António Camilo, presidente do Município da Golegã, fala com orgulho sobre o crescimento e as iniciativas que têm transformado a vila ribatejana num destino de referência para os amantes da cultura equestre e do turismo de natureza. A Feira Nacional do Cavalo, expandida este ano com a nova Praça Manuel Tavares Veiga, é o principal evento do concelho, atraindo milhares de visitantes e impulsionando a economia local. “Este novo espaço é uma mais-valia para a Feira, mas também um ponto de partida para eventos ao longo do ano, dinamizando a vila e promovendo o comércio e a restauração locais”, afirma o autarca, em entrevista ao Correio do Ribatejo. Com o objectivo de valorizar o património cultural e natural da Golegã, o presidente avança que o município está a preparar a candidatura da Feira a património cultural imaterial da UNESCO, um reconhecimento que asseguraria a preservação e projecção da tradição equestre da vila.

Para além da Feira, o presidente traça projectos estruturantes que visam fortalecer a oferta cultural e desportiva do concelho. A construção de um pavilhão multiusos, um novo picadeiro coberto e uma tribuna no Centro de Alto Rendimento de Desportos Equestres são algumas das iniciativas que, segundo António Camilo, irão “consolidar a Golegã como uma referência nacional e internacional no desporto equestre”. Ao mesmo tempo, o município quer captar um público diversificado e fomentar um turismo sustentável, promovendo o acesso e a valorização da Reserva Natural do Paúl do Boquilobo. Esta área protegida, Património da Biosfera da UNESCO, é “um tesouro ecológico que queremos dar a conhecer a mais visitantes, sempre com o devido respeito pelo ambiente”, destaca.

A habitação é outro dos temas centrais para o autarca, que vê na criação de habitação a custos controlados uma resposta à necessidade de fixar a população, sobretudo jovens. O projecto em curso, que prevê 52 novas habitações, visa oferecer condições justas para que as novas gerações possam estabelecer-se no concelho. “Queremos uma Golegã que seja um bom lugar para viver e crescer, com oportunidades de habitação acessível e emprego”, sublinha, destacando ainda o impacto da Feira Nacional do Cavalo na economia local, apontando o evento como um motor fundamental que atrai visitantes, promove o comércio e fortalece a identidade do concelho.

Questionado sobre o legado que gostaria de deixar, António Camilo afirma o desejo de ser lembrado como o presidente que respeitou e valorizou a herança cultural da Golegã, mas que também preparou o concelho para o futuro. “Se conseguir deixar a Golegã com melhores infra-estruturas, uma economia mais forte e oportunidades para os jovens, sentirei que cumpri o meu dever”, conclui.

Este ano, a Feira Nacional do Cavalo na Golegã apresenta um novo espaço, a Praça Manuel Tavares Veiga, que amplia o recinto. O que motivou esta expansão e que impacto espera que traga à Feira?

A expansão da Feira Nacional do Cavalo vem de uma ideia antiga, já falada desde os anos 40, que visa melhorar as condições do Largo do Arneiro e responder ao aumento de visitantes e expositores. Este ano conseguimos concretizar essa visão, com a aquisição de uma área adicional de 4 mil metros quadrados, agora denominada Praça Manuel Tavares Veiga. É uma homenagem ao pai do Sr. Manuel Veiga, uma figura que marcou a Golegã e contribuiu muito para a vila, incluindo para a saúde local, com a construção do antigo hospital. Esta expansão permite-nos criar zonas de circulação mais amplas, garantindo uma experiência mais confortável e segura para os visitantes. Trata-se de um espaço onde os visitantes têm disponível a Petiscaria, com seis espaços de restauração, diversos pontos de venda de comidas, zona de artesanato, correaria, vestuário e calçado.

Além de proporcionar melhores condições durante a Feira, a nova área servirá de palco para eventos ao longo do ano. Queremos que a Golegã mantenha um dinamismo turístico, não só durante a Feira do Cavalo, mas também ao longo dos restantes meses. Este novo espaço, bem aproveitado, pode ser um importante motor para o desenvolvimento local, incentivando a permanência dos visitantes e fomentando o comércio.

Em termos de impacto económico, quais são as suas expectativas para este alargamento da Feira?

Acredito que a nova Praça Manuel Tavares Veiga terá um impacto muito positivo na economia local. A par da sua utilização intensiva durante a Feira, o espaço permite-nos revitalizar o mercado semanal e relançar a antiga Feira das Quinquilharias e dos Carrosséis, que marcou várias gerações na Golegã. Além disso, planeamos acolher eventos adicionais, como feiras gastronómicas e mostras de artesanato, para atrair visitantes ao longo de todo o ano.

Ao dinamizar o espaço, esperamos que mais pessoas escolham a Golegã como destino regular, o que beneficia directamente o comércio, a restauração e os alojamentos locais. Esta nova estrutura traz uma oportunidade de crescimento económico para o concelho e contribui para uma nova dinâmica, que será, naturalmente, vantajosa para todos.

A Feira Nacional do Cavalo já é um ícone cultural e económico. Está na calha a candidatura deste evento a Património da UNESCO. Como está a decorrer o processo?

Estamos a trabalhar, efectivamente, para que a Feira Nacional do Cavalo seja reconhecida como património cultural imaterial pela UNESCO. Consideramos que a Feira tem todas as condições para merecer essa distinção, não só pela sua importância no contexto da cultura equestre portuguesa, mas também pela forte ligação histórica que a Golegã tem com o mundo do cavalo. Esta candidatura não é apenas uma questão de simbolismo; será também uma forma de preservar as tradições e fortalecer a identidade cultural da Golegã.

Caso seja reconhecida como património pela UNESCO, a Feira ganhará ainda mais projecção a nível internacional, o que ajudará a atrair visitantes de todo o mundo e garantirá a continuidade das nossas tradições. Estamos a trabalhar em parceria com várias entidades e a mobilizar o apoio da comunidade para esta candidatura, pois é algo que beneficiará todo o concelho e honrará a nossa história.

Em relação à segurança da Feira, que medidas foram implementadas este ano?

A segurança é uma das nossas maiores prioridades. No ano passado, introduzimos um sistema de videovigilância que se revelou muito eficaz e, este ano, expandimos a sua cobertura para incluir o novo espaço da Feira. Este sistema permite à GNR monitorizar o recinto em tempo real, o que facilita a prevenção e resolução de incidentes de forma rápida.

Implementámos também restrições de circulação para veículos e cavaleiros, definindo horários específicos para evitar congestionamentos e assegurar um ambiente mais seguro para todos. Esta parceria com as autoridades, juntamente com o controlo do trânsito e das actividades no recinto, tem sido fundamental para garantir uma experiência tranquila e agradável para os nossos visitantes.

Em termos de impacto económico, como vê o papel da Feira Nacional do Cavalo na promoção da economia local?

A Feira Nacional do Cavalo é, sem dúvida, um motor económico fundamental para a Golegã. Durante os dias da Feira, a vila vive um dinamismo sem paralelo, com a chegada de milhares de visitantes e profissionais ligados à cultura equestre. Este fluxo tem um impacto significativo no comércio local, na restauração e nos alojamentos. A Feira promove a marca da Golegã como capital do cavalo, atraindo turistas que regressam noutras épocas do ano.

Este impacto económico directo e indirecto tem sido crucial para o desenvolvimento da vila. O nosso objectivo é maximizar esse impacto, criando uma base de desenvolvimento sustentável que aproveite a visibilidade da Feira e fortaleça o tecido económico do concelho ao longo do ano.

Para além da Feira, que outros projectos considera fundamentais para o desenvolvimento do concelho?

A Feira Nacional do Cavalo é, sem dúvida, o evento mais emblemático da Golegã, mas temos outros projectos essenciais para garantir o desenvolvimento sustentável do concelho. A construção de um pavilhão multiusos é uma das nossas principais prioridades, pois será uma infra-estrutura com grande utilidade para a comunidade. Este pavilhão permitirá acolher eventos desportivos, culturais e sociais, promovendo o desporto e a cultura e fortalecendo a dinâmica da vila ao longo do ano.

Além disso, no Centro de Alto Rendimento de Desportos Equestres, estamos a planear construir um picadeiro coberto e uma tribuna. Estes investimentos vão dotar o centro de condições ideais para acolher competições de alto nível e atrair atletas nacionais e internacionais. Queremos que a Golegã continue a ser uma referência no desporto equestre em Portugal, mas também estamos a diversificar a oferta de actividades e infra-estruturas para diferentes públicos, o que torna o concelho mais atractivo e inclusivo.

A Golegã é conhecida pela proximidade com a Reserva Natural do Paúl do Boquilobo, um ecossistema único e valioso. Que importância atribui a esta reserva, e que planos existem para a sua valorização?

A Reserva Natural do Paúl do Boquilobo é um tesouro ambiental da nossa região e uma área de valor ecológico inestimável. Este ecossistema, reconhecido como Património da Biosfera pela UNESCO, é um santuário para a vida selvagem, especialmente para as aves aquáticas. Queremos que o Paúl do Boquilobo seja conhecido e visitado, mas sempre com um enfoque na sustentabilidade e no respeito pelo ambiente.

Trabalhamos em conjunto com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para proteger o Paúl e incentivar um turismo de natureza responsável. Temos também planos para melhorar o acesso controlado à reserva e para promover actividades de educação ambiental que sensibilizem os visitantes para a importância deste ecossistema. Acreditamos que o Paúl pode ser um ponto de atracção turística, especialmente para os amantes da natureza, mas com a garantia de que o seu equilíbrio natural será preservado.

A habitação é um desafio em muitos concelhos, especialmente para a fixação de jovens. Que medidas estão a ser tomadas para responder a essa necessidade na Golegã?

A questão da habitação é, sem dúvida, um dos grandes desafios para a Golegã, particularmente para os jovens que querem estabelecer-se no concelho. Temos em curso um projecto para construir 52 habitações a custos controlados, o que será essencial para que as jovens famílias possam encontrar aqui condições justas e acessíveis para viver. Além disso, incentivamos a reabilitação de imóveis devolutos, para que mais imóveis possam entrar no mercado de arrendamento, tornando a oferta de habitação mais equilibrada.

Esta é uma questão prioritária, e estamos a mobilizar todos os recursos para criar condições que atraiam e fixem a população. Queremos garantir que os jovens têm oportunidades de se estabelecer e de contribuir para o futuro do concelho, com habitação e qualidade de vida acessíveis.

Para concluir, que mensagem gostaria de deixar aos habitantes da Golegã e aos visitantes, especialmente neste período de celebração da Feira?

A Feira Nacional do Cavalo é um evento que reflecte o trabalho de todos os habitantes da Golegã, e gostaria de agradecer o apoio e a dedicação de toda a comunidade. A nossa vila e as nossas tradições ganham vida com o empenho de cada um, desde os expositores aos visitantes, passando por todos aqueles que participam na organização. Este é um momento de união e celebração da nossa cultura equestre, que todos os anos mostramos com orgulho ao país e ao mundo.

Convido também os visitantes a regressarem em qualquer altura do ano. A Golegã tem muito para oferecer, e estamos a construir um concelho vibrante e acolhedor, onde a tradição se cruza com a inovação. Queremos que todos aqueles que visitam a nossa vila se sintam em casa e que levem consigo o desejo de voltar.

E num dia em que saia, gostaria de ser lembrado como o presidente que…?

Gostaria de ser lembrado como o presidente que contribuiu para o desenvolvimento sustentável e para a estabilidade do concelho. A minha prioridade sempre foi garantir uma gestão equilibrada, sem recorrer a endividamento excessivo, para que as futuras gerações encontrem na Golegã um concelho próspero e bem estruturado. Se conseguir deixar a Golegã com melhores infra-estruturas, como o pavilhão multiusos e um centro equestre moderno, com uma economia local mais forte e oportunidades de fixação para os jovens, sentirei que cumpri o meu dever. Mais do que tudo, espero ser recordado como alguém que respeitou e valorizou as tradições e a identidade única da nossa vila, mas que também soube prepará-la para o futuro.

FMM/JPN

Leia também...

“As pessoas têm que perceber que o tratamento dos resíduos tem um custo”

É no Eco Parque do Relvão que, desde 1996, são recepcionadas e…

“A JMJ marca uma nova fase da presença da Igreja na sociedade portuguesa”

No rescaldo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Correio do Ribatejo…

“As minhas fotografias de hoje falam de sentimentos”

Catarina Araújo Ribeiro é fotógrafa e formada em sociologia, com mestrado em…

‘Temos um território com muito para contar’

Com o Alentejo e o Ribatejo distinguidos como Destino Nacional Convidado da…