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Um projecto desenvolvido nos últimos três anos com insectos, para produção de adubos a partir de subprodutos vegetais e de farinha para alimentação animal, prevê um investimento de 15 milhões de euros no distrito de Santarém, disse um dos promotores.

Daniel Murta, da EntoGreen, empresa de Santarém que desenvolveu o EntoValor juntamente com investigadores da Estação Zootécnica Nacional (EZN), pólo de Santarém do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), um entreposto agrícola e produtores de rações animais, disse à Lusa que o investimento, que prevê a criação de 55 postos de trabalho, será anunciado na sexta-feira, numa sessão que visa divulgar os resultados do projecto.

A unidade fabril, em fase “avançada” de negociações com um grupo empresarial português e a instalar no distrito de Santarém, permitirá dar escala a uma produção que, no âmbito da investigação, foi realizada em protótipos, com “resultados muito interessantes”, tanto no uso do fertilizante orgânico obtido pela acção dos insectos, como na transformação destes em farinha para alimentação de aves.

Os resultados que serão apresentados na sexta-feira na EZN, em Santarém, mostram que a utilização deste fertilizante orgânico se traduziu num aumento de 16% na produção de batata e, se no tomate para a indústria a quantidade se manteve, a qualidade foi “substancialmente melhor”, disse.

Já a farinha de insectos, que permitiu substituir na totalidade a farinha de soja (importada) na alimentação de galinhas poedeiras, não alterou a qualidade dos ovos produzidos, demonstrando que “é possível produzir animais de forma mais sustentável”.

A unidade que deverá resultar do projecto, a desenvolver a partir do próximo ano e com previsão de entrada em laboração no final de 2021, “será uma das cinco primeiras a nível mundial” e estará “na ponta da tecnologia”, declarou.

A perspectiva é que venha a ter capacidade para produzir anualmente 2.500 toneladas de proteína de insecto e 500 toneladas de óleo de insecto, gerando 9.000 toneladas de fertilizante orgânico através da conversão de cerca de 36.000 toneladas de subprodutos, recirculando todos os seus nutrientes, adiantou o empresário.

Os resultados preliminares deste projecto “foram bastante animadores”, pois “demonstraram que é possível substituir totalmente a soja por farinha de insectos e produzir de forma eficiente os animais”, bem como mostraram que os fertilizantes gerados “são úteis no solo”, quer na produção de milho, quer na de batata ou de tomate, estando a ser testados laboratorialmente em alfaces.

O EntoValor, orçado em 750.000 euros, contou com apoios comunitários do Portugal 2020, inserindo-se no âmbito da economia circular, uma vez que permite aproveitar os desperdícios vegetais, calculados em cerca de 30%, produzindo fertilizantes naturais, com benefícios para as plantas e o solo (nomeadamente com maior eficácia na retenção de água, factor crítico em situação de seca), afirmou.

Por outro lado, os insectos – neste caso a larva da mosca soldado negra – dão origem a “duas fontes nutricionais alternativas: a proteína de insecto e o óleo de insecto, altamente valorizadas, comparadas com farinha de peixe e que começam a ser bastante apetecíveis, por exemplo na indústria de produção de aquacultura”, acrescentou.

Com a construção da unidade, o uso da farinha de insectos, testada nesta fase em aves, será alargada a porcos e peixes, disse Daniel Murta, frisando a diminuição da dependência de mercados internacionais e a perspectiva que se abre à exportação.

O empresário sublinhou o apoio do INIAV, onde as empresas puderam contar com a vertente de investigação e desenvolvimento e a possibilidade de submissão de candidaturas a fundos comunitários.

Além do INIAV, são parceiros do projeto a AgroMais Plus, a Rações Zêzere e a Consulai.

Ao longo dos 40 meses do projecto, foram desenvolvidas quatro teses de mestrado, vários artigos técnicos e científicos, feitas mais de 50 apresentações em simpósios e congressos e editado um livro em colaboração com a Direção Geral de Agricultura e Veterinária.

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