Titão para alguns, Octávio de Pó nasceu em Moçambique. É o mais velho de sete irmãos. Fez os estudos normais até à frequência em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Cumpriu o serviço militar. Trabalhou na área da Justiça, no Tribunal de Comarca, e no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, ambos de Santarém. Canta no Coro do Conservatório de Música de Santarém. Apoia jovens necessitados nos estudos. Filho da Literatura, da Música e da Arte. Iniciado em vários Grupos de Evolução Humana, acaba de lançar o seu mais recente livro. Chamou-lhe “As labaredas dos mares amnióticos”, obra que será lançada a 12 de Setembro na Feira do Livro de Lisboa.

Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?
Descobri-a desde muito novo, nos bancos da Escola, onde as minhas redacções eram bastante razoáveis, mas que tinham sempre um cunho de felicidade e elevação. Depois, a minha mãe, a mim e aos meus seis irmãos, exercitava-nos na arte do ‘Nulla dies sine linea’ – Nem um só dia sem uma linha. Não passar um só dia sem traçar uma linha, isto é exercitar a escrita e tudo o mais, por analogia.

Que inspira a sua obra?
Uma mistura de muitos Saberes e Conhecimentos, e o Caminho trilhado pelos Mestres. Sou uma partícula com aspirações a onda e uma faúlha no meio das Labaredas.

Como é o seu processo criativo?
Agarro nas ideias e vou moldando-as, com muito trabalho e essencialmente disciplina. Em completo silêncio. Por isso, adoro escrever, quase sempre, a partir da uma, e pela noite dentro, por vezes até ao amanhecer. Quando acabo, agradeço ao Altíssimo, a felicidade que me proporciona.

Tem algum tema predominante nos seus livros?
Tenho, e dá-me um prazer enorme escrever sobre O Universo e os mecanismos que o rodeiam, inclusive a conexão da Energia Feminina com o Todo, a Natureza e a Existência. Digamos que, se há um Deus, tem de ser Mulher, porque Ela é o Dínamo e a Força que tudo congrega. O líquido amniótico que gere é uma maravilha da natureza.

O que representa para si a escrita?
Um Sabor a Oceano, um Tremor pela espinha acima, a Sensação de Partilha daquilo que aprendi com os outros, talvez o passar de um verdadeiro e puro Testemunho. O Mundo está difícil. Temos o Dever de acalmar os espíritos mais impetuosos, com palavras doces e ternas que povoam as estrelas.

Que livros e autores o influenciaram como escritor?
Bem, talvez milhares. Para mim, um Livro é um ser vivo. Ora bem, conheci o F.Dostoyevsky,W.Faulkner,L.Tolstoy,V.Nabokov, F. Kafka, J.Joyce, A, Chekov, G. Flaubert, Virgílio, Osho, Ramakrishna, M.Twain, Tennyson, S. Fitzgerald, V. Woolf, Condessa de Ségur, M. Proust, M. Cholokov, Homero, Dante, Voltaire, John Milton, V.S. Naipul, W. Blake, R.W.Emerson, W. Durant, H.C.Andersen, J. Verne, Luiz de Camões, C. Dickens, H. Melville, L. Carroll, T.S. Elliot, J.L. Borges, G. Orwell, e tantos outros. Peço desculpa aos que não pude aqui enunciar.

Considera que um livro pode mudar uma vida?
Pode! Neste momento assaz conturbado em que a Humanidade está a arder, a simples e cuidada leitura de um Livro que amaina as Labaredas, com a sua voz das profundidades dos Mares, do Carinho, do Amor, da Compaixão, então há a real possibilidade de nos mudarmos para um patamar mais elevado. Sem dúvidas.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Tenho, mas poucos. Sou pessoa de ‘step by step’. Passo a passo. Tijolo a tijolo. Já tenho outro livro, quase a acabar, que aborda o mundo entre a realidade e a ficção, o mundo da Justiça e do Poder: um livro de emoções fortes e suspiros inacabados. Gostaria de ter um canto num qualquer jornal, e erguer a minha voz em defesa deste Planeta Azul e dos seus habitantes. Adoro ajudar pessoas estrangeiras a falar a língua de Camões. E também crianças desprotegidas.

Um título para o livro da sua vida?
Quem habita o meu corpo?

Viagem?
Índia, Vietname e Japão.

Música?
Clássica, Bhajans e Coro.

Quais os seus hobbies preferidos?
Cantar no Coro do Conservatório de Santarém, tocar tambor, ler, ouvir música, pintar, Chi Kung, voluntariado e meditar.
Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
A Segunda Guerra Mundial.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Ficção Científica.

O que mais aprecia nas pessoas?
Verticalidade.

O que mais detesta nelas?
Mentira.

Acordo ortográfico. Sim ou não?
Não.

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