João Rui, homem dos ‘sete ofícios’ no Centro Nacional de Exposições.

João Rui tem 53 anos e é técnico de audiovisuais no Centro Nacional de Exposições em Santarém desde 1995. Em entrevista ao Correio do Ribatejo destaca a evolução da Feira Nacional de Agricultura e do próprio CNEMA. Afirma-se “um apaixonado pela vida” e salienta que “aprendeu a trabalhar desde cedo”.

Como é que surge a oportunidade de trabalhar no CNEMA? Vim para o CNEMA em 1995 a convite de um director da altura e enviei o meu currículo. Vim a uma entrevista e fui o escolhido para cá trabalhar.

Há vários anos que tem vindo a trabalhar em vários eventos no CNEMA, qual para si é o mais importante? Para mim todos têm a sua importância, tendo a FNA destaca-se pela sua dimensão.

Como tem registado a evolução da Feira nos últimos tempos? Penso que a FNA tem vindo paulatinamente a crescer e bem, acompanhando o crescimento da agricultura a nível europeu.

O certame está mais profissional e com melhores condições para público e expositores? Mais profissional e com muitas mais condições não só para os nossos expositores, assim como, também para os milhares de pessoas que nos visitam.

Acha que o divórcio que existiu entre a cidade e a feira se está a esbater gradualmente? Na minha opinião a resistência que existia foi vencida. E porquê? Porque os milhares de jovens que nos visitam todos os dias na Feira Nacional de Agricultura, provam aos mais velhos que este é o caminho.

O Ribatejo ainda tem espaço na Feira Nacional de Agricultura? Claro que sim, o mundo rural está diferente mas o CNEMA tem um enorme carinho por ele dando-lhe destaque sempre que possível. Exemplo disso são as mostras de artesanato, campinos, as largadas de toiros, as actividades equestres, a gastronomia, entre outras.

Qual o momento ou momentos que mais o marcaram nestes 25 anos da Feira Nacional de Agricultura no CNEMA? Os melhores momentos que passei aqui foram as três enchentes, com os Delfins, Anselmo Ralph e também com o Pablo Alborán. Foram três momentos em três anos maravilhosos, com lotação esgotada no CNEMA. Foi muito bom e é gratificante trabalhar para depois se ver que o CNEMA não tem um metro quadrado de terra sem gente a ver o espectáculo.

Conte-nos uma história engraçada que o tenha marcado? Tivemos um colega nosso que durante dois meses passou o tempo todo a dizer que quando chegasse a Feira Nacional de Agricultura nos pagava um almoço. O grupo todo, na altura, eram cinco pessoas. Sentamo-nos todos à mesa e toca de pedir carnes, vinhos, sumos, basicamente tudo a que tínhamos direito. Vai daí, ele começou a gaguejar, aflito, e a dizer: “Isto se calhar fica um bocadinho caro…”. Nós replicávamos: “Isto é um almoço barato para ti!” É claro que isto foi tudo combinado com o dono do restaurante. A mulher dele também cá trabalhava na altura. Comemos, bebemos, cada um até comeu duas sobremesas… Quando veio a conta (risos), ele começou a ficar branco como a cal e disse: “Epá não tenho dinheiro para pagar isto, é o ordenado de um mês!”. A divida ficou pendente e passou o resto da feira a fugir do homem do restaurante, nem sequer passava na rua dos restaurantes porque não tinha direito para lhe pagar. Entretanto nós andávamos a “picar” a mulher dele e a dizer-lhe que ele ainda não tinha pago a conta. Concluindo, só dissemos no último dia o que tínhamos combinado com o dono do restaurante. Conseguimos que ele não passasse o resto da feira naquela na rua pois não tinha dinheiro para pagar o almoço de 1400 euros.

Quer continuar a fazer carreira no CNEMA? A frase desde sempre da minha vida é: “faz o que gostas e nunca terás que trabalhar”.

O João Rui participa ainda noutras actividades na cidade de Santarém. Como vê o associativismo na cidade? Felizmente que existem boas pessoas em Santarém que fazem questão de ajudar e melhorar o associativismo da nossa cidade.

Que falta à cidade de Santarém para ser ainda melhor? A minha opinião é que somos uma cidade que diz mal de quem faz e de quem não faz…

Quais são os seus projectos para o futuro? Tenho uma família maravilhosa, não quero nunca deixar de ter dentro de mim a criança feliz e alegre que sempre fui, e… ver o Benfica campeão europeu!…

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…