Maria Clara Pó lançou recentemente na Feira do Livro de Lisboa a sua mais recente obra, ‘Alípio, o rato que queria ser turista espacial’. Directora na Associação de Solidariedade Social de Benfica do Ribatejo e membro da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Almeirim tem nas crianças a sua inspiração. Em entrevista ao Correio do Ribatejo, a autora explica todo o seu processo de escrita, o seu fascínio pelo mundo das crianças e os objectivos futuros.
Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?
Vocação não sei se tenho, vão ter de ser os leitores a dizer. Mas o gosto, esse já vem desde os bancos da escola. O meu dia preferido era o da redacção.
Como é o seu processo criativo?
É um processo constante. No entanto, só escrevo quando surge a vontade de começar a concretizar. Normalmente o início é lento, mas depois surge uma enxurrada de ideias que é preciso estruturar e trabalhar.
O que inspirou esta sua obra ‘Alípio o rato que queria ser turista espacial’?
São muitas as coisas que me inspiram. Inspira-me a vida, as pessoas e o mundo que me rodeia. Sou muito observadora e dou valor às coisas simples da vida. As minhas histórias são inspiradas no meu filho, nos meus 18 sobrinhos, nas crianças com quem trabalho diariamente há 23 anos e em todas as crianças do mundo. Inspiro-me sempre no desejo de ver um sorriso na cara de uma criança. Saber que as minhas palavras podem contribuir para a sua felicidade é para mim um prazer imenso. Por isso, são sempre histórias divertidas, mas também com uma grande carga de informação. O objectivo é dar prazer e alegria, mas também inquietar a mente e provocar sede por conhecimento e descoberta. No fundo pretendo que viagem comigo, neste caso com o Alípio.
O que é que retrata?
Esta é a história de um rato, que vive numa quinta no Algarve e cujo grande sonho é viajar para o espaço. Um dia resolve deixar tudo e concretizar este desejo. Inicia assim uma aventura alucinante, com muitos encontros inesperados e peripécias. É uma história divertida e com muita informação. Pode ser contada aos mais pequeninos e trabalhada com aqueles que já sabem ler.
O que representa para si a escrita e, em particular, a escrita para crianças?
A escrita para mim é a melhor forma de me expressar. Além de ser a que me dá mais prazer, é também aquela em que consigo dar mais de mim e daquilo que sou. Um livro infantil é um instrumento poderosíssimo de estímulos e um potenciador de afectos. Uma criança que hoje ouve histórias tem grande probabilidade de amanhã ler histórias e futuramente ser um adulto com gosto pela leitura.
Tem algum tema predominante nos seus livros?
Sim. Nunca me tinha apercebido, mas guardo todos os originais num dossier e um dia resolvi lê-los de seguida. Cheguei ao fim e conclui que todos eles falam de sonhos e da capacidade dos personagens de lutarem por esses sonhos e os realizarem. É uma mensagem de optimismo, esperança e resiliência que tento transmitir e tem a ver com a minha forma de encarar a vida.
Que livros é que a influenciaram como escritora?
É difícil destacar, mas sou apaixonada pelo “O Principezinho” e “Alice no país das Maravilhas”.
Considera que um livro pode mudar uma vida?
Não tenho dúvidas. Os livros têm propriedades mágicas, são um grande fármaco dignos de receituários médicos.
Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Alguns. Com tempo e trabalho espero que se venham a concretizar.
Um título para o livro da sua vida?
“ O trabalho é o melhor companheiro da sorte”.
Viagem?
Por realizar: Índia. Era este ano, mas a pandemia alterou os planos.
Música?
Toda dos anos 80, os da minha adolescência.
Quais os seus hobbies preferidos?
Cozinhar, viajar, escrever, costurar, ler.
Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
Seria muito difícil escolher só um. A guerra e a fome perturbam-me muito.
Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Um filme de animação.
O que mais aprecia nas pessoas?
A honestidade, sinceridade e capacidade de se colocar no lugar do outro.
O que mais detesta nelas?
Hipocrisia.
Acordo ortográfico. Sim ou não?
Não.