Uma equipa de arqueólogos da Universidade do Algarve, liderada por Célia Gonçalves, continua a desvendar os mistérios dos Concheiros de Muge, localizado próximo da Ribeira de Muge, em terrenos da Casa Cadaval.
As escavações, que começaram no início de Agosto no Concheiro Cabeço da Amoreira e prolongarão até Setembro, visam aprofundar o conhecimento sobre o quotidiano dos últimos caçadores-recoletores do Vale do Tejo, que habitaram esta região entre 8000 e 5000 anos antes de Cristo.
Até ao momento, as investigações já permitiram a descoberta de uma vasta gama de artefactos, desde ossos de animais que revelam os hábitos alimentares destas comunidades, a conchas perfuradas utilizadas como adornos, passando por ferramentas de pedra para cortar, raspar e caçar. Além disso, os arqueólogos encontraram esqueletos humanos que estão a ser analisados em laboratórios especializados em Liverpool, Inglaterra.
Com o objetivo de facilitar o estudo dos achados arqueológicos, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, em parceria com a equipa de investigação, criou um laboratório de arqueologia na Casa do Povo de Muge. Este espaço, que no futuro integrará um núcleo museológico dedicado aos Concheiros de Muge, permitirá uma análise mais aprofundada dos materiais recolhidos nas escavações.
No dia 15 de Setembro, no âmbito das Jornadas de Cultura organizadas pela Câmara Municipal, o público terá a oportunidade de visitar o laboratório de arqueologia e as escavações no Concheiro Cabeço da Amoreira de Muge. Esta iniciativa visa promover a divulgação do património arqueológico local e sensibilizar a população para a importância da preservação destes sítios.
Os Concheiros de Muge, classificados como Monumento Nacional em 2011, constituem um testemunho único sobre o modo de vida das primeiras populações que habitaram o território português. As investigações em curso continuam a revelar novos detalhes sobre a história e a cultura destas comunidades, contribuindo para uma melhor compreensão da nossa identidade e raízes.