O Vitória Clube de Santarém comemora, no dia 11 de agosto, os primeiros 20 anos desde a sua fundação oficial, e 30 desde a origem oficiosa, quando foi projetado por um grupo de crianças do bairro do Alto do Bexiga, em 1995.

Num ano histórico para aquela que é, atualmente, uma das maiores e mais reconhecidas instituições desportivas de Santarém, o emblemático presidente da Direção, António Pardelhas, analisa o percurso ascendente do clube e os sonhos a concretizar.

Em 2025, cumprem-se 20 anos desde a fundação oficial do VCS. Como é que o clube tem planeado comemorar este ano histórico?

Para abrilhantar as comemorações, iremos promover uma grande gala no próximo dia 6 de setembro, onde queremos juntar centenas de vitorianos para conviver e recordar grandes momentos destas primeiras décadas de atividade. Antes, durante o dia, organizaremos diversos jogos de “Legends”, juntando dentro da quadra de futsal os atletas da atualidade e muitas antigas glórias que marcaram a história do clube ao longo dos anos. 

Estamos convictos de que este cruzamento entre passado e presente constituirá um momento muito especial, carregado de mística, e que ficará para sempre na nossa memória coletiva. Porque este Vitória é fruto de todos.

Quais foram as maiores conquistas do clube nestas duas décadas?

Em termos desportivos, claro que não podemos esquecer os 73 títulos oficiais que já celebrámos e as centenas de outros troféus que guardamos na nossa sede, mas, sem dúvida, que a nossa maior conquista nestes 20 anos foi transformar o Vitória num clube com reconhecimento e notoriedade, e granjear o respeito e admiração dos nossos atletas, encarregados de educação, técnicos e demais agentes desportivos, que, dia após dia, nos incentivam a crescer e a levar a cabo a nossa missão.

Hoje, o troféu que mais nos orgulha é, sem dúvida, o facto de qualquer criança nas escolas do concelho conhecer e saber o que é o Vitória Clube de Santarém.

Em 2005, nos seus melhores sonhos, imaginava que o clube pudesse atingir o estatuto que detém atualmente?

Era inimaginável. Na altura, a criação do clube não pretendia mais do que dar resposta a meia dúzia de crianças do bairro do Alto do Bexiga que andavam há uma década a sonhar em ter um clube e a querer jogar oficialmente. Depois, foi tudo surgindo naturalmente, fruto do amor à camisola e de um sentimento genuíno de fazer crescer algo que nasceu de nós. Atualmente, é muito gratificante constatar o reconhecimento que o clube já atingiu a nível nacional.

Cumpriu-se a 20.ª época oficial do futsal do clube. Qual o balanço que efetua deste ano histórico?

O balanço é extremamente positivo. Nesta época, registámos o maior número de praticantes de futsal de sempre no clube, e no distrito [257 atletas federados], e, além dos vários títulos distritais, marcámos presença em seis competições nacionais. Como corolário, atingimos, pela primeira vez, a “final four” de uma Taça Nacional [Sub-19].

Tudo indica que, em 2025/26, o VCS terá três equipas a disputar campeonatos nacionais de futsal, faltando apenas a confirmação oficial da subida da equipa sénior masculina ao Nacional da 3ª Divisão. O clube está preparado para este nível de exigência?

É uma questão complexa. Por um lado, o VCS, pela dimensão, pela estrutura técnica e pelos dirigentes que tem, conseguiu ao longo destes vinte anos preparar-se e adquirir conhecimento e recursos que lhe permite disputar os principais campeonatos nacionais, assente em todo o trabalho desenvolvido nos escalões de formação.

Porém, as maiores dificuldades neste patamar encontram-se, sobretudo, ao nível do financiamento. A disputa dos nacionais envolve uma série de fatores muito mais exigentes, em termos de recursos humanos e materiais, com deslocações mais longas, outras necessidades em termos de alojamento e refeições, acompanhamento médico reforçado e uma apresentação mais cuidada, pois não só estamos a representar o clube, como também, orgulhosamente, a nossa cidade.

Como é que o clube planeia recolher apoios?

Nunca é demais referir o apoio que o município e a união de freguesias nos dedicam para o desenvolvimento de cada época desportiva. Porém, como tudo indica, com três equipas de topo a disputar campeonatos nacionais, precisaremos, cada vez mais, do envolvimento e da confiança de muitos parceiros.

O Vitória não está habituado a obter facilmente o que quer que seja, pelo que temos de arregaçar as mangas e ir ao trabalho, efetuar mais eventos de angariação de fundos, cativar mais sócios, dar-nos a conhecer melhor ao tecido empresarial e sensibilizar um pouco mais as entidades oficiais para apoiar o trabalho do clube. 

Qual a importância para o clube e para a cidade de ter as duas equipas seniores nos nacionais de futsal?

Atualmente, o futsal é o desporto de pavilhão mais praticado em Portugal, e a sua qualidade tem evoluído de uma forma exponencial. Neste enquadramento, um concelho conseguir contar com duas equipas seniores a disputar campeonatos nacionais da modalidade é um excelente indicador da qualidade do trabalho que aqui se desenvolve, acima de tudo se atendermos ao facto de o VCS se manter fiel à sua missão e identidade: compor quase exclusivamente as suas equipas seniores com atletas oriundos das camadas jovens do clube.

Que esta representação possa atrair mais adeptos para a modalidade e originar um maior envolvimento dos cidadãos, com todos os benefícios decorrentes ao nível da prática desportiva, da saúde e da economia local e regional.

A vertente feminina é, desde 2007, um dos grandes baluartes do clube, que contará com juniores e seniores nos campeonatos nacionais. Como considera que tem sido a evolução do futsal feminino no clube e no distrito?

Falar do futsal feminino do VCS é enaltecer um conjunto de mulheres que vive o emblema como ninguém, e cuja importância vai para além das quatro linhas, sendo transversal a várias áreas do quotidiano do clube. Hoje, temos ainda atletas no ativo que iniciaram a carreira em 2007 e que, pela qualidade e pelo exemplo para as mais novas, são o pilar das excelentes equipas femininas que temos construído. 

Em termos de clube, tudo temos tentado fazer para dar as melhores condições para a evolução do futsal feminino, com a aposta em equipas técnicas qualificadas e com o esforço inerente à disputa de campeonatos inter-regionais e nacionais. 

É com orgulho que colocamos a praticar futsal meninas a partir dos 4 anos de idade, e, hoje, temos disponíveis alguns incentivos e vantagens ao nível das inscrições e mensalidades.

Quanto á evolução do futsal feminino no distrito, gostava de ter outra opinião, mas considero que não se tem feito tudo para que esta vertente conquiste novas equipas. Temos mulheres para isso; há que as trazer para a modalidade!

O VCS mantém há várias épocas a certificação de 4 estrelas pela FPF, sendo um dos únicos com esse estatuto no país, e está há largos anos no “Top 3” de clubes com mais atletas de futsal em Portugal. Sente que existe o devido reconhecimento da cidade por esse incrível estatuto? 

Não sei se por vezes existe a real noção do que é ter o nome de clube de Santarém em tamanho destaque na modalidade de pavilhão mais praticada em Portugal, entre as grandes instituições do desporto nacional.

A dupla certificação de 4 estrelas, em futsal feminino e masculino, é algo muito difícil de alcançar, pois é uma avaliação que traduz um trabalho de excelência a todos os níveis, desde a organização do clube, instalações, equipamentos, saúde, segurança, recursos técnicos, cidadania, educação, etc.

Já a presença sólida no “Top 3” de clubes com mais atletas, é um indicador fidedigno da confiança de atletas e encarregados de educação no trabalho que é realizado no clube.

Em suma, os elementos que compõem a família vitoriana reconhecem a obra desenvolvida, mas, para que o Vitória dê mais um salto no seu crescimento, é necessário um pouco mais de reconhecimento das entidades oficiais e do tecido empresarial do concelho de Santarém.

Além disso, o VCS organiza o maior torneio de futsal de formação do país.

Sim, o Vitória Futsal Cup Masters é, sem dúvida, uma das nossas joias da coroa, não só por ser reconhecido como o maior torneio de formação de futsal do país, como pelo prestígio que, desde 2015, tem junto de atletas e técnicos de todo o território nacional, cujo feedback, ano após ano, nos enche de orgulho e alento para fazer melhor. Hoje, temos clubes que organizam a sua época já em função do Masters.

De que é que o clube necessita neste momento para poder crescer ainda mais? As infraestruturas desportivas da cidade são suficientes para acompanhar esse crescimento?

O Vitória tem acompanhado, ano após ano, a grande evolução da prática do futsal no país. No entanto, atualmente, temos consciência de que a margem de crescimento já é diminuta, pois não existem mais espaços onde treinar. Neste sentido, é óbvio que necessitamos urgentemente de novas instalações, nomeadamente de novos pavilhões, que possibilitem esse crescimento e a criação de cada vez melhores condições para os nossos atletas.

A sede social do clube também tem sido um dos pilares para esse crescimento. Que projetos existem para este espaço?

O grande crescimento do clube aconteceu a partir do momento em que nos foi atribuída esta sede social. Trata-se da casa dos vitorianos, onde todos assiduamente se encontram para conviver e para praticar as modalidades que se encontram em atividade no espaço interior e exterior. 

Estamos convictos de que o município está a requalificar o espaço envolvente, nomeadamente a antiga escola de trânsito, para que os nossos jovens e seniores tenham condições de desfrutar de mais um espaço de lazer. Aliás, esse espaço já há anos foi cedido ao Vitória para que o pudesse finalmente dinamizar e alargar a sua oferta desportiva, mas, por razões que desconhecemos, o protocolo de cedência nunca foi consumado.

O ecletismo é também uma imagem de marca do VCS, que dinamiza também o xadrez, boxe, teqball, futmesa, jiu-jitsu, pilates e outras aulas de grupo, além de se encontrar filiado na Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal. Qual a importância destas modalidades para o clube? Existe algum novo projeto na calha?

O ecletismo no VCS aumentou, precisamente, aquando da atribuição da sede, que proporcionou o aparecimento de novas atividades e, consequentemente, o crescimento da base social do clube. Modalidades como o xadrez, o teqball/futemesa, jiu-jitsu ou aulas de grupo têm injetado uma enorme dinâmica no dia a dia do clube, sendo que não posso também deixar de realçar o meritório trabalho desenvolvido pela secção de boxe na projeção de um desporto que não existia no distrito a nível federado. Neste ponto, estou convicto de que as entidades oficiais tudo farão para melhorar as atuais condições de trabalho, com um precioso apoio na instalação de um ringue para treinos.

Paralelamente, iremos trabalhar também no sentido de revitalizar uma modalidade que tem registado muita procura: o badminton.

O clube faz questão de mencionar sempre com orgulho as suas origens de bairro. A responsabilidade social continua a ser uma das bandeiras do VCS?

Além de um grande orgulho, é algo que está sempre presente em tudo o que atingimos: nunca nos esquecemos das nossas origens e missão. O clube foi criado por jovens e a pensar nos jovens, não só para lhes proporcionar a prática desportiva, mas também para os ajudar a ser melhores cidadãos, e hoje contamos na nossa sede com um departamento pedagógico que lhes dá apoio nas mais diversas áreas. 

Em simultâneo, estamos sempre disponíveis para parcerias neste âmbito, como é o caso da que temos com o projeto Agir+, do Programa Escolhas.

Se dispusesse de três desejos, o que pediria para o VCS?

É uma pergunta muito fácil de responder, mas dificílima de concretizar. Em primeiro lugar, como é óbvio, pediria um pavilhão desportivo próprio. Em segundo, uma situação financeira confortável, para podermos trabalhar com tranquilidade e estabilidade, e ter todos os escalões de futsal e restantes modalidades ao mais alto nível. Por fim, desejava que todos os escalabitanos se orgulhassem do VCS.

O que falta conquistar ao clube?

Falta tudo! Mas, verdadeiramente, o que falta conquistar é o coração de cada uma das pessoas de Santarém, para que se juntem a nós e possamos continuar a trabalhar para ter na cidade um dos maiores clubes nacionais.

Em que patamar imagina o Vitória daqui a 20 anos?

Pela vivência que tenho do quotidiano do clube, não tenho dúvidas que as pessoas que por aqui passam ficam com uma marca indelével no coração, o que me leva a crer que o Vitória tem um futuro promissor. Acredito que, um dia, estaremos a disputar os principais campeonatos nacionais no nosso próprio pavilhão.

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