O Comandante dos Bombeiros Voluntários de Alcanede destaca, em entrevista ao Correio do Ribatejo, a importância da formação contínua e da motivação dos bombeiros como pilares fundamentais para assegurar uma resposta eficaz às emergências. Com uma equipa dedicada e competente, a corporação enfrenta os desafios da modernização das infra-estruturas e da gestão de recursos, mantendo sempre o foco na segurança e no bem-estar da comunidade. A colaboração entre corporações vizinhas e o incentivo ao voluntariado jovem foram igualmente apontados por Filipe Regueira como estratégias essenciais para fortalecer o serviço prestado e para garantir o futuro da corporação.

Quais são os principais desafios que enfrenta actualmente na gestão da corporação de bombeiros de Alcanede?

Para mim, os principais desafios passam pela constante necessidade de actualização de conhecimentos e em gerir as disponibilidades dos Bombeiros para as mais diversas missões.

Como avalia a capacidade de resposta da vossa corporação a diferentes tipos de emergências?

Hoje, o Corpo de Bombeiros de Alcanede está dotado de um grande número de Bombeiros com competências nas mais diversas missões que estão atribuídas aos Bombeiros Portugueses. A nossa capacidade de resposta é efectiva e reconheço que somos um recurso importante para o socorro em toda a região.

Que medidas estão a ser implementadas para promover a formação contínua dos bombeiros voluntários de Alcanede?

Tudo passa pela motivação dos Bombeiros, pela sua curiosidade em saber mais, em ser mais competentes. A formação é uma ferramenta reconhecidamente importante e que é colocada ao dispor dos Bombeiros de Alcanede que normalmente enchem as turmas e os lugares disponíveis para frequentarem essas acções de formação contínua. Por outro lado, normalmente convidamos Bombeiros de outros Corpos de Bombeiros para virem cá fazer formação a que depois corresponde uma ida aos outros quartéis, constituindo-se isso como um foco de motivação extraordinário.

Quais são as principais necessidades em termos de equipamento e infra-estruturas na vossa corporação?

O Quartel dos Bombeiros de Alcanede é uma infra-estrutura moderna, foi inaugurado em 2009. No entanto, o crescimento operacional do Corpo de Bombeiros com mais veículos, mais material e mais Bombeiros acaba por provocar alguma limitação de espaço. Neste momento, há muitos veículos que ficam no exterior, os parques de treinos são permanentemente adaptados para terem mais que uma utilização. Penso que mais algum espaço para um armazém/pavilhão onde os veículos possam ser guardados evitando desgaste prematuro seria importante, também o aumento dos balneários ou camaratas seria bom. Penso que a Direção da Associação tem isso em atenção e já está a tomar medidas para que essas necessidades sejam suprimidas.

Como tem sido a colaboração com outras corporações de bombeiros do concelho e região?

Penso que a nossa colaboração com os Corpos de Bombeiros vizinhos e mesmo da região é permanente e profícua. É uma questão cultural que há muitos anos é trabalhada entre os Comandantes dos diversos Corpos de Bombeiros. Há intercâmbio operacional e de formação. As pessoas conhecem-se e respeitam-se. Entreajudam-se e o resultado é sempre mais que uma mera soma de esforços. Acabamos por nos complementarmos uns aos outros para bem dos nossos concidadãos.

Que estratégias estão a ser desenvolvidas para melhorar a captação de novos voluntários na vossa área de actuação?

Neste momento está em curso a instituição de uma Escola de Cadetes e Infantes em que as crianças e jovens da região podem começar a ingressar nos Bombeiros a partir dos 6 anos de idade. Isso permite criar um “bichinho” pelos Bombeiros. Os jovens gostam de ajudar normalmente, estas actividades também promovem o convívio e o trabalho em equipa e isso certamente desperta o interesse pela instituição. Numa época em que o voluntariado é cada vez menos, parece-me fundamental a existência destas formas de captação de jovens.

Como avalia a relação da vossa corporação com a comunidade local e que acções têm sido realizadas para fortalecer esta ligação?

Penso que os habitantes das freguesias de Alcanede e de Gançaria nos dispensam uma atenção e carinho assinaláveis. Nós colaboramos com as diversas instituições e associações marcando presença nas suas actividades através das prevenções com ambulâncias ou veículos de combate sem cobrar qualquer valor. Também transportamos muitos utentes de forma gratuita aos hospitais. Fazemos actividades com as Escolas do Agrupamento D. Afonso Henriques, o que promove a nossa imagem e actividades juntos dos mais jovens.

Quais são os apoios adicionais que considera necessários para o desenvolvimento da vossa actividade?

Considero todos aqueles que possamos responder com maior eficiência e segurança às nossas populações. Penso que a questão dos “apoios” deveria ser passada a protocolos de cooperação ou contractos programa para que a capacidade de resposta fosse mais efectiva e que as populações pudessem ter mais disponibilidade de ambulâncias ao seu serviço. É necessária uma melhor gestão dos recursos para a Protecção Civil no concelho de Santarém.

Os valores atribuídos pelas entidades públicas são muito insuficientes. Podemos falar de milhares de euros e continuar a ser insuficiente se a gestão não for a mais correcta. A gestão integrada do território é fundamental para que os recursos sejam bem geridos.

Que mensagem gostaria de deixar aos jovens da comunidade sobre a importância do voluntariado nos bombeiros?

Era muito importante que os jovens conhecessem a actividade dos Bombeiros enquanto entidade da comunidade local. Claro que através das escolas conseguimos chegar lá, mas ainda considero pouco. Os programas escolares são muito longos e não sobra tempo para uma disciplina de Protecção Civil (poderia ser integrada em Cidadania). 

Os Bombeiros não são estranhos nenhuns, são pessoas comuns que têm filhos e netos nas escolas, familiares que trabalham em empresas da região e que ocupam um lugar na sociedade. Os Bombeiros são uma escola de partilha e de crescimento mútuo e têm permitido a muitos jovens uma oportunidade de trabalho nas mais diversas funções da sociedade. E o sentimento após cada missão de socorro é absolutamente indescritível. É uma satisfação muito grande.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…