Vários silos medievais que interceptam níveis romanos foram descobertos durante as obras de requalificação do Bairro de Alfange, em Santarém, nomeadamente numa zona onde futuramente vai nascer um parque de estacionamento.

As obras em curso trouxeram à luz do dia um conjunto de importantes testemunhos arqueológicos, cujos trabalhos estão desde Janeiro deste ano, a ser executados pela arqueóloga Helena Santos, do Município de Santarém, visto serem reveladores da história de Santarém e daquela zona em particular, outrora certamente um porto, eventualmente relacionado com actividades mercantis e de manufatura desta zona ribeirinha.

O vereador Nuno Domingos, vereador do Património Cultural do Município de Santarém visitou hoje os trabalhos em execução.

No quadro do desenvolvimento da intervenção, numa área entre 350 a 400 metros quadros, foram identificados cerca de 40 silos de diferentes diâmetros e profundidades e contextos de cronologia romana que, segundo Helena Santos “representam a longa diacronia de ocupação do sítio”. A ocupação mais antiga será do período romano, “mas as suas características ainda não estão totalmente esclarecidas porque a escavação ainda está em curso”.  E a esta ocupação romana, “segue-se uma outra de finais do século XII ou inícios do século XIII”, revelou a arqueóloga.

No que diz respeito à ocupação de finais do século XII e inícios do século XIII já foram identificados diversos materiais arqueológicos, provenientes dos enchimentos dos silos – estruturas negativas que eram utilizadas na época como contentores para armazenamento de cereais ou outro tipo de alimento e, após essa utilização, eram abandonadas e passavam a ser usadas como lixeiras domésticas.

Do interior de alguns silos já foram, entretanto, retirados pela arqueóloga diversos materiais dos períodos islâmicos e cristão: “sobretudo cerâmicas, mas também artefactos em osso, como por exemplo uma flauta, e metal”.  Helena Santos chamou ainda a atenção para a identificação de alguns silos dos séculos XIV e XV, estes na sua maioria com as paredes revestidas a argamassa, onde se destaca a ocorrência de cerâmicas de importação, nomeadamente uma peça valenciana.

O trabalho arqueológico de campo irá prosseguir em toda a área de afetação do projecto, com a escavação dos restantes silos e dos contextos romanos subjacentes, seguindo-se depois o tratamento, a análise e o estudo dos materiais arqueológicos recolhidos e dos registos efectuados, tendo como objectivo a sistematização de toda a informação proveniente do sítio e a continuação do seu estudo.

Leia também...

23 condutores multados por falta de inspecção pela PSP

Oito detidos entre 10 e 16 de Janeiro.

Município de Torres Novas promove Caminhada Noturna

O Município de Torres Novas vai promover, a 17 de Junho, uma Caminhada Noturna, com um percurso de cerca de 10 km. A iniciativa…

Governo vai sortear 27 casas de arrendamento acessível em dez concelhos

O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) vai atribuir, por sorteio, 27 casas para habitação permanente, em várias regiões do país, no…

Novas espécies cavernícolas tornam Portugal referência na biodiversidade subterrânea

Portugal está na lista de ‘hotspots’ mundiais de biodiversidade subterrânea graças ao trabalho liderado pela investigadora Ana Sofia Reboleira, que permitiu descrever mais de…