O Conservatório de Música de Santarém completou 38 anos de existência e aproveitou a efeméride para homenagear Beatriz Martinho, um nome

desde sempre ligado à instituição. Beatriz Martinho, agora na Assembleia Geral, lembra o ano de 1985, no qual foi convidada a fazer parte da constituição da cooperativa e não esquece todo o trabalho desenvolvido durante quase quatro décadas: “Esta homenagem é de um grupo de amigos que me quer dizer de novo que realmente é meu amigo, que estão comigo nos projectos onde eu quererei colaborar para aumentar ainda mais o prestígio do Conservatório em conjunto com a nova direcção que eu abraço também. Vou sentir-me muito feliz”, disse ao ‘Correio do Ribatejo’.

Como e quando iniciou o seu percurso no Conservatório de Música de Santarém?

Em 1985, quando fui convidada para fazer parte da constituição desta cooperativa, o Conservatório é uma cooperativa. Aceitei com muita alegria e muito entusiasmo. Depois integrei logo a primeira direcção, passado uns anos através de votações ingressei no cargo de presidente da direcção onde estive estes anos todos até Julho do ano passado.

Decidi sair ao fim de 37 anos e integrar a mesa da assembleia geral. A equipa que está agora na direcção é uma equipa de continuidade do trabalho onde depositamos todos muita confiança e isso torna-me muito feliz.

O trabalho no conservatório é muito aliciante, abraça muito amor, decisões, criatividade, muitos projectos. Foi isso que se viveu ao longo destes anos e de certeza que se vai continuar a viver, não tenho quaisquer dúvidas.

Que memórias guarda do tempo em que esteve na direcção?

Integro a direcção desde o início, desde que se formou a cooperativo. Sempre trabalhei de forma muito disponível, com uma entrega total não olhei a fins de semana, nem a feriados, quando era necessário acompanhar os professores e alunos. Entendi que a minha missão é estar junto deles. Graças também à disponibilidade do meu marido, dos meus filhos e dos meus netos. Foi um trabalho que resultou nesta obra. Uma obra que dá prestígio à cidade de Santarém. Não é só da nossa cidade, é do distrito, é de Portugal e já nos mostrámos além-fronteiras. É um conservatório prestigiado a todos os níveis.

É uma escola que se emprenhou a ter um corpo pedagógico e uma gestão qualificada para resultar em algo que hoje todos vêm. Dá-me uma alegria e emoção ao falar dela, mas eu continuo cá, só quis mudar de espaço em corpo social onde estava. Estou agora na mesa da assembleia e não me podia desassociar. Eu faço parte do conservatório. Seria muito difícil, é como uma mãe desassociar- se de um filho. É impossível.

Como vê a evolução que o conservatório tem tido?

Primeiro tivemos as nossas instalações no centro cultural, a câmara pagava o aluguer, e funcionava da mesma maneira. Era um espaço reduzido e só podíamos ter cem alunos.

O nosso grande objectivo era abranger a dança e o maior número de instrumentos para que os alunos que nos procurassem tivessem oportunidade de escolherem aquele que eles amavam e queriam abraçar para o resto da sua vida. Essa foi a primeira fase e depois a câmara disse-nos que iriamos ter um espaço próprio. Um espaço que foi adaptado para ser um conservatório, por um arquitecto da Câmara Municipal de Santarém porque o Conservatório não tinha verbas para fazer aquilo que desejávamos desde o princípio. Nunca desistimos, o nosso objectivo era termos 400 ou 500 alunos, como hoje temos. A nossa determinação manteve-se e conseguimos.

Qual é a importância do conservatório para a cidade?

O Conservatório é uma instituição que dá prestígio à cidade e eu acredito que a comunidade de Santarém sinta isso. É com esse objectivo que todos nós trabalhámos o engrandecimento desta grande obra e dá a oportunidade a todos aqueles que desejem música de a terem, de nos procurarem e ter acesso ao estudo da música. Muitas vezes são adultos que tornam real os seus sonhos de crianças, outros seguindo este rumo desde crianças e tornando-se pessoas culturalmente muito mais ricas. Abraçam aquilo que desejam, a música e a dança.

Qual é o balanço que faz destes 38 anos?

Um balanço positivo, claro. Muitos êxitos, muitos passos em frente se deram, muito trabalho de grande qualidade a todos os níveis. Não só a nível pedagógico e temos os frutos que temos através dos nossos alunos, muitos concluíram o curso superior no estrangeiro e hoje alguns deles já são professores no nosso conservatório. Outros que ganharam prémios a nível internacional, tantos concertos que temos feito em Santarém, fora de Santarém e fora de Portugal. Vêm referir que o Conservatório é uma escola muito digna e que sempre foi crescendo. Isto não quer dizer que não tenha havido períodos que foram um pouco dolorosos, mas que conseguimos ultrapassar com a verdade, entusiasmo, dinamismo e positivismo. Foram poucos momentos desses, mas é quase impossível em 37 anos não haver nada que tornem momentos um pouco infelizes. O amor ao Conservatório é que interessa.

Qual é a importância da música e da dança na sua vida?

Na minha vida é imensa. Sou professora de educação especial, mas vivo sempre no meio de música. A minha avó materna foi professora no conservatório nacional e os meus pais sempre gostaram de música. O meu pai cantava muito bem, o meu avô materno cantava lindamente e os meus pais habituavam-nos muito a cantar desde pequenos, em conjunto e individualmente. Eu desde pequena que assistia a espectáculos de ópera em Lisboa, onde ia sempre com os meus avôs. Eu não conseguia viver sem música, sem arte, sem a dança também, que adoro.

Tento transmitir isso aos meus três filhos e aos meus nove netos, que todos aprenderam um instrumento. Quem ama a cultura tem uma vida altamente preenchida, rica e pode oferecer aos outros essa alegria, que nos é transmitida através da arte.

Que planos têm para o futuro?

São muitos. Continuar com esta vida activa, de trabalhar e dar a minha ajuda sempre ao Conservatório. Faço parte da mesa da assembleia e é um orgulho, algo muito importante na vida do Conservatório. Além disso também faço parte do sindicado dos professores de Lisboa, da mesa da Santa Casa da Misericórdia, da mesa da assembleia do Centro Cultural e estou muito disponível para o que me peçam. Para muita coisa que me peçam, para escrever, falar diversos assuntos no que diz respeito à minha formação profissional, que é a educação especial e também da arte. Eu não quero largar o conservatório, faz parte de mim própria e terei sempre muito que fazer nesta casa.

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