O promotor do projecto para construção de um aeroporto em Santarém, custeado por privados, defende as “vantagens diferenciadoras” desta localização, enquanto os autarcas da região criticam o surgimento de novas opções “a meio do processo”.
No dia em que os promotores do projecto e os municípios de Santarém, Golegã, Torres Novas e Alcanena apresentam a iniciativa a partes interessadas e a autarcas da região no Convento São Francisco, o fundador do Magellan 500, Carlos Brazão, disse à agência Lusa que esta é “uma opção com vantagens diferenciadoras relativamente a todos os projectos”.
“Sendo nós entidades empresárias e grupos empresariais, […] se nós o propusemos é porque achamos que tem vantagens claras e benefícios únicos e, portanto, estamos confiantes”, acrescentou, aludindo a “diversos fatores-chave, como por exemplo a proximidade a Lisboa, o facto de ser um projecto de iniciativa privada, que poupa muito dinheiro aos contribuintes, um projecto de rápida implementação e um projecto escalável para que nunca mais se tenha de voltar a discutir aeroportos”.
Numa altura em que existem várias localizações em cima da mesa, nomeadamente as de Monte Real e Alcochete+Portela, anteriormente faladas e noticiadas nos últimos dias, Carlos Brazão diz compreender “perfeitamente a entrada de novos projectos porque esta pretende-se que seja a última avaliação que se faz porque é uma decisão definitiva”.
“E sendo a última avaliação, quanto mais inclusiva for, quanto mais olhar para todas as avaliações possíveis, quanto mais for no espírito de que não se deixou de olhar para nenhuma solução melhor, mais credível será. Vemos com bons olhos e só reforça a possibilidade que seja a opção final”, adiantou.
Visão diferente tem a presidente da comunidade intermunicipal do Médio Tejo, Anabela Freitas, que afirmou à Lusa, à margem do evento em Santarém, que “não é muito cordial, a meio do processo, entrarem novas localizações”.
“Houve algo que foi encomendado para estudar x localizações. É certo que desde o início estava sempre em cima da mesa poderem entrar novas localizações, mas nesta fase do processo retomar processos que já tinham sido falados, voltar a pegar nesses processos, a nós não nos parece correto”, acrescentou a responsável.
Ainda assim, para a também presidente da câmara municipal de Tomar, os autarcas estão “confiantes naquilo que é a mais-valia do projecto” face às restantes localizações, “sobretudo estas duas últimas que surgiram na semana passada”.
“E há aqui algo que une os 11 presidentes de câmara da comunidade intermunicipal do Médio Tejo: trata-se de um investimento privado”, apontou, questionando “porquê aplicar dinheiros públicos quando há um investimento privado”.
Também o presidente da câmara municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves, sublinhou à Lusa que a opção ribatejana é “a melhor solução”.
“Aparecerem novas soluções, mas, depois de as ver, penso que só reforça o nosso projecto de Santarém, acho que o projecto sai reforçado”, vincou, lembrando a proximidade às autoestradas e aos vários percursos até Lisboa na linha ferroviária do Norte.
Ainda hoje, os municípios de Santarém, Golegã, Alcanena e Torres Novas assinam um acordo de cooperação intermunicipal com vista à congregação de esforços destas autarquias para o planeamento do território para a nova cidade aeroportuária.
Previsto está que este projecto permita a criação de 820 empregos directos na nova infraestrutura aeroportuária, que poderá gerar um milhão de passageiros.
Quanto ao investimento, será inicialmente entre 1.000 e 1.200 milhões de euros, financiado por privados.