O desporto oferece-nos momentos de espetáculo, magia, arte e paixão verdadeiramente deslumbrantes.
O desporto, é muito mais do que o golo do futebol, o ensaio no rugby, o cesto no basket, o ponto do ténis…
O futebol tem a curiosidade de ser um desporto em que o resultado, muitas vezes, é igual aquele com que o jogo começa. No final de uma qualquer partida da maioria das modalidades isso é muito raro acontecer ou mesmo impossível. Por isso o golo é o grande momento do jogo. Em regra.
O adepto vai para o estádio para festejar vitórias.
É assim quase 99% das vezes. Quando a vitória não acontece vem o desânimo, a tristeza e muitas vezes a libertação de frustrações e demonstração de comportamentos que nada têm a ver com o desporto, mas apenas com a manifestação de falta de civismo e de uma propensão para o crime.
Gosto do reconhecimento que os adeptos dão aos jogadores das suas Equipas.
Reconhecendo o seu empenho, dedicação e esforço.
Mais ainda num país como o nosso que é profundamente clubista e porque desportista.
Quando os jogadores deixam de ser jogadores dessas mesmas Equipas e passam a ser adversários, não inimigos como tantas vezes se tenta fazer passar a ideia, fundamentalmente e lamentavelmente no futebol, os adeptos têm reações que vão do apupo à indiferença, do insulto ao aplauso.
É fantástico ver os adeptos num Estádio a levantarem-se para aplaudir um jogador adversário.
Felizmente acontece.
E bem alto gritarem o seu nome. Assim, foi no passado sábado no Estádio da Luz com o jogador Samaris e durante o Benfica vs Rio Ave.
O Grego que jogou 7 épocas no Benfica, sempre com grande profissionalismo e que saiu do Clube por opção deste e após um processo que levou a um acordo de rescisão, nunca escondeu o seu benfiquismo.
Samaris não nasceu benfiquista, mas é na verdade um grande Benfiquista. Chegado a Portugal, rapidamente se esforçou para aprender a nossa língua e passados poucos meses já dava entrevistas num português perfeitamente percetível.
Integrou-se da melhor maneira num país que tão bem o acolheu.
E era daqueles atletas que, mesmo quando estava no banco de suplentes, sofria pelo seu Clube.
Foi por isso um grande momento quando no sábado, no início do jogo e quando foi substituído, Samaris voltou a ter os benfiquistas a seus pés. E de forma justa e merecida.
As suas lágrimas, no início e quando foi substituído, são toda uma demonstração de amor a um Clube.
Os adeptos sentiram-no tal como ele. Se Samaris tivesse marcado naquele jogo, provavelmente até seria aplaudido. Porque o “momento Samaris” do fim-de-semana é a prova evidente que não é preciso um golo para se festejar num Estádio de Futebol. E agradecer-se por 7 anos de dedicação e empenho total a um Clube.
Naquele momento, os Benfiquista agradeceram tudo aquilo que Samaris deu ao Benfica.
Porque jogue onde jogar, Samaris será sempre benfiquista.
E ao longo de todos os seus anos de profissional, ele tudo fez para que um dia viesse a merecer aquele momento. Como poucos o tiveram…