José Manuel Duarte cumpre no próximo dia 10 de Junho o 30.º aniversário sobre a data da sua alternativa de cavaleiro tauromáquico, recebida numa Corrida RTP em que teve como padrinho Paulo Caetano, com os testemunhos de Joaquim Bastinhas, António Telles, Rui Salvador e João Salgueiro. Nesta corrida de casa cheia pegaram os Grupos de Forcados Amadores de Montemor e os de Lisboa e foram lidados toiros de Brito Paes.
Esta foi a consagração do sonho do menino que apenas com doze anos se apresentou pela primeira vez em público na Praça de Toiros do Sítio, na Nazaré, lidando reses do Eng.º Rosa Rodrigues, num espectáculo em que também actuou a prestigiada fadista Amália Rodrigues.
Para a formação técnica de José Manuel Duarte foi determinante o apoio do saudoso cavaleiro tauromáquico Gustavo Zenkl e do afamado equitador Diogo Serrão, bem assim como os ensinamentos dos bandarilheiros Joaquim Gonçalves e César Marinho.
Menos de quatro anos volvidos sobre a sua primeira actuação na Nazaré, José Manuel Duarte prestou provas de praticante a 11 de Março de 1990, em Salvaterra de Magos, enfrentando toiros de João Ramalho e tendo como padrinho Gustavo Zenkl.
Ainda antes da alternativa, José Manuel Duarte teve o grandioso gesto de se encerrar na Praça da Nazaré para lidar a solo seis toiros da ganadaria de José Infante da Câmara, corrida difícil, mas que deu a verdadeira dimensão técnica e artística do jovem toureiro escalabitano.
A sua actuação na corrida de alternativa, dedicada a seu pai, foi muito positiva, lidando um toiro complicado, mas que José Manuel Duarte logrou superar e com os curtos deu constância do seu elevado mérito, tendo conquistado calorosas ovações do público que preenchia um pouco mais de ¾ da lotação da Monumental “Celestino Graça”. O toiro da sua alternativa foi pegado com brilhantismo pelo forcado montemorense Pedro Sotero, numa única tentativa.
Seguiram-se temporadas de muito sucesso, repartido em praças portuguesas, espanholas e francesas, sendo que em 1995 foi distinguido com cinco troféus de triunfador da temporada, o que evidencia bem o consenso que alcançou. Em 2002 o categorizado cavaleiro escalabitano cumpriu outro dos seus sonhos, que foi o de se apresentar na Monumental de “Las Ventas”, em Madrid, algo que pontifica sobremaneira na trajectória de um toureiro.
A chegada de novos cavaleiros ao escalafón e uma certa promiscuidade entre apoderados e empresários, privilegiando-se sempre os artistas de certos apoderados, impuseram uma redução no número de actuações por temporada e, também, a ausência em algumas das principais feiras taurinas, o que contribuiu para uma certa desmotivação. Em 2008 ainda apostou num regresso ao patamar anteriormente atingido, e servido por uma boa “cuadra” de cavalos, na maioria preparados por si, e bem acompanhado por uma equipa leal e competente, José Manuel Duarte conseguiu alcançar grandes triunfos, pois nunca abdicou de um toureio sério, frontal e muito evoluído técnica e artisticamente.
Com o elevado número de toureiros no activo e com o alinhamento entre empresários e apoderados, José Manuel Duarte optou por suspender a sua actividade em 2011, pois os honorários auferidos revelavam-se insuficientes para fazer face aos encargos inerentes à sua profissão, e nunca aceitou perder a sua dignidade pessoal e profissional.
Bem servido de montadas, ainda reapareceu numa corrida em Santo Aleixo da Restauração, no dia 23 de Agosto 2013, alternando com Brito Paes e Marcos Bastinhas enfrentando toiros da ganadaria Veiga Teixeira. Nesta corrida teve a infelicidade de perder um dos seus melhores cavalos – o Québec – pelo que não voltou a tourear desde então.
Foi pena, porque José Manuel Duarte era um dos cavaleiros que valorizava sempre qualquer cartel, pelas suas capacidades técnicas e artísticas e igualmente pela sua honradez profissional, porém compreendemos a sua decisão. Nesta efeméride não quisemos deixar de o evocar e de lhe reiterarmos a admiração que temos pela sua carreira profissional e pelo Homem que é. Parabéns, Toureiro!