O Núcleo de Árbitros da Lezíria do Tejo organizou um colóquio sobre a “Retoma do Futebol” no dia 9 de Outubro, pelas 21h30, no Cine Teatro de Almeirim.

O debate sobre o tema contou com a presença de Francisco Jerónimo, presidente da Associação de Futebol de Santarém; João André, médico ligado à União de Leiria; Natanael Costa, treinador do Sertanense; Luís Nascimento, fisioterapeuta da Selecção Nacional de Futebol Praia; João Martins, jogador do União de Tomar e Hugo Silva, árbitro de primeira categoria. A moderação do debate esteve a cargo do jornalista Paulo Pereira.

Entre os temas abordados na iniciativa, aquele que suscitou mais conversa foi o regresso do público aos estádios como parte fundamental deste desporto.

O médico, João André, abordou que a questão de abertura ao público e das competições aos mais jovens não dependem apenas das autoridades de saúde, sendo esta uma das poucas doenças onde também entra a política.

“Esta é das poucas doenças onde as decisões e critérios para abordar não são meramente clínicos, são eles também políticos. A doença é mesma e o comportamento é completamente diferente na Primeira Liga do que é no Campeonato de Portugal. Os atletas correm todos o mesmo risco, portanto as atitudes são completamente diferentes”, refere o profissional de saúde.

João André compara ainda a forma como foi abordado o caso positivo na seleção nacional e outro qualquer caso positivo em escalões de futebol mais baixos.

“No caso da selecção a abordagem ao caso positivo é completamente diferente do que se amanhã acontecer um caso também positivo numa equipa que não tem a mesma repercussão. As diferenças são enormes”, esclarece.

O tema das lesões pós-confinamento foi uma das questões levantadas pelo profissional da Seleção Nacional de Futebol Praia. O fisioterapeuta, Luís Nascimento, destaca que não há só covid-19 no futebol e o facto de poder existir um aumento exponencial das lesões entre os atletas.

“Uma das consequências da covid-19 é que o número de lesões vai aumentar drasticamente. Grande parte dos atletas não treinaram e aqueles que treinaram fizeram-no em desportos não especialmente relacionados com o futebol”, começa por indicar o profissional.

“Uma outra situação que acho que está a acontecer nos campeonatos mais amadores, é que os campeonatos estão a começar, as equipas não estão formadas e apenas com uma ou duas semanas de treinos. Por problemas burocráticos ou financeiros e o facto de não terem uma pré-época vai ter implicações e já as começam a haver a nível das lesões”, esclarece.

Os timings e incerteza em relação ao início dos campeonatos foi para o treinador do Sertanense, Natanael Costa, a maior dificuldade da retoma do futebol. O técnico deu conta da dificuldade em organizar a equipa para o Campeonato de Portugal por ninguém saber ao certo quando iria começar a competição.

“Havia muita especulação. Começou por ser a data de 20 de Setembro, mas havia muita contra-informação sobre esse mesmo início e por causa disso houve relutância, inclusivamente do nosso clube, em começar a treinar. O ideal seria fazer uma pré-época mais longa dado que o interregno foi muito grande e fazer uma readaptação ao esforço. Fizemos uma pré-temporada de cinco semanas, muito pouco para o ideal”, esclarece o técnico.

Os jogadores de futebol viveram a incerteza de saber se iriam voltar a jogar ou não. O tempo de paragem entre as competições levantou muitas dúvidas até em jogadores já mais experientes como é o caso de João Martins, agora ao serviço do União de Tomar.

“O meu campeonato terminou no dia 13 de Março e comecei a treinar a 20 e poucos de Agosto. É muito tempo para estar parado. Apesar de me sentir inseguro perante algumas coisas que vão acontecendo e onde existem muitas dúvidas acabei por decidir voltar a jogar. Fiquei feliz com a escolha que fiz, mas tenho muitas dúvidas para o que aí vem”, realça.

Segundo Hugo Silva, a retoma de futebol também causou receios nos profissionais do apito. O árbitro de primeira categoria destacou o facto de já ter efectuado 25 testes.

“Na retoma do futebol houve muitos receios. Depois de estar em casa, ouvir a notícias e ver como ia ser a retoma é natural que haja dúvidas. O campeonato começou com muitos testes, éramos testados em algumas situações duas vezes antes de cada jogo. Eu próprio fiz já 25 testes, o que também nos dá alguma segurança, mas ao mesmo tempo temos sempre intranquilidade porque estamos expostos”.

O presidente da Associação de Futebol de Santarém, Francisco Jerónimo, destacou a necessidade do regresso do público aos estádios. O dirigente comparou mesmo a permissão dado ao público para outros eventos culturais e não ao futebol.

“Temos de no habituar a viver com esta realidade e seguir as regras que as autoridades de saúde nos tem dado. Já em relação ao público é um caso estranho porque parece que o futebol e o desporto em geral não pode, nem deve ser transformado no vírus maldito. Tem havido no meio disto tudo uma incoerência muito grande. Permite-se à partida público nos grandes prémios, permite-se público nas touradas e faz-se outro tipo de festas. No futebol parece que há qualquer coisa que não funciona. Dá vontade de perguntar se há algum sítio onde se estude tanto como no futebol, onde se testa mais e se tem mais cuidados?”, defende.

“A mim não me interessa mesmo nada que quem decida goste ou não de futebol. Agora tem é de ser coerentes. Depois dos testes de público com a Seleção Nacional acredito mesmo que a retoma do público aos estádios será um realidade a curto prazo”, conclui o dirigente.

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