No mês passado, na SIC Notícias on line podíamos ler o título “Alunos de Almeirim sem telemóvel nas escolas no próximo ano letivo”, explicitando-se depois na notícia que os alunos do concelho de Almeirim seriam mesmo proibidos de usar telemóveis nas escolas, na sequência de recomendação do Conselho Municipal de Educação, que garante que há um uso abusivo que está a prejudicar o desenvolvimento das crianças.

Apesar de também existirem óbvias vantagens na utilização frequente das apps disponíveis, por exemplo, entendo que estas preocupações não deixam de ser pertinentes, mas não são exclusivas dos jovens, porque também se aplicam a adultos, como eu próprio, que muitas vezes ignoram a linha ténue que separa a conveniência da obsessão.

Na semana passada, ao entrar num restaurante em Santarém, deparei-me com um cenário inimaginável há uns anos atrás: um estranho silêncio, com casais, grupos e famílias inteiras de olhos colados ao seu ecrã individual, sem conversar ou sequer olhar à sua volta.

Mas a minha preocupação com o tema adquiriu contornos de dramatismo há dois ou três dias atrás quando passei pelo Mestre do cumprimento afável, pináculo humano da relação social abrangente e arquétipo da simpatia em pessoa, Ludgero Mendes – o próprio – e ele não me cumprimentou numa rua de Santarém porque… estava fixamente a olhar para o telemóvel. Incrível! Brincadeiras à parte, o assunto merece uma séria reflexão.

A instantaneidade das mensagens de texto, das redes sociais, dos jogos, das notícias e das infinitas possibilidades da internet tornou o telemóvel numa espécie de extensão do nosso braço. No entanto, à medida que nos tornamos cada vez mais dependentes desta pequena tela brilhante, os perigos do uso excessivo tornam-se cada vez mais evidentes.

Em primeiro lugar, o uso excessivo do telemóvel pode prejudicar as relações interpessoais. O tempo que passamos “agarrados” aos nossos dispositivos traduz- se muitas vezes em menos tempo passado com a família, amigos e colegas.

As conversas cara a cara estão a tornar- se raras, e as relações podem ficar superficiais quando a comunicação se baseia em mensagens de texto e emojis.

Um perigo mais óbvio é o uso excessivo do telemóvel ao volante, que é atualmente uma das principais causas de acidentes de trânsito. A tentativa de verificar mensagens ou atender chamadas enquanto se conduz é uma distração mortal.

Por último, mas não menos importante, o uso excessivo do telefone pode prejudicar a produtividade e a concentração. Constantes interrupções de notificações e a compulsão de verificar o telefone a cada minuto podem tornar tarefas importantes num desafio.

Em resumo, o uso excessivo do telemóvel é uma tendência preocupante que não deve ser subestimada. Os perigos incluem a proteção das relações pessoais, problemas de saúde, riscos no trânsito e uma redução da produtividade.

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