A comunidade católica de Abrantes está a desenvolver acções de apoio ao padre José da Graça depois de o cónego, condenado em tribunal, ter sido dispensado esta semana de funções nas paróquias da sede do concelho pela Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

“É natural que estejamos a assistir a estas manifestações de apreço e solidariedade por parte da comunidade, através de recolha de assinaturas e reuniões que estão a ser preparadas, porquanto o padre José da Graça desenvolveu em Abrantes uma importante obra social ao longo das últimas décadas e este anúncio da sua saída apanhou as pessoas de surpresa”, disse à Lusa o presidente da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, Bruno Tomás, que se escusou a comentar a dispensa anunciada pela diocese.

Em Abrantes, estão a ser recolhidas assinaturas em estabelecimentos comerciais desde quinta-feira e reuniões estão a ser agendadas através das redes sociais para “definir formas de luta” no sentido de o padre José da Graça “poder continuar a exercer”.

O sacerdote, de 76 anos, foi condenado em 12 de Junho a cinco anos de prisão, com pena suspensa por igual período, pelos crimes de burla qualificada, burla tributária e falsificação de documentos, num esquema que terá lesado o Estado em cerca de 200 mil euros através do Centro Social Inter-paroquial de Abrantes, instituição da qual era presidente. O padre recorreu da decisão do Tribunal Judicial de Santarém.

A decisão do bispo Antonino Dias foi dada a conhecer no início desta semana em comunicado, quando foi divulgada a lista de nomeações para o novo ano pastoral, e na qual se lê que o cónego José da Graça foi “dispensado de pároco das paróquias de São Vicente e São João de Abrantes” e também de capelão da Unidade Hospitalar de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo e de capelão da corporação dos Bombeiros Voluntários de Abrantes.

Contactado pela Lusa, o bispo de Portalegre-Castelo não respondeu se a decisão da dispensa do padre José da Graça naquelas paróquias estava directamente relacionada com o processo em tribunal, tendo remetido para um segundo comunicado da diocese intitulado “razões da decisão”.

No documento, publicado no ‘site’ da diocese, o bispo refere que a decisão foi tomada “em consciência e não de ânimo leve”, que “ouviu todos os interessados” e que “as decisões tomadas nem sempre agradam a todos, tendo optado pela que lhe “pareceu melhor para a missão da Igreja”.

Antonino Dias diz esperar que “este desassossego não ponha em causa a grandeza da obra construída pelo cónego José da Graça” e que o padre António Martins Castanheira, que o vai substituir, proveniente de Alcains, tenha “o devido acolhimento fraterno”.

Contactado pela Lusa, o padre José da Graça afirmou que foi “apanhado de surpresa” com o seu afastamento das paróquias da cidade de Abrantes – São Vicente e São João -, onde esteve 34 anos, considerando que a decisão “está ligada ao processo” que teve em tribunal.

“Limito-me a aceitar a decisão, mas fui apanhado de surpresa e fiquei surpreendido até porque houve uma sentença, mas há também um recurso a decorrer”, declarou o cónego, que alega inocência.

O sacerdote admitiu à Lusa que “gostaria de continuar mais uns anos” pelas “obras [sociais] em curso”, que incluem um lar de idosos e uma unidade de cuidados continuados, entre outras, e pelo “serviço à comunidade”, lamentando a decisão de Antonino Dias.

“O bispo entende que não tenho condições para continuar a exercer, limito-me a aceitar, mas eu gostava de continuar mais uns anos”, reiterou.

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