A empreitada de requalificação do Mercado Municipal de Santarém vai ter um custo acrescido de 350 mil euros e vai demorar mais cerca de três meses uma vez que, no decorrer das obras, foi detectado que as paredes do edifício assentavam directamente no terreno existente, sem qualquer tipo de fundação.

Desta forma, a autarquia vê-se obrigada a realizar um “reforço estrutural integrado” de paredes e fundações no Mercado Municipal, o que terá um custo de cerca de 350 mil euros, acrescido de IVA, obrigando ainda à prorrogação dos trabalhos.

A proposta de revisão dos valores do projecto foi aprovada na reunião de Câmara de segunda-feira, dia 3, tendo os vereadores socialistas optado pela abstenção.

“Como é possível fazer um projecto sem se investigar previamente este tipo de situações?”, questionou o vereador do PS, José Augusto, chamando a atenção que a empreitada está a ser feita com recurso a fundos comunitários e que, agora, este valor já não poderá ser inscrito.

Ricardo Gonçalves, presidente da autarquia, referiu que a situação era “impossível de detectar”, sendo que os técnicos responsáveis pela obra só se aperceberam na fase de remoção dos pavimentos.

“Esta situação surpreendeu todos os intervenientes na empreitada, já que se trata de um método construtivo errado e desviante em relação às boas práticas utilizadas à época, pois era usual e prática comum a construção de fundações em alvenaria de pedra, sobre as quais assentavam as paredes dos edifícios”, esclareceu o autarca.

Em causa está a ausência de fundações na lateral direita do edifício, assim como, durante os trabalhos de remoção de revestimentos de paredes, ficou aparente a fragilidade das paredes divisórias das lojas devido ao seu mau estado geral e por serem constituídas por materiais de fraca qualidade.

“Perante estas situações inesperadas e imprevisíveis, que comprometem a segurança estrutural do edifício, foi contratado um projecto de reforço estrutural integrado de paredes e fundações no Mercado Municipal, com vista a dotar o edifício das necessárias condições de segurança para a sua utilização futura”, esclareceu, dizendo que o município, face a esta situação, vai tentar recalcular o valor dos fundos comunitários.

“A solução de reforço prevista no projecto visa, essencialmente, a execução de microestacas e respectivos maciços de encabeçamento na materialização das fundações do edifício na cintura perimetral interna e externa, interligadas por vigas de ligação e reforço de paredes divisórias dos espaços comerciais com betão projectado armado com rede electrossoldada”, refere o documento explicativo da intervenção, que o Correio do Ribatejo consultou.

O custo estimado para esta intervenção de reforço estrutural é de € 348.406,50, acrescido de IVA.

A empreitada de requalificação do Mercado, com o valor inicial previsto de 2 ME, tem como objectivo a requalificação do espaço do Mercado Diário, um espaço emblemático para Santarém, que vai ganhar uma nova dinâmica.

A intervenção proposta, com uma duração prevista de 12 meses, procura aliar o restauro do edifício, classificado como Monumento de Interesse Público em 2012, “a uma leitura actual do contexto urbano em que se insere”.

Esta requalificação pretende associar a gastronomia à promoção turística e à valorização da produção local, temas que estão presentes no projecto de Paulo Durão, considerado em 2013 um dos jovens arquitectos mais promissores pela Wallpaper Magazine.

As obras incluem a recuperação integral do espaço com o objectivo de reparar todos os danos estruturais existentes, criando uma área moderna e funcional, destinada a ser vivida diariamente.

O projecto, além da “reabilitação profunda” necessária para a conservação e modernização do edifício, visa “repensar do modo de funcionamento do mercado”, sendo intenção da autarquia a concessão da gestão do espaço a um privado, mediante concurso público.

Assim, a proposta passa pela opção de demolir toda a Praça do Mercado, criando um novo plano em pedra horizontal, onde, nos eixos que constroem as entradas do mercado se dispõem novos módulos do mercado diário, criando “duas ruas” que partem a grande praça em quatro praças menores.

O centro do futuro mercado será uma “área em forma de cruz”, com 36 bancas destinadas ao mercado diário, que terão em seu redor quatro praças, uma delas destinada a instalar o posto de turismo e as outras destinadas a restauração.

As lojas exteriores também serão recuperadas para a instalação de actividades comerciais diversas, desde artesanato a geladaria, passando por florista, vinhos e loja de conveniência, entre outros.

O edifício do Mercado Municipal de Santarém é património cultural do Concelho de Santarém e encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, localiza-se na no interior do centro histórico de Santarém, fora do antigo perímetro muralhado, envolvendo-se nas Ruas Dr. Jaime Figueiredo, Avenida Cidade da Covilhã e Rua José Saramago.

Foi projectado pelo arquitecto Cassiano Branco (1897-1970), em 1927/8, e construído em 1930 pelo construtor Alcino César. Uma placa existente junto à porta principal do edifício indica que a sua construção teve início em Março de 1930 e conclusão em 5 de Outubro do mesmo ano.

A empreitada foi adjudicada à empresa Habitâmega – Construções S.A., com sede em Amarante.

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