A gruta da Avecasta, em Ferreira do Zêzere, está a ser alvo de uma nova campanha arqueológica, liderada por uma equipa de investigadores e estudantes e que já resultou em várias descobertas de material artesanal, revelou o município.
Em declarações à Lusa, José Mateus, arqueólogo e um dos responsáveis pelas escavações, explicou que a campanha visa aprofundar a investigação nos níveis medievais da gruta e expandir as descobertas anteriores.
“A escavação arqueológica decorre há muitos anos, esta é a quarta fase da escavação. A campanha deste ano é uma campanha pequena, com uma equipa pequena, e é muito virada para a escavação dos níveis medievais. O objectivo principal é terminar os níveis medievais, nos pequenos sectores que estão a ser intervencionados”, disse o arqueólogo.
Segundo José Mateus, a campanha actual “está a confirmar aquilo que já tinha aparecido em 2022”, com a descoberta de estruturas de fundição e “de forjas muito bem conservadas”, além de vestígios que “revelam uma fase mais artesanal da gruta”.
A equipa, composta por cinco arqueólogos e quatro estudantes de diferentes áreas, tem utilizado novas tecnologias, com recurso a laser, para uma análise mais precisa dos vestígios encontrados.
“Esta gruta está muito bem preservada e nós estamos a utilizar muito as novas tecnologias para facilitar o nosso trabalho e realizar uma análise rigorosa destes vestígios”, contou.
Para além das escavações, a campanha está a preparar o terreno para futuras intervenções nos níveis romanos da gruta, datados do século III d.C.
“No próximo ano, esperamos avançar para os níveis romanos, que estão próximos da área actual de escavação”, adiantou o arqueólogo, revelando ainda que está também a ser equacionada a criação de um museu de sítio, na gruta da Avecasta, com o objectivo de preservar e expor os vestígios arqueológicos descobertos ao longo dos últimos anos.
O museu, disse José Mateus, “tem muito potencial”, embora a ideia enfrente desafios logísticos.
“Há muito potencial para construir um museu, a única dificuldade é a infraestrutura logística. O mais interessante do museu é o próprio local, porque a gruta é um monumento arqueológico, único em Portugal e talvez no mundo. E o museu vai ser difícil de montar, tem que ser um projecto a pouco e pouco”, reconheceu.
A campanha arqueológica está a decorrer desde domingo e deverá prolongar-se por uma semana.