Numa cidade com uma forte tradição desportiva no basquetebol nasceu, a 12 de Agosto de 1998, um clube com o objectivo de garantir a continuidade da modalidade e o acesso dos mais novos a esta. 

Fundado por um grupo de pais, o Santarém Basket Clube tem contribuído para a manutenção do legado do basquetebol na cidade, através dos mais de 50 títulos conquistados ao longo das décadas e que vão desde títulos nacionais de seniores, até títulos distritais, nas mais diversas categorias de formação. 

Com uma média de 200 atletas em cada época, o clube faz da formação o seu pilar, abrindo as suas portas a todos aqueles que queiram praticar este desporto, não olhando para crenças religiosas ou políticas. 

Uma aposta que tem mostrado resultados positivos, como é exemplo a época 2024/2025, a melhor dos últimos 20 anos do clube. 

“É um trabalho que não se vê e que não tem fim”, afirma José Daniel Oliveira, actual presidente do Santarém Basket Clube e que nos mostra as instalações do clube, localizadas no Pavilhão Desportivo Municipal de Santarém, constituídas por três salas e onde se encontra o espólio do clube, desde equipamentos, até aos títulos e troféus conquistados.  

“Aquilo que ambicionamos é uma sede, à semelhança do que outros clubes da cidade já têm. Já reforçamos esse pedido e esperamos que um dia destes sejamos bem-sucedidos”, revela o presidente que foi um dos pais responsáveis pela fundação do clube. 

“Nunca joguei basquetebol, mas o bichinho da modalidade ficou cá”, refere. 

No âmbito dos 27 anos do Santarém Basket Clube, o Correio do Ribatejo conversou com José Daniel Oliveira, sobre o legado, o presente e o futuro do clube.

Qual o balanço destes 27 anos de história do Santarém Basket Clube?

O balanço é extremamente positivo. Santarém tem basquetebol há muitas décadas. Desde os Caixeiros, Académica de Santarém, União de Santarém, Portugal Telecom, que era um clube pertencente a uma empresa e finalmente o Santarém Basket Clube que nasceu há 27 anos, precisamente. A partir daí, o clube agarrou a modalidade até aos nossos dias e com muitos sucessos. 

Desde logo no início, com títulos nacionais, como mostram as taças dos Campeonatos Nacionais de Séniores e também um título nacional de sub-19. Só nos escalões que dão acesso aos Campeonatos Nacionais temos 50 Campeonatos Distritais. Depois, temos outros títulos regionais e distritais, das equipas Sub-12 e que são bastantes. 

Pela primeira vez, a Federação Portuguesa de Basquetebol resolveu fazer um ranking nacional de clubes, referente às últimas três épocas de actividade e, nesse sentido, o Santarém Basket, no género feminino, ficou em 12.º lugar em 84 clubes nacionais. No masculino, estamos também bem posicionados, em 23.º, a par do Rio Maior Basket, num ranking de 85 clubes. Não tenho os números das outras modalidades, mas arrisco-me a dizer que o Santarém Basket Clube está no topo da classificação no que diz respeito a classificações nos Campeonatos Nacionais de Formação. 

Como foi a adesão dos escalabitanos aos primeiros anos do clube? Actualmente, sentem essa adesão mais reforçada?

A noção que temos é que a cidade nos apoia. A cidade e o próprio concelho, porque os nossos atletas não são só provenientes da cidade, são também de vários pontos do concelho e até de outros, como Almeirim, Alpiarça, ou Cartaxo.

O basquetebol não é uma coisa estranha para os escalabitanos, está enraizado nos hábitos da prática desportiva na cidade, os números assim o dizem. Desde a origem do Santarém Basket, mantivemos sempre a média de 100 atletas. Houve uma pequena quebra entre 84 e 87, mas recuperámos a média superior aos 100 até aos finais da segunda década e agora, no pós-pandemia, mantemos já uma média acima dos 200 atletas por época.

Quais foram as épocas desportivas mais marcantes para o clube?

Desde que o clube nasceu, foram as épocas em que obtivemos os títulos nacionais das equipas séniores. Foram épocas que tiveram como base a formação que já existia, antes da criação do clube, mas houve essa continuidade com o título nacional de formação e depois, em consequência disso, os títulos nacionais em 2000, 2001 até 2003. Numa fase posterior, em paralelo com os títulos nacionais, também tivemos bastantes títulos distritais. 

Houve oscilações, mais ou menos títulos, mas nunca tivemos uma época sem ter um título distrital. Recentemente, temos tido conquistas muito importantes e destacamos a época que acabou, em que tivemos quatro títulos distritais mais dois títulos regionais de sub-12. 

Nos campeonatos nacionais, o Santarém Basket chegou longe no feminino. Na equipa sub-18 raparigas, chegámos à final four da taça nacional e ficámos em terceiro lugar. No campeonato nacional sub-16 raparigas, conseguimos um sexto lugar nacional. Por dois pontos, não participámos no final four nacional sub-16. Foi a melhor época dos últimos 20 anos.

Quais foram os segredos, as estratégias para esta época tão bem conseguida? 

A estratégia nesta época não foi nenhuma. Isto é um trabalho contínuo. É o resultado de muitos anos de trabalho e de toda a envolvência do clube, entre os atletas, os treinadores, os pais e as direcções. Todo o universo do clube contribuiu para estes resultados. 

Na época seguinte, teremos outros grupos que vêm de trás e assim, sucessivamente, vão continuando este trabalho que culmina nos títulos alcançados. 

Como estão a preparar esta próxima época que se avizinha? Acham que pode igualar ou superar a época anterior?

É sempre uma grande responsabilidade ter um ano como este em que obtivemos estes títulos. A expectativa é continuar a chegar a eles. É sempre esse o objectivo. 

A formação é um dos pilares do clube. Que estratégias pretendem aplicar e melhorar no processo de formação?

Melhorar é sempre pela qualidade do trabalho em campo, no trabalho nos treinos. Procuramos sempre, de há uns anos para cá, aumentar a qualidade das equipas técnicas a partir do mini-basket.

Deixámos de ter o atleta mais velho ou um treinador que acabou de fazer um curso de grau 1 a treinar o mini-basket. Procuramos ter ali, a par do que temos nos outros escalões, muita qualidade. Para que esses escalões cresçam com boas práticas, bons fundamentos, para continuar nos escalões seguintes.

E esse trabalho está a dar resultados. O resultado deste ano já é fruto também desse trabalho. 

Alguns jogadores já tiveram a oportunidade de representar a selecção portuguesa de basquetebol, em diferentes escalões. Acredita que o clube se pode consolidar como uma montra para saltos maiores?

Ao longo destes anos temos tido bastantes atletas chamados às selecções nacionais e outros que, por consequência disso, também são convidados para irem para outros clubes de exposição mediática superior. Temos uma atleta a participar na selecção nacional sub-16, que parte esta semana para outro clube.

Saltos maiores é sempre com o objectivo de chegar mais longe, de conseguir mais e melhor. A questão é que os atletas terminam o seu percurso na formação aos 17 anos, seguem depois para o ensino superior e a maioria deles vai para fora. Portanto, não há continuidade desses atletas em Santarém, de forma que possamos ter equipas séniores, sustentadas pela prata da casa. 

No ano passado, conseguimos ter uma equipa sénior feminina, com o mérito de terem sido as próprias atletas a sugerirem ao clube a constituição de uma equipa. Nós aderimos, mediante algumas condições de compromisso e fidelização e concluímos uma época com a equipa sénior feminina. Este ano, na época que se segue, vamos tentar novamente ter uma equipa. 

O clube não tem estrutura para investir neste tipo de equipas, quer masculinas, quer femininas, para outros patamares mais altos. Não retiramos recursos à formação para investir a esse nível. 

É um objectivo do clube, no futuro, ter equipas séniores regulares?

Havendo parceiros, havendo patrocinadores, é sempre um objectivo. Não nos assusta nada. Nós já conhecemos o processo da constituição de equipas séniores. O problema não é esse, o problema é ter parceiros, o problema é encontrar patrocinadores para ter essas equipas. 

No decorrer do seu percurso no clube, quando é que a sua história se cruza com a história do Santarém Basket?

Eu caí, entre aspas, no basquetebol porque o meu filho era um dos atletas que praticava a modalidade antes da formação do clube. 

Após a descontinuidade do basquetebol em Santarém fui um dos pais que se juntou ao grupo que formou o Santarém Basket. 

Não sou um sócio fundador, mas sou uma pessoa que estava cá na altura e que, juntamente com os outros pais da equipa masculina, juntámo-nos ao grupo fundador, que eram os pais das equipas femininas sub-16 que, em conjunto com os técnicos na altura, criaram, a 12 de Agosto de 1998, o Santarém Basket. 

Desde o primeiro dia que comecei a ajudar. Participei logo num mandato ou dois de direcção e continuei como pai, a colaborar como recepcionista. Após isso, fui ficando, fui ajudando, porque o bichinho ficou cá. Nunca joguei basquetebol, mas o bichinho da modalidade ficou cá.

Quais foram, até agora, os momentos mais marcantes para si, enquanto presidente e membro do clube? 

Não é fácil. Nós vivemos as épocas sempre com muita intensidade, mas posso dizer que foi muito marcante o 25.º aniversário do clube. Foi uma etapa marcada pelas dificuldades que sempre houve, todos os anos, em constituir direcções e ter grupos de trabalho. 

Olhando só para a parte positiva é sempre uma alegria ver o mini-basket a treinar, porque é aí que tudo nasce. Há momentos de um simples dia de trabalho no mini-basket que para mim são tão compensadores como um dia em que ganhamos uma final distrital ou participamos num evento nacional. Tudo é marcante, porque uma coisa não acontece sem a outra.

O que é que significa para si ser presidente deste clube?

Muito trabalho. O presidente deste clube não é aquela figura formal que está nas cerimónias oficiais. O presidente aqui é a pessoa que faz tudo a par dos restantes membros da direcção. Claro que temos algumas funções específicas. No meu caso, as funções de representação estão sempre à cabeça. Mas não é por isso que deixo de fazer tudo o que todos fazem. Cabe a mim e é da minha responsabilidade passar o testemunho de toda a experiência adquirida ao longo dos anos.

Nos próximos 27 anos em que patamar o clube se gostaria de encontrar?

Nos próximos 27 anos e ano após ano é continuar a crescer. 

Uma ambição que temos é que nos seja atribuído um pavilhão, onde possamos ser nós próprios a organizar espaços de treino e a realizar a marcação dos nossos jogos. Tem sido sempre muito difícil a marcação dos jogos porque há uma partilha com os outros clubes e modalidades da cidade. 

Não nos assusta absolutamente nada gerir e ter um pavilhão à nossa responsabilidade, onde possamos abrir e fechar a porta e já não termos problemas em reunir a qualquer hora do dia, da noite, ou nas férias. 

Que mensagem gostaria de deixar aos atletas, equipa técnica, pais e adeptos?

A mensagem que quero deixar é que olhem sempre para o trabalho que é feito no clube a todos os níveis. Desde o trabalho técnico, pedagógico, até ao trabalho da estrutura do clube, da organização e criação de todas as condições para que os pais e encarregados de educação possam colocar os filhos e os educandos na actividade desportiva. 

Acarinhem o Santarém Basket, ajudem o clube e, acima de tudo, mantenham o compromisso para com ele. 

Este clube tem um grande futuro e é essa a responsabilidade de todos.

RP

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Leia também...

Atletas da Casa do Benfica em Santarém participam na 5ª Prova da Taça da Associação Regional de Tiro do Sul 

A 5ª Prova da Taça da Associação Regional de Tiro do Sul…

União de Santarém vence Alverca em jogo emotivo (C/FOTOS)

A União Desportiva de Santarém Sad venceu esta tarde o FC Alverca,…

Amiense cai em Almeirim, Coruchense assume liderança e União de Santarém empata no Cartaxo

O Campeonato Distrital da 1ª Divisão da Associação de Futebol de Santarém…

Câmara de Santarém adquire terrenos para futura instalação da ‘Cidade Desportiva’

A Câmara Municipal de Santarém efectuou hoje a escritura de compra de,…