Paula Borrego é administradora da Borrego & Leonor SA, uma empresa já com mais de meio século de actividade no sector agrícola.

Nesta breve entrevista ao Correio do Ribatejo a responsável refere que a mudança da Agroglobal para o Centro Nacional de Exposições “veio trazer melhores condições e acessibilidades, mas perdeu o charme de estarmos realmente no meio de parcelas agrícolas em plena actividade”.

Salienta ainda que “o maior desafio” que se levanta nos nossos dias “é a questão regulatória e exigências ambientais a que o sector está sujeito”. Enquanto um dos grandes problemas globais que se verificam hoje na Europa é a “proibição de utilização de fitofarmacêuticos que continuam a ser utilizados no resto do mundo”.

Como vê a evolução da Agroglobal ao longo destas dez edições?

É o certame mais importante para a agricultura profissional em Portugal, tendo ganhado visibilidade nacional e internacional ao longo destas edições. A mudança para o CNEMA veio trazer melhores condições e acessibilidades, mas perdeu o charme de estarmos realmente no meio de parcelas agrícolas em plena actividade.  

Defende uma agricultura amiga do ambiente. É um aspecto diferenciador relativamente a outras empresas?

Claramente. É uma exigência actual dos consumidores e dos legisladores a nível comunitário. Salientamo-nos pela postura de acordo com as melhores práticas agrícolas de forma a defender os solos, as culturas, os produtores e o ambiente. A comprovar, verificamos um aumento de vendas e ofertas de produtos no nosso portefólio de soluções biológicas.

A Borrego & Leonor sempre se distinguiu pela sua capacidade de resposta imediata às solicitações dos seus clientes. Deve-se ao know-how adquirido em mais de meio século de actividade no terreno?

Foi sempre uma característica da empresa a disponibilidade de grande gama de produtos, apoio técnico e a sua capacidade de logística. Actualmente cerca de 25 por cento dos nossos colaboradores estão alocados à logística, tendo realizado recentemente forte investimento na aquisição de novos armazéns e veículos de diversos tipos para apoio do mercado do Ribatejo, o nosso mercado primordial.

Esta capacidade alicerçada com o apoio da nossa equipa técnico-comercial permitiu-nos chegar a líderes de mercado.

Em 2023, a sua empresa expandiu-se para o Alentejo com a criação da Borrego Leonor Alentejo Lda. Foi uma aposta ganha?

O mercado Alentejano está em forte crescimento e é claramente uma aposta de futuro, daí a nossa presença e reforço que efectuámos este ano para melhorar a penetração e serviços prestados. 

Quais são os maiores desafios que hoje se levantam a empresas como a Borrego & Leonor?

O maior desafio é a questão regulatória e exigências ambientais a que o sector está sujeito, nomeadamente com a diminuição de substâncias activas disponíveis que sucessivamente se têm verificado, o que levou nomeadamente às manifestações do ano passado a nível europeu. A forma de fazer agricultura vai mudar e, portanto, vai ter de existir uma grande adaptação por parte de todo o sector às novas e poucas soluções que irão surgir no mercado.

Quais são, em seu entender, os grandes problemas globais que se verificam hoje ao nível da agricultura em Portugal e no Mundo?

O grande problema de Portugal e da Europa é a proibição de utilização de fitofarmacêuticos que continuam a ser utilizados no resto do mundo, de onde depois importamos os produtos agrícolas a baixo preço e tratados com produtos não autorizados na Europa. A situação é tão dramática que já existem problemas que afectam culturas para os quais não existem soluções autorizadas, ou em número reduzido o que provocará o aumento de resistências. Esta insegurança regulatória leva a que grandes empresas multinacionais fitofarmacêuticas não estejam a desenvolver novas soluções para o mercado Europeu, dado o sério risco de perder todo o investimento com custos exorbitantes envolvidos. 

No resto do Mundo, prevê-se falta de solo e água para toda a população que se prevê, mas não estão sujeitos às regras que temos, o que lhes permite ter mais soluções (nomeadamente, por exemplo, utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM)).

Leia também...

“Queremos deixar uma semente artística nas novas gerações”

Fundada por um grupo de amigos recém-formados em cinema documental, a associação Waves Of Youth tem vindo a afirmar-se como uma plataforma de criação…

“Nós, professores, temos de utilizar as tecnologias, em prol do desenvolvimento e das capacidades dos alunos”

Luís Estudante, é um músico profissional, de 28 anos de idade, que está integrado na Banda de Música da Força Aérea Portuguesa. O jovem,…

“A fotografia tem sido uma verdadeira lição de amor”

Arlindo Homem é fotojornalista na área do desporto, trabalhando, entre outros meios, na agência noticiosa católica Ecclesia. Natural de Vila Nova da Barquinha, foi…

Tasquinhas do Alviela: Gastronomia na terra

A 15ª edição das “Tasquinhas do Alviela” está de volta de dia 28 a 30 de junho, no Jardim de São Vicente, em S.…