O presidente da Associação Comercial, Empresarial e Serviços (ACES), David Dias, apresentou a sua demissão, justificando a decisão com dificuldades internas, falta de coesão na equipa e obstáculos na concretização dos objectivos estratégicos da associação.
Num comunicado dirigido aos associados, David Dias fez um balanço do seu percurso à frente da ACES e explicou as razões que o levaram a tomar esta decisão. Recordou que integrou a Direcção da associação em 2019 como vice-presidente, num momento em que a ACES enfrentava sérios desafios, entre os quais uma estrutura administrativa pouco modernizada, dificuldades na captação de novos associados e uma relação institucional frágil, especialmente com o município de Santarém. A par desses problemas, a associação encontrava-se numa situação financeira deficitária, com prejuízos avultados e vencimentos em atraso.
Perante este cenário, David Dias assumiu um papel activo na implementação de medidas para recuperar a estabilidade da associação, permitindo, segundo o próprio, “ver a luz ao fundo do túnel” e iniciar um ciclo de recuperação. Foi nesse contexto que, em 2022, decidiu candidatar-se à presidência da ACES, tendo sido eleito para liderar a associação num novo ciclo de modernização e crescimento.
Durante o seu mandato, a gestão da ACES foi marcada por desafios significativos, incluindo a pandemia de COVID-19, que teve um impacto profundo no tecido empresarial. Nesse período, a associação desenvolveu várias iniciativas de apoio aos seus associados, incluindo campanhas de incentivo ao consumo no comércio local e suporte na transição digital de muitas empresas. Além disso, foram implementados projectos financiados de grande impacto, como o programa Ação-Formação Dinamizar, a Formação PME, o Bairro Comercial Digital e as Aceleradoras do Comércio Digital, iniciativas que visavam modernizar e aumentar a competitividade dos negócios associados.
A ACES também reforçou a sua relação com o município de Santarém, consolidando uma parceria estratégica para a implementação de acções de valorização do comércio local e do tecido empresarial da região. Segundo David Dias, um dos objectivos da sua liderança foi “ir além das funções normais da presidência associativa”, apostando na modernização dos processos internos, na atracção de novos associados e no aumento da visibilidade da ACES junto da comunidade empresarial.
Apesar das conquistas alcançadas, o agora presidente demissionário aponta várias razões para a sua saída. Entre os motivos apresentados, destaca-se a falta de alinhamento interno, com uma “dessincronia entre as directrizes definidas pela presidência e a execução por parte da equipa interna”, comprometendo a eficácia das acções desenvolvidas pela ACES.
Outro factor mencionado nesta nota é a “falta de coesão” dentro da equipa, que levou à saída de dois elementos fundamentais da estrutura associativa, fragilizando o ambiente interno e dificultando a concretização dos objectivos definidos. Além disso, David Dias admite que algumas iniciativas estratégicas não alcançaram os resultados esperados, o que representa uma quebra nos compromissos assumidos com os associados.
Por fim, o responsável mencionou a defesa do seu bom nome como uma das razões que pesaram na sua decisão, afirmando que, nos últimos meses, sentiu que o seu trabalho e as iniciativas implementadas foram colocados em causa, algo que considera incompatível com o respeito e a confiança exigidos na liderança associativa.
No seu comunicado, David Dias expressa gratidão aos associados que o apoiaram ao longo dos anos e assegura que deixa a ACES numa posição financeira estável, sem vencimentos em atraso. “Foi uma honra liderar esta instituição histórica, especialmente num momento tão marcante como a celebração dos 150 anos da ACES”, afirmou.
O presidente demissionário deixa ainda em aberto a possibilidade de uma recandidatura futura, afirmando estar em reflexão sobre essa hipótese. Enquanto isso, compromete-se a continuar a apoiar a ACES e os seus associados, sempre que necessário, na defesa e no fortalecimento do tecido empresarial da região.
Assembleia-Geral Extraordinária da ACES discutirá saída da Direcção e criação de comissão administrativa
A Associação Comercial, Empresarial e Serviços (ACES) convocou uma Assembleia-Geral Extraordinária para o próximo dia 13 de Fevereiro, às 18h30, na sua sede, em Santarém, com o objectivo de deliberar sobre a demissão da Direcção e a eventual criação de uma comissão administrativa que assegure a gestão da associação até à realização de novas eleições.
De acordo com a convocatória assinada pelo presidente da Mesa da Assembleia-Geral, António José Braga da Conceição, a reunião terá como ponto principal a apreciação dos pedidos de demissão apresentados por vários elementos da Direcção, incluindo o presidente demissionário David Carlos Jorge Dias. A Direcção cessante alega dificuldades na concretização de objectivos estratégicos, falta de alinhamento interno e falta de coesão na equipa como razões determinantes para a decisão.
Perante este cenário, os associados serão chamados a pronunciar-se sobre a constituição de uma comissão administrativa que assegure o funcionamento da ACES até à próxima Assembleia Eleitoral. A convocatória inclui ainda um ponto para discussão de outros assuntos considerados relevantes para a associação.
Caso à hora marcada não esteja presente a maioria dos associados, a Assembleia-Geral funcionará meia hora depois com os presentes. Será permitido o voto por representação, nos termos do artigo 18.º dos Estatutos da ACES, mediante carta dirigida ao presidente da Mesa da Assembleia-Geral, indicando o nome completo, morada e número do cartão de cidadão do associado representado e do seu mandatário, bem como o sentido de voto.
A ACES, fundada há 150 anos, tem desempenhado um papel central na dinamização do comércio e serviços na região de Santarém, tendo nos últimos anos implementado projectos de modernização e digitalização do tecido empresarial. O desfecho desta Assembleia-Geral será determinante para o futuro da associação e a definição da sua liderança nos próximos meses.