Bertino Coelho Martins morreu na madrugada da passada sexta-feira, 14 de Novembro. No dia seguinte, completaria 98 anos de idade.
No dia da sua morte a Biblioteca de Santarém encerrou as suas portas. A chuva infiltrada nas paredes chorou a saudade devido às obras que tardam naquele espaço nobre da cidade, que é palácio, casa-museu e biblioteca. Foram lágrimas que assinalaram a perda de quem a dirigiu com sabedoria e entrega absolutas, durante mais de 30 anos. Lá, Bertino foi fiel de biblioteca, catalogador, encarregado e técnico especialista de Biblioteconomia e Arquivologia.
Nesta edição recordamos o etnomusicólogo, o director da Biblioteca, o responsável pela Comissão de Trabalhadores da Câmara de Santarém, mas também o etnógrafo, o historiador local, o intérprete, o musicólogo, o maestro, o presidente da Junta de Marvila, o estudioso, o autor, o dirigente da Região de Turismo do Ribatejo, o organizador dos Congressos de Folclore do Ribatejo e ainda, o conferencista, o palestrante, o membro da Comissão Técnica da Federação de Folclore Português, entre muitas outras facetas que não cabem nesta breve coluna, mas que são devidamente elogiadas em mais um brilhante texto de Ludgero Mendes neste Jornal, como brilhante foi o elogio fúnebre que fez de Bertino, no seu funeral, no passado domingo e onde faltou tanta gente.
Referenciados todos estes atributos, é estranho dizer-se, mas, para si, Bertino era um homem modesto, humilde até. Para os outros, foi um Maestro que soube conduzir as várias partituras da vida, sempre com a mesma calma serena e a disponibilidade que todos lhe reconhecemos.
A 27 de Setembro de 2014, passou a integrar a ‘Galeria de Notáveis’ do Correio do Ribatejo. Foi um cidadão de corpo inteiro, comprometido com a cidade e que afinou a sua vida pelo diapasão dos valores da amizade, honestidade e humildade. Assim o descrevem os amigos que participaram na homenagem pública que nessa data este Jornal lhe prestou.
A música esteve sempre bem presente na sua vida e foi com Celestino Graça que o seu trabalho musical se intensificou.
Era um homem rigoroso e muito boa pessoa. Perdemos um amigo. Bertino deixa obra e uma vida inteiramente dedicada à causa da cultura popular. O património Cultural Ribatejano ficou mais pobre, mas o que aprendemos com ele é mais do que suficiente para que continue eternamente a ser citado e para que a sua memória não se apague.
