O Grupo de Futebol dos Empregados no Comércio, também conhecido como “Caixeiros”, completou, no passado dia 5 de Junho, 105 anos de existência na cidade de Santarém. Paulo Melo Nazareth Barbosa é presidente do clube desde Setembro de 2018 e tanto ele como os restantes membros da Comissão Administrativa que lidera estão a trabalhar desde Setembro de 2019 numa remodelação no clube, tanto a nível administrativo como ao nível do staff técnico das equipas, um processo que a pandemia veio atrasar.

A história mais que centenária deste clube está repleta de feitos e conquistas. Que feitos do passado ainda ocupam um lugar na memória da cidade e qual é hoje a situação que o clube atravessa, quer do ponto de vista social quer financeiro?

Em relação aos resultados desportivos o GFEC”Caixeiros” tem historia a nível regional e nacional. Desde o início com as equipas e formação no Basquetebol, passando pelo Hóquei em patins, Ténis de mesa, Futsal, Futebol de 11, Pesca e Andebol.

Lembro também a construção do ringue dos caixeiros, feita com a ajuda dos sócios do clube. Do local os mais velhos lembram os jogos de hóquei, e os mais novos dos grandes torneios de futebol de salão de verão.

Quantos sócios tem hoje o Grupo dos Empregados do Comércio e quantos atletas o representam e em que modalidades?

Devido à pandemia não foram cobradas quotas, estando neste momento a ser efetuado o levantamento dos sócios do clube, mas que se calcula deverá rondar os 120.

O clube encontra-se há já algum tempo em remodelação, desde 2018 representado por uma comissão administrativa. Como é que essa comissão encontrou o clube e se já há data para um processo eleitoral nos Caixeiros?

As dificuldades da gestão de um clube centenário, com as novas formas de administrar as diversas actividades, levou ao abandono daquelas que por questões monetárias ou pelo excesso de clubes praticantes não podiam continuar.

Foi assim que o futebol sénior, o hóquei em patins e o futsal deixaram de fazer parte das secções do clube. O que não quer dizer que não venham a ser reativadas se assim for entendido pelos membros da nova direcção que venha a tomar posse.

Em relação às anteriores direções, tenho a certeza que fizeram o seu melhor e que as diversas contrariedades terão levando a alguns problemas pontuais. Neste momento o GFEc não detém qualquer divida a terceiros, cumprindo regularmente com os pagamentos que lhe são solicitados

Quando houver eleições vai apresentar uma lista para concorrer à presidência do clube?

Neste momento pretendia que todos aqueles, então jovens, e que hoje têm filhos na idade da formação, regressassem ao clube para dar início a uma nova era e gestão deste.

Os Caixeiros são hoje um clube ‘saudável’ do ponto de vista financeiro?

Não existem clubes “saudáveis”, vivendo das quotas, apoio e projectos à

formação, bem como de alguns eventos.

Uma das modalidades mais recentes no clube é o Teqball. Esperavam, em tão pouco tempo, atingir os patamares de reconhecimento de que o clube já é alvo, quer nacional quer internacionalmente?

A aposta no Teqball foi um tiro no escuro. Quando nos apresentaram o projecto do teqball acreditei na modalidade e no empenho daqueles que a representavam, o que se confirmou.

O Empenho do Srº Rui Leitão e dos restantes atletas têm sido imprescindível. Abraço especial ao Dima chegado da Ucrânia e que já tem o símbolo dos Caixeiros ao peito.

Em Junho de 2020, numa entrevista a este Jornal, o Paulo Nazareth Barbosa afirmava a intenção afirmar de novo o andebol dos Caixeiros. Certo é que a modalidade perdeu o impacto que já teve, até com o clube nas divisões cimeiras do panorama nacional.

O que se passou para a modalidade quase desaparecer do mapa desportivo local?

Foi efetivamente uma aposta efetuada no Andebol, tendo estado criada uma equipa sénior feminina para disputar o nacional, com apoio de empresas, e a formação com cerca de 30 elementos das diversas camadas, e vários treinadores.

Era um projecto de dois ex jogadores dos caixeiros(Artur Roldan e Ruben Rato) que entretanto por motivos imprevistos e profissionais tiveram de abandonar o projecto.

Iniciou-se novo projecto, sempre com o problema da pandemia, e quando se ia iniciar este em 2021 foram-nos retirados pela Câmara /Viver Santarém os tempos de treino na nave desportiva, que nos pertenciam há largos anos, sem aviso prévio e de forma talvez pouco

correta.

Face à falta de local para treino, os atletas passaram a jogar em Clubes de Almeirim, o qual tem veículos para vir buscar os atletas a Santarém, cedidos pela Câmara Municipal de Almeirim…

O torneio ‘Andebol Cup’ vai voltar a ser uma realidade em Santarém?

Se nos voltarem a ser atribuídos tempos nas naves em horário a que os atletas possam treinar, de certeza que se reinicia a sessão de andebol e o torneio será uma realidade.

O xadrez, tal como o ténis de mesa e o hóquei chegaram a ser modalidades com destaque no clube. Essa relevância será possível ser reconquistada num futuro próximo?

O seção de xadrez tem tido altos e baixos, a que a pandemia não foi alheia, mas além de os caixeiros estarem certificados como clube formador, pretendemos levar o xadrez às escolas.

Mas para isso é preciso carolice, e o Srº José Campos Braz e Prof. Porfírio estão a organizar as formas de incentivar os jovens nas escolas à sua pratica. Devo lembrar que no ano findo, mais propriamente no dia 8 de Dezembro houve o II Open de Xadrez Martinho Lopes, o qual decorreu nas Instalações da Antiga Escola Pratica de cavalaria, estando presentes mais de 100 jogadores, das mais diversas idades.

Tenho que agradecer à secção de xadrez por todo o seu empenho, com menção especial para o Sr. José Campos Braz, sem o qual não seria possível a sua organização.

Este ano vamos organizar em Setembro/ Outubro o Primeiro Urban Downhill que ligará o centro da cidade à Ribeira de Santarém, evento este ligado à seção Bike recentemente formada.

De que forma a pandemia trouxe dificuldades ao clube e que projectos adiou ou inviabilizou? Que impacto teve esta paragem forçada nas competições?

A pandemia veio parar todos os projectos, afastar os atletas do clube, criar problemas no reinício das actividades, e modificar até a forma do desenrolar das provas.

O espaço da ‘velhinha’ sede dos Caixeiros na Rua Capelo & Ivens, bem no centro histórico da cidade é frequentada pelos associados, ou até esses hábitos a pandemia levou?

Sempre que nos deixaram a porta esteve aberta. No entanto, aquilo que antes acontecia, pelo número de pessoa que viva no centro e que levava a que na hora do almoço a “Bica fosse ali tomada, hoje não reside praticamente ninguém no centro e os poucos sócios

que se querem dirigir à sede têm o problema do estacionamento.

Apesar disso temos um grupo de sócios que todos os dias de tarde frequentam a sede onde jogam Snooker, Xadrez, vêm televisão e habito em desuso, conversam entre eles sem uso de telemóveis.

O mítico ringue dos Caixeiros foi alvo de uma acção de despejo há dois anos e há pouco mais de um mês foi conhecida a sentença que vos obriga a ‘entregar as chaves’ do ringue. Que comentário lhe merece esta decisão e o que motivou esta acção?

Neste momento não vou comentar estando em recurso a sentença havida.

No entanto tal facto resulta de acordos efetuados por volta do ano 2000 com a Câmara Municipal de Santarém os então proprietários e o GFEC , nunca cumpridos pela CMS.

Só a renda das instalações da sede leva cerca de um quarto do orçamento anual do clube. Esta realidade mantem-se? É comportável para um clube como os Caixeiros arcar com essa despesa? O sonho de uma nova sede continua de pé?

Efectivamente um quarto do orçamento anual do clube é para renda da sede, eletricidade e água, temos tentado compensar com algumas actividades que ajudam no esforço mensal.

O Sonho de uma nova sede faz parte do dia a dia, pois o local, o estado de conservação do edifício, a despesa, lembram tal questão.

No entanto e apesar das inúmeras vezes que foi solicitado ao Srº Presidente da Câmara um local para a sede do clube, de igual forma aos atribuídos a outras entidades bem mais novas, nunca obtivemos ainda resposta, salvo, de momento não existe local.

Um dos últimos investimentos feitos no clube foi o ginásio, na sua sede. É utilizado?

O ginásio é utilizado diariamente, temos um profissional (Personal Trainer) que auxilia a preparação (mediante marcação previa).

O futebol e o futsal são modalidades que, a nível nacional, têm vindo a conquistar os jovens. É, em boa verdade, uma questão cultural que o país tem de enfrentar ou a mensagem de quem gere outras modalidades não tem passado?

Naturalmente tem a ver com os valores envolvidos (monetários). Todos os pais vêem nos filhos Cristianos Ronaldos e não Carlos Resendes ou Livramentos,,,. os meios de comunicação têm culpa, mas faz parte do “negócio”.

O Grupo de Futebol dos Empregados no Comércio é um clube formador?

Como estamos no que toca às camadas mais jovens nas diferentes modalidades?

Em Setembro vamos dar inicio à formação no Xadrez e no Teqball, estando já o Tenis de Mesa em curso, tendo o problema da falta de local para treinos.

Qual é a perspectiva de futuro que traça para o clube? E a mensagem que quer deixar aos sócios e simpatizantes dos ‘Caixeiros’?

A perspetiva é que no próximo ano, esta entrevista esteja a ser dada por uma nova direção empenhada com novas ideias, objectivos, e os projetos se encontrem já a decorrer. Apareçam na sede, questionem no facebook, contribuam com ideias para voltarmos a ter uma “jovem” de 105 anos na sua plenitude.

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