Os comerciantes do Mercado Municipal de Santarém estão descontentes com o projecto de reabilitação do edifício e esta segunda-feira foram à reunião de câmara contestar a forma como a autarquia tem conduzido o processo.

Falta de informação acerca dos valores que terão de pagar pelos espaços, redução das novas lojas destinadas a cada comerciante e ausência de condições do antigo pavilhão do artesanato do Campo Infante da Câmara, para onde está prevista a transferência temporária do mercado enquanto decorrerem as obras, foram as principais reclamações ouvidas pelo executivo autárquico.

Nas várias intervenções efectuadas, os lojistas colocaram ainda questões relacionadas com a forma como irão receber os novos espaços, após a conclusão das obras.

António Bento deu voz ao descontentamento generalizado das cerca de duas dezenas de comerciantes presentes esta segunda-feira na reunião de executivo: “queremos que nos digam o que se está a passar e qual vai ser a nossa posição no futuro”, atirou.

Segundo este comerciante, que ocupa duas lojas no mercado há mais de 40 anos, as reuniões que têm existido, nomeadamente com o vereador com o pelouro, Jorge Rodrigues, têm sido pouco esclarecedoras.

Em particular, António Bento deixou críticas à falta de condições do antigo pavilhão do artesanato do Campo da Feira, local que receberá a transferência temporária do mercado enquanto decorrerem as obras, que deverão demorar cerca de um ano.

“E depois das obras? Quem lá está terá as mesmas condições?”, questionou.

Estela Lázaro, que tem uma loja de decoração há 19 anos no edifício, diz que gastou mais de 40 mil euros em obras, nomeadamente em climatização, na escadaria e em janelas, para ter as mínimas condições e agora sente-se injustiçada perante a iminência de ficar sem aquela loja.

“Para além das obras, tive de pagar o trespasse e agora, foi-me dito que, depois das obras, as lojas vão a sorteio. Não acho bem”, disse, afirmando que equaciona colocar uma providência cautelar para embargar a obra caso não sejam equacionados os interesses dos comerciantes.

“Ninguém foi convidado a discutir o projecto”, lamentou, concluindo: “a Câmara tem obrigação de respeitar as pessoas”.

Na resposta aos comerciantes, o vereador Jorge Rodrigues e o presidente da autarquia, Ricardo Gonçalves, defenderam que todo o projecto está pensado para dar uma nova vida à cidade, sendo que haverá mudanças que terão de ser introduzidas para “o bem de todos”.

“O Mercado está pensado para juntar tradição e modernidade”, garantiu.

“Não podemos investir 2 milhões de euros para ficar tudo na mesma”, disse o autarca, prometendo analisar “caso a caso”.

Recorde-se que esta requalificação prevista para o Mercado Municipal visa associar a gastronomia à promoção turística e à valorização da produção local, temas que estão presentes no projecto de Paulo Durão.

O valor base da empreitada é de 1,8 milhões de euros, acrescido de IVA, e propõe-se, além da “reabilitação profunda” necessária para a conservação e modernização do edifício, “repensar do modo de funcionamento do mercado”.

Assim, a proposta passa pela opção de demolir toda a Praça do Mercado, criando um novo plano em pedra horizontal, onde, nos eixos que constroem as entradas do mercado se dispõem novos módulos do mercado diário, criando “duas ruas” que partem a grande praça em quatro praças menores.

Assim, a grande praça, envolvida pelas lojas da cintura periférica existente é “subdividida em quatro pequenas praças, definidas pela introdução e disposição de novos módulos de mercado diário”.

O centro do futuro mercado será uma “área em forma de cruz”, com 36 bancas destinadas ao mercado diário, que terão em seu redor quatro praças, uma delas destinada a instalar o posto de turismo e as outras destinadas a restauração.

As lojas exteriores também serão recuperadas para a instalação de actividades comerciais diversas, desde artesanato a gelataria, passando por florista, vinhos e loja de conveniência, entre outros.

O edifício do Mercado Municipal de Santarém é património cultural do Concelho de Santarém e encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, localiza-se na no interior do centro histórico de Santarém, fora do antigo perímetro muralhado, envolvendo-se nas Ruas Dr. Jaime Figueiredo, Avenida Cidade da Covilhã e Rua José Saramago.

Foi projectado pelo arquitecto Cassiano Branco (1897-1970), em 1927/8, e construído em 1930 pelo construtor Alcino César. Uma placa existente junto à porta principal do edifício indica que a sua construção teve início em Março de 1930 e conclusão em 5 de Outubro do mesmo ano.

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