Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa de férias, descontracção, e momentos inesquecíveis. Contudo, para muitos animais de companhia em Portugal, esta estação torna-se sinónimo de abandono, solidão e sofrimento. O fenómeno do abandono de animais de companhia durante os meses mais quentes é uma realidade preocupante que coloca em risco a vida e o bem-estar de milhares de animais todos os anos.

Em Portugal, mais de metade dos lares tem, pelo menos, um animal de estimação e têm sido criadas medidas para promover os direitos e bem-estar quer dos animais quer dos donos. Mas, a par disso, e em sentido inverso, tem aumentado o número de animais abandonados: estima-se que, no país, mais de 40 mil animais de companhia sejam deixados à sua sorte todos os anos. O abandono piorou com a pandemia, com a crise e a chegada do Verão não ajuda.

Os animais que chegam aos abrigos são recolhidos em várias circunstâncias: podem ter sido abandonados na rua, na auto-estrada, ou podem ser de particulares que não conseguem ficar com o animal por algum motivo.

Só no ano passado, os canis, agora conhecidos como centros de recolha oficiais, foram buscar à rua quase 42 mil animais de companhia. São uma média de 115 animais por dia. Há centros que estão há anos no limite da capacidade.

As associações apelam, por isso, ao combate do abandono de animais e há pequenos passos que podem ajudar, como por exemplo, esterilizar os animais e sensibilizar a população para este flagelo.

Um problema que persiste

Os motivos para esse abandono variam, mas as razões mais comuns incluem as férias dos donos, mudanças de circunstâncias ou até mesmo a inconsequente procriação descontrolada. Infelizmente, esses animais indefesos são vítimas da irresponsabilidade e falta de compaixão humana.

Consequências cruéis

As consequências do abandono de animais de companhia são devastadoras. Sem abrigo e sem alimento, esses animais enfrentam inúmeros perigos, como doenças, atropelamentos e ataques de outros animais. Além disso, muitos deles são incapazes de sobreviver sozinhos, especialmente aqueles que foram criados em ambientes domésticos, tornando o abandono uma sentença de morte iminente.

Os abrigos e associações de protecção animal veem-se inundados com uma quantidade crescente de animais abandonados, sobrecarregando os seus recursos e limitando as suas capacidades de cuidar adequadamente de cada um.

O apelo da adopção responsável

Perante esta realidade, é imperativo que a sociedade responda com compaixão e responsabilidade. A adopção responsável é a chave para reduzir o número de animais abandonados e para lhes oferecer uma vida digna e cheia de amor.

Antes de trazer um animal de companhia para casa, é crucial que os potenciais tutores ponderem seriamente acerca da responsabilidade envolvida. Ter um animal implica compromisso a longo prazo, cuidados regulares, gastos com alimentação, veterinário e, acima de tudo, amor incondicional.

O abandono de animais de companhia durante os meses de verão é um problema sério que exige acção imediata e cooperação entre a sociedade, organizações de protecção animal e o governo. Somente com esforços conjuntos e uma mudança de mentalidade poderemos garantir que esses seres indefesos recebam o cuidado e o respeito que merecem.

O Verão não pode ser uma estação de sofrimento para os animais de companhia em Portugal; deve ser um período de amor, protecção e felicidade para os nossos amigos de quatro patas.

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