O parlamento homenageou hoje o historiador Joaquim Veríssimo Serrão, “um dos mais brilhantes historiadores portugueses”, que morreu em 31 de Julho, aos 95 anos.
O voto de pesar, assinado pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, foi aprovado por unanimidade.
No texto aprovado pelos deputados, afirma-se que Veríssimo Serrão foi “um dos mais brilhantes historiadores portugueses e é graças a si e à sua obra que milhões de portugueses passaram a conhecer melhor a sua própria História”.
O historiador Joaquim Veríssimo Serrão, que morreu em 31 de Julho em Santarém, aos 95 anos, é autor de uma vasta obra historiográfica, na qual avulta a sua História de Portugal, em 19 volumes, que terminou em 2011.
O foco da investigação histórica de Veríssimo Serrão foi a participação dos humanistas portugueses na cultura europeia do século XVI, a história local, com particular atenção por Santarém, concelho de onde era natural, a formação do Brasil, a questão epistemológica da historiografia portuguesa, alguns personagens que se destacaram na vida política portuguesa nas últimas décadas do Antigo Regime (século XVIII) e o início do Liberalismo (século XIX).
Texto integral do Voto de Pesar
Voto de Pesar n.º 327/XIV/2.ª pelo falecimento de Joaquim Veríssimo Serrão
Joaquim Veríssimo Serrão foi um dos mais brilhantes historiadores portugueses e é graças a si e à sua obra que milhões de portugueses passaram a conhecer melhor a sua própria História.
Nascido a 8 de julho de 1925, em Santarém, Joaquim Veríssimo Serrão faleceu a 31 de julho de 2020 nesta mesma cidade, com 95 anos.
Professor Catedrático da Faculdade de Letras e Reitor da Universidade de Lisboa entre 1970 e 1973, foi Diretor do Centro Cultural Português de Paris da Fundação Calouste Gulbenkian e Presidente da Academia Portuguesa da História entre 1975 e 2006.
Professor e referência para milhares de alunos, em quem incutiu o gosto pela investigação, foi e será, com toda a certeza, uma fonte de inspiração para gerações de professores e investigadores portugueses que dedicam a sua vida ao conhecimento da História de Portugal.
A sua principal obra é, reconhecidamente, a História de Portugal, da Editora Verbo, em dezanove volumes, que Joaquim Veríssimo Serrão começou a publicar em 1977 e a que dedicou toda uma vida, embora muitas outras façam parte da sua vasta bibliografia.
Entre as diferentes condecorações recebidas em Portugal e por todo o mundo, destacam-se o Prémio Príncipe das Astúrias de Ciências Sociais, os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Montpellier e pela Universidade Complutense de Madrid, a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul do Brasil, Comendador da Ordem da Instrução Pública de Portugal, Grã-Cruz da Ordem do Mérito Civil de Espanha, Grã-Cruz da Ordem de Andrés Bello da Venezuela, a Grã-Cruz da Ordem Civil de Afonso X, o Sábio, de Espanha, Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.
São vastíssimos a obra e o papel que Veríssimo Serrão teve na sociedade portuguesa e o seu contributo muito significativo para expandir a nossa Cultura, e a nossa Historiografia, a nível internacional.
Maior que a sua obra – graças à qual Portugal e os Portugueses têm uma história mais rica e mais completa para contar às futuras gerações – só provavelmente o seu caráter e o seu exemplo de simplicidade, unanimemente reconhecido pelos seus pares, pelos seus alunos e por todos aqueles que tiveram o prazer e o privilégio de ler, aprender e seguir o trajeto de Joaquim Veríssimo Serrão.
Com o falecimento de Joaquim Veríssimo Serrão, figura incontornável do Século XX, o País e a cultura portuguesa ficam mais pobres.
A Assembleia da República, reunida em Sessão Plenária, manifesta o seu pesar pelo falecimento de Joaquim Veríssimo Serrão, expressando as suas condolências e o mais profundo sentimento de respeito e solidariedade à sua Família e Amigos e a todos os que tiveram o privilégio de serem seus alunos.
Palácio de São Bento, 25 de setembro de 2020
As Deputadas e os Deputados