Foto ilustrativa
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A Polícia Judiciária (PJ) deteve dois homens e constituiu arguidos mais 13, na sequência de uma operação policial realizada após os acontecimentos ocorridos em Fátima na madrugada de dia 02, que resultaram na morte de uma pessoa de 26 anos.

A operação policial, com o nome ‘Operação Thémis’, desenrolou-se na quinta-feira e deu cumprimento de mandados de busca e de dois mandados de detenção, por suspeita dos crimes de homicídio qualificado, detenção de armas proibidas e participação em rixa.

No desenvolvimento da investigação do Departamento de Leiria da PJ, que teve o apoio de elementos da Diretoria do Centro, da Unidade de Armamento e Segurança e por peritos de Polícia Científica, foram realizadas várias buscas domiciliárias e detidos dois suspeitos, relacionados com o homicídio e na qual estarão envolvidos cidadãos timorenses.

Foram constituídos arguidos mais 13 homens, além dos dois detidos, indiciados pelo crime de participação em rixa, procedendo-se aos respetivos interrogatórios e aplicação de termo de identidade e residência.

“A violência envolveu dois grupos opositores, estimando-se que tenha tido a intervenção de dezenas de elementos, todos do sexo masculino, utilizando armas brancas, barras de ferro, bastões e outros instrumentos de agressão”, lê-se ainda num comunicado de imprensa da PJ.

A operação policial desenvolveu-se toda em Fátima, adiantou à Lusa fonte da PJ, apesar de ter havido “elementos envolvidos na rixa que se deslocaram de Lisboa” para o local do incidente.

Das agressões resultou a morte de um homem, de 26 anos, e, pelo menos, cinco feridos, com idades compreendidas entre 22 e 27.

A PJ recolheu ainda elementos “indiciários relevantes, bem como foram formalizados vários depoimentos e testemunhos, relacionados com a situação”.

“Nesta investigação, e consequente operação, sublinha-se o apoio, desde a primeira hora, do Comando Territorial de Santarém da GNR, através do Destacamento de Tomar”, destacou a PJ.

Os detidos serão presentes hoje à autoridade judiciária para primeiro interrogatório e aplicação das medidas de coação.

A investigação prossegue, garantiu ainda a PJ.

Após os acontecimentos, o Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, pediu desculpa aos portugueses e exigiu que a justiça seja dura com os responsáveis pelo homicídio.

“Eu, como timorense e como Presidente, peço desculpa aos amigos e irmãos portugueses pelos distúrbios causados”, afirmou à Lusa o chefe de Estado timorense, propondo também que os vistos dos envolvidos fossem cancelados e estes expatriados para Timor-Leste.

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, pediu aos jovens timorenses, residentes no país e na diáspora, para deixarem de praticar as “ditas” artes marciais e rituais.

Os acontecimentos em Fátima foram também criticados pela Conferência Episcopal Timorense e pela Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), líder da oposição.

Já a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, numa visita a Dili, afirmou que os timorenses são “bem-vindos a Portugal” e adiantou que os confrontos registados em Fátima estão a ser tratados como “qualquer incidente que acontece”, independentemente da nacionalidade.

Em novembro de 2023, o Governo timorense suspendeu a aprendizagem e a prática das artes marciais, tendo em conta os graves incidentes registados no país.

O presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Humberto Silva, expressou preocupação com a insegurança, na sequência da morte de um imigrante.

“Eu sinto-me preocupado. Somos uma cidade turística, os turistas [que] vêm a Fátima e os peregrinos [que] vêm Fátima gostam de sossego, sentem-se aqui bem”, afirmou à agência Lusa Humberto Silva, manifestando aflição com “estas perturbações, estes conflitos entre gangues, entre grupos de migrantes”.

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