, há todo um território que se espraia até ao lago. Um lago que alimenta as famílias dos pescadores, que dá vida aos homens e aos animais. Nas colinas que rodeiam o grande lago há homens e mulheres que trabalham nas suas tarefas diárias, há quem lave a roupa nas águas límpidas, mas que se adivinham muito frias em Dezembro, há quem suba o caminho íngreme para levar o trigo aos moinhos, quem acenda o forno para cozer o pão, quem guarde as ovelhas.

Das casas de tijolo, xisto ou madeira, saem as famílias manhã cedo, da soleira da porta espreitam cães ou gatos, no seu interior há meninos que esperam a hora de ir para a escola. Ao cimo, na colina mais alta, há um castelo e soldados sérios que olham o coreto central onde a banda toca e o povo dança. Se escutarmos com atenção, ouvimos vozes e música e o cantar dos pássaros. Este presépio é um país, um mundo, uma poesia escrita com peças de cerâmica, musgo, água e um sem fim de materiais terrenos que, juntos, nos levam numa viagem de espanto e encantamento. Este presépio merece uma visita demorada.

A Câmara Municipal do Cartaxo apoiou, é certo, houve quem cedesse generosamente o espaço, quem desse uma mãozinha na construção, quem cedesse musgo ou ajudasse apenas pelo incentivo e reconhecimento do valor deste extraordinário trabalho. À autarquia e a todas as pessoas que tornaram possível a realização de um presépio nascido da sua imaginação, para oferecer à população, Luís Reis agradece.

A emoção com que se diz grato pelas ajudas que teve, só faz par com a simpatia com que recebe cada visitante e com a emoção com que afirma a sua vontade de fazer mais e de fazer melhor, de acrescentar peças, cenários – que é como quem diz, de acrescentar histórias e gente e profissões e vivências de outros tempos, à espécie de país de antigamente que construiu a partir de 700 peças e dezenas de horas de trabalho.

O presépio que nasceu de uma paixão antiga de Luís Reis, faz parte de um conjunto de mais de cinquenta que podem ser visitados um pouco por todo o concelho do Cartaxo.

A Câmara Municipal integrou esta Mostra de Presépios que se estende por todo o território, no programa Viver o Natal, tendo criado um folheto com o local onde podem ser visitados e um desafio dedicado aos mais pequenos – um passaporte que, quando reunidos os carimbos certos, dá direito a um prémio simbólico, mas que ficará para sempre, uma fotografia de Natal.

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