As igrejas de Bêco, Dornes e Areias, no concelho de Ferreira do Zêzere, estão a ser requalificadas para enquadrarem o futuro percurso turístico “Zêzere Sagrado”, que visa a valorização de um património que tem estado “esquecido”.

Hélio Antunes, vereador com o pelouro da Cultura na Câmara de Ferreira do Zêzere (distrito de Santarém), disse à Lusa que a requalificação inclui igualmente a torre templária pentagonal de Dornes, a primeira de arquitectura militar a ser construída em Portugal, inserida na linha de vigia do rio Zêzere, abrangendo o projecto monumentos classificados como sendo de interesse público.

Orçada em cerca de 429 mil euros, financiado em 90% no âmbito do projecto Valorizar – programa de apoio à valorização e qualificação do destino, do Turismo de Portugal, a intervenção, a concluir até ao final de 2019, vai criar um roteiro de visitação que aproveitará a atractividade conquistada pela aldeia de Dornes, sobretudo desde o concurso das 7 Maravilhas dedicado às aldeias de Portugal, para criar oferta turística no local e levar os visitantes às igrejas de Bêco e Areias, “duas das três maiores e mais significativas da Diocese de Coimbra”, afirmou.

“São majestosas e vão tornar-se visitáveis”, disse o autarca, salientando que o percurso entre os três lugares, numa extensão de sete a oito quilómetros, poderá ser feito a pé, de bicicleta ou de carro.

Hélio Antunes salientou o papel desempenhado por Manuel Vaz Patto, o jovem padre que chegou à paróquia e dinamizou a candidatura, promovida pela Fábrica da Igreja do Bêco, em parceria com as de Dornes e de Areias e com o município e as três freguesias abrangidas.

Manuel Patto disse à Lusa que Dornes é muito visitada sem que, contudo, exista oferta, nomeadamente explicativa do ponto de vista histórico, pelo que a igreja local, o santuário de Nossa Senhora do Pranto, vai acolher um museu com o espólio de uma tradição única, com origem na Idade Média, mostrando os círios que todos os anos são trazidos em romarias, entre a Páscoa e setembro, provenientes de 40 paróquias de 11 concelhos de quatro distritos do Centro do país.

“Cada um tem o seu dia e a sua forma de festejar e não existe noutro lugar do país outra coleção de círios (velas grandes) igual a esta. Alguns têm 200 anos. É tudo isso que queremos explicar nessa exposição permanente”, afirmou.

Segundo o pároco, o crescimento do número de visitantes em Dornes levou a população local a juntar-se, formando equipas que têm permitido manter o santuário aberto todos os dias.

A torre templária, situada junto à igreja, ficará igualmente visitável, com um miradouro e exposição sobre a história templária, e a igreja do Bêco (do século XVI), que estava fechada devido ao estado de degradação, vai ser restaurada.

O projeto inclui a instalação, em todos os monumentos, de informação bilingue e para cegos, e acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida.

O percurso pedestre ligará ao Caminho Português de Santiago que passa em Areias, acrescentou.

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