Irene Queiroga estreia-se na literatura com ‘Dois Desconhecidos Uma Vida’ e apresenta a exposição de pintura Raízes do Imaginário, a inaugurar a 25 de Outubro na Fundação Cidade de Lisboa. Entre palavras e cores, a autora, residente em Santo Estevão, Benavente, revela uma obra feita de coragem, recomeços e encontros de alma, onde a escrita e a pintura se cruzam como formas complementares de dar voz ao silêncio e de partilhar emoção.
O que a inspirou a escrever Dois Desconhecidos Uma Vida e como nasceu esta história de coragem, recomeços e viagem emocional?
A escrita nasceu da necessidade de dar voz ao silêncio: encontros que transformam, despedidas que ensinam e a coragem de recomeçar. Dois Desconhecidos. Uma Vida é um mapa íntimo dessas transições de personagens que se reconhecem pelas cicatrizes e pela vontade de continuar. A história foi surgindo entre memórias, fidelidades ao coração e à escuta dos outros, até ganhar voz própria.
O livro cruza temas como separação, superação e encontro de almas. De que forma estas vivências dialogam com a sua experiência pessoal ou artística?
Esses temas acompanham-me na pintura e na escrita. Nas telas procuro traduzir cores e formas abertas a múltiplas leituras: há quem veja animais, flores ou o fundo do mar. Essas interpretações surpreendem-me sempre. Já a escrita nasce da viagem íntima, da imaginação e da percepção do ser humano. Ambas as linguagens são formas de encontro comigo mesma e de oferecer um espelho ao público.
Para além da literatura, apresenta também a exposição de pintura Raízes do Imaginário. Que relação estabelece entre a escrita e a pintura no seu percurso criativo?
Pintura e escrita são línguas irmãs. A tela dá corpo ao visível; a palavra, ao invisível. Às vezes uma cor pede uma frase, outras vezes uma frase pede uma cor. A pintura abre espaços de ambiguidade, enquanto a escrita tenta nomear o indizível. Uma clareia a outra, e juntas constroem narrativas onde a emoção é o fio condutor.
O evento de lançamento reúne escritores, pintores e músicos. Que importância atribui a esta confluência de artes e à criação de momentos de partilha cultural?
A confluência das artes é essencial quando voz, cor e som se encontram, o público descobre várias portas para o mesmo sentimento. Esses encontros promovem diálogo e comunidade, transformando um evento em lugar de partilha. Para mim, são celebrações necessárias da vida cultural e afectiva.
O que gostaria que os leitores e visitantes levassem consigo neste duplo momento — do livro e da exposição?
Que levem um espaço de ternura e reflexão: a certeza de que recomeçar é possível, a vontade de olhar para dentro com mais brandura e a curiosidade para interpretar imagens e palavras com liberdade.
Um título para o livro da sua vida?
Entre Palavras e Cores.
Viagem?
México.
Música?
Nocturne Opus 9, Nr.2.
Hobbies?
Pintar, escrever e observar.
Se pudesse alterar um facto da história, qual escolheria?
Os momentos em que esquecemos a compaixão.
Se um dia tivesse de entrar num filme, que género preferiria?
Drama poético.
O que mais aprecia nas pessoas?
A autenticidade.
O que mais detesta nelas?
A indiferença.