A Falua foi distinguida como “Empresa do Ano” na cerimónia anual de entrega dos prémios “Melhores do Ano 2020” pela revista Grandes Escolhas. A empresa, adquirida em 2017 pelo Grupo Francês Roullier, conta com um percurso de 25 anos no sector dos vinhos em Portugal, com uma forte afirmação nacional e em mais de 20 mercados externos. Com exportações a rondar os 65 por cento, o ano de 2020 foi marcante para a Falua, pela concretização de grandes desafios e projectos “que a equipa agarrou desde o primeiro momento”. Neste momento, a aposta passa por um reposicionamento mais arrojado e por uma estratégia de crescimento assente na qualificação dos colaborados e no estreitar de relações com parceiros e clientes, “os maiores embaixadores dos vinhos” da empresa. Antonina Barbosa directora-geral e Winemaker na Falua revela, ao Correio do Ribatejo, nesta entrevista, os ingredientes que fazem esta empresa crescer, em contracorrente.

A Falua foi distinguida como “Empresa do Ano” nos prémios “Melhores do Ano 2020”, organizados pela revista Grandes Escolhas. Como é que, neste ano tão atípico, se conseguem estes resultados?

Com empenho de todos. De uma equipa que está muito motivada a fazer muito e a fazer diferente. Quando, em 2020, iniciámos o ano, tínhamos um projecto muito ambicioso: e é óbvio que, quando chegámos a Março e tivemos esta reviravolta, foi complicado, mas, aquilo que decidimos entre nós é que faríamos na mesma. Queríamos fazer diferente. tivemos, admito, um papel mais difícil de encontrar outros caminhos para atingir aquilo que foi planeado. E eu acho que foi isso que fez toda a diferença. Temos tido uma consistência grande no reconhecimento do nosso trabalho que a nós nos deixa muito orgulhosos.

E, então, o que foi planeado?

Tínhamos planeado uma serie de lançamentos. Houve todo um reposicionamento das nossas marcas. Desde cedo, tínhamos o lançamento da nossa “Vinha do Convento”, o nosso vinho mais premium, lançado em Outubro de 2020 e isso foi planeado quase com um ano de antecedência. Mas, lançámos outras gamas como o Sommelier Edition branco 2019 que foi, logo em Março, quando tudo começou, onde juntamos um grupo de sommeliers. Mas focámos-mos também na nossa marca Falua, a qual este ano queremos projectar. Tratam-se de vinhos com a mesma origem, mas com uma identidade e carácter diferente. Mas, depois, o nosso papel foi muito além dos vinhos. Mudou muito a nossa estratégia de comunicação.

Que peso teve o grupo Roullier no crescimento da Falua?

Acima de tudo, foi o foco. Na fase anterior, pertencíamos a um grupo onde tínhamos um papel muito importante, mas não estávamos focados nas nossas marcas de uma forma tão directa. Este grupo entra a querer fazer da Falua uma empresa de referência a nível nacional. portanto, o foco muda radicalmente. Passámos a estar centrados a fazer marca, a comunicar, e a fazer nascer um projecto que queremos que seja uma referência em Portugal. E, para se conseguir estes objectivos, o nosso percurso tem que ser diferente. e essa aposta no marketing, na comunicação, em definirmos uma missão e uma estratégia de forma muito pormenorizada e direccionada fez com que tivéssemos os objectivos mais definidos e mais fáceis de atingir. E, para isso, houve uma aposta grande na equipa: em três anos, quase que duplicámos a equipa da Falua, em particular na área comercial que, neste momento, é fortíssima. Reforçamos também a área da viticultura. Estamos muito focados no terroir e, para isso, temos que apostar naquilo que temos de diferente, que é a Vinha do Convento. Portanto, temos que ter uma equipa de viticultura ao mais alto nível. Mas também ao nível da qualidade e da produção. Eu diria que este foco e esta aposta nas pessoas fez com que houvesse esta transição de resultados tão rápida porque as empresas são as pessoas e nós temos que ter a noção que aquilo que está a acontecer na Falua é o resultado do trabalho de uma grande equipa.

Quais são as maiores dificuldades que a situação de pandemia coloca aos produtores de vinho, em termos de vendas, mas também nas vertentes de comunicação e marketing?

Reinventámo-nos. Eu acho que houve aqui um grande esforço. Todo o canal Horeca (Hotelaria e Restauração) foi altamente afectado neste período de pandemia. O que fizemos, foi redireccionar e encontrar outros caminhos que nos permitissem alcançar os resultados e manter mercado. Virámos-mos para a exportação, onde Polónia e Inglaterra são os nossos principais mercados, para além da China, Estados Unidos, Alemanha, entre outros. Nesta situação de pandemia, o mais complexo foi a gestão das equipas e das pessoas. A Falua nunca fechou, em nenhum dos picos. Continuamos sempre a trabalhar, com regras muito apertadas.

Olhando para 2021, quais os planos para a Falua? Tem uma visão optimista para o futuro da empresa, em particular, e para os vinhos portugueses, em geral?

Eu penso que temos que ter essa visão optimista e positiva. Mas temos que encontrar caminhos novos e encontrar novas formas de estar no mercado. E serão as empresas que encontrarem esses caminhos alternativos, uma visão mais global do negócio, que terão maior sucesso.

Há algo ainda para descobrir no mundo dos vinhos?

Claro que sim. Aliás, como em todas as áreas. Nos tentamos fazer sempre diferente e as empresas destacam-se, precisamente, por isso. O acharmos que está tudo inventado e seguirmos os exemplos daquilo que está feito acaba por condicionar. Temos que ter essa abertura de estarmos sempre abertos à mudança.

Reconhecendo o rico portefólio da Falua, se lhe pedisse apenas um único vinho, que personificasse o espírito da casa, enquanto produtora de vinhos, qual seria, e porquê?

A ‘Vinha do Convento’ personifica o espírito da casa. que é tentar alcançar sempre a perfeição. Independentemente da área na qual as pessoas desta casa estão a trabalhar, na adega, na vinha, na linha de engarrafamento, tentamos sempre fazer da melhor forma e ao pormenor. Eu diria que este é um vinho de pormenor, um vinho onde fomos buscar o melhor, onde acreditamos que vamos buscar o que melhor representa o nosso espírito, o que somos e o que queremos ser daqui para a frente.

Como é que percepciona as novas formas de comunicação, nomeadamente o crescimento exponencial, dos canais relacionados com as redes sociais e as plataformas digitais?

Cada vez mais estamos mais presentes e comunicamos nestas plataformas. O digital vai, cada vez, estar mais presente nas nossas vidas. Mas não vamos viver só do digital. Considero que a via tradicional vai ter o seu papel e ambas se complementam. Na nossa área, é muito de presença, muito emocional. Os vinhos estão á mesa. não é propriamente uma coisa que se consiga digitar a 100 por cento.

Quais são as ambições relativamente à expansão do negócio, no período pós-pandemia?

Nós não estamos a trabalhar como se estivéssemos em pandemia. Continuamos a seguir o nosso percurso normal, fazendo exactamente aquilo que faríamos se não estivéssemos a atravessar este período. Acabámos de adquirir uma quinta no Norte e temos todo um projecto para desenvolver. O nosso foco deste ano está no lançamento desse novo projecto dos vinhos verdes, que vai ser muito importante para nós. Estamos numa região muito premium, que é a região do Alvarinho, em Monção. E vamos continuar este caminho, de tornar a Falua, cada vez mais, numa empresa de referência com produtos cada vez mais diferenciados. O que pretendemos é, rapidamente, voltar ao nosso normal, que envolve o contacto com as pessoas, recebendo-as e comunicar os nossos vinhos presencialmente.

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A Falua foi fundada em 1994 com o objectivo de se afirmar como referência na produção de vinhos da região do tejo. O grupo tem actividade em 131 países, contando com mais de 8 mil colaboradores em todo o mundo e um volume de negócios superior a 2 mil m€. Na icónica vinha do convento da serra, plantada em 1996, desenvolvem-se videiras entre calhau rolado, num terroir emblemático que conta uma história com mais de 400 mil anos. 70 hectares de vinhas próprias e 200 hectares sob gestão dão origem a vinhos que revelam a essência do lugar, das castas, das pessoas e da paixão pela natureza que caracteriza toda a equipa da Falua. Recentemente, a empresa acaba de estabelecer uma parceria comercial com a Sotavinhos – Distribuição de Bebidas, S.A. que assegura a distribuição da gama de vinhos Falua no mercado nacional. São cinco as referências da Falua que integram agora o portfólio de distribuição da Sotavinhos:  Falua 2 Castas Touriga Nacional & Shiraz Rosé, Falua 2 Castas Verdelho & Arinto Branco, Falua 2 Castas Cabernet & Aragonez Tinto, Falua Reserva Unoaked Branco 2017 e Falua Reserva Unoaked Tinto 2015 cumprem o objectivo de sublinhar a tradição portuguesa de criar vinhos únicos e distintos.

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