O Município de Rio Maior assinalou 187 anos do Concelho com uma sessão comemorativa, no cine-teatro municipal, na manhã de segunda-feira (dia 6), durante a qual homenageou, a título póstumo, Maria da Nazaré Coelho Fernandes de Sousa Varela e duas empresas do concelho: a Dinazzo, Comércio de Produtos Pecuários e Agrícolas, Lda e a Inter-Churrasco, Actividades Hoteleiras, Lda, as três com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Prata.

Foram ainda agraciados com o diploma de serviço público os funcionários da autarquia José Louro, Maria Emília Aires e Arnaldina Rosa, aposentados em 2022, bem como Maria da Luz Paixão e Susana Diniz, por 30 anos ao serviço do Município riomaiorense.

Numa sessão que contou com as forças vivas da cidade e com as presenças dos presidentes da Câmara e Assembleia Municipal de Cantanhede, cidade geminada com Rio Maior, Isaura Morais, presidente da Assembleia Municipal, na sua intervenção, referiu que o municipalismo sai reforçado com sessões como esta, que “reforça o espírito de comunidade envolvendo todas as forças vivas do concelho”, num dia que deve ser “de reflexão” e servir para “reavivar a memória de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o crescimento e consolidação de Rio Maior”, disse.

Sublinhou ainda a intenção de “manter e reforçar” a cooperação com o Município de Cantanhede, concelho geminado com o de Rio Maior desde 6 de Novembro de 1996. Isaura Morais abordou a descentralização de competências, do Estado central para a gestão municipal e intermunicipal: “Quem está mais próximo faz melhor, mais rápido e mais barato”, considerou.

“A proximidade torna a gestão dos dinheiros públicos mais eficaz, e mais eficiente”, acrescentou, referindo-se de seguida à pressão demográfica, à transição climática e à transição digital, como “desafios que não são só para a gestão autárquica, são também para a gestão das instituições escolares”.

Saudando os empresários presentes, a presidente da Assembleia Municipal lembrou ainda que “vivemos tempos difíceis e de incerteza, o que exige de todos uma gestão muito mais criteriosa e um empenho maior na construção do nosso futuro individual, e enquanto comunidade”, concluiu.

“A tentação de fazer polémica em vez de política”

Filipe Santana Dias, presidente da Câmara de Rio Maior, usou da palavra na sessão para falar de “187 anos de uma bonita história”, da qual “nos devemos orgulhar todos os dias”, lembrou.

O autarca reafirmou a aposta na captação de investimento privado e público para um concelho “onde a qualidade de vida dos seus habitantes não é colocada em causa.” Contudo, salientou, os “tempos difíceis” em que vivemos: “aquilo que sinto enquanto autarca, mas também enquanto português, é que na realidade parecemos ter dois países completamente diferentes. Primeiro, o país do excel, o país da folha de cálculo, que permite sucessivas torturas até nos dar o resultado que queremos obter. O país de que ouvimos falar tantas vezes, mas não sentimos verdadeiramente conhecer.

O país do crescimento económico, do investimento público, do aumento da qualidade dos serviços, da justiça social, o país com rácios na educação, na saúde ou na justiça que parece superar tudo e todos. Ouvimos falar de um país visto através das janelas de alguns gabinetes de Lisboa cuja vista é possivelmente toldada pelo distanciamento das pessoas, aos problemas, pelo distanciamento à realidade”, opinou, contrapondo com “o país real”: “aquele em que as famílias lutam diariamente contra o aumento selvagem do custo de vida, seja pelo sucessivo aumento de preços, seja pelo aumento das taxas de juro. Um país em que quem devia suportar a sua população a deixa sem médico de família, sem docentes para formar os seus filhos, sem segurança nas ruas, sem soluções para o futuro daqueles que juram servir. Um país em que quem lidera está sucessivamente a resolver a crise interna da liderança, não lhe restando tempo e compromisso para propor soluções para a crise real do país”, criticou.

Por tudo isto, Santana Dias entende que caso não se “contrarie o marasmo a que facilmente os decisores tendem a acomodar-se”, poderá agravar-se a “desconfiança” na classe política.

“A desconsideração por todos aqueles que são eleitos para representar o seu povo, desembocará obrigatoriamente em populismo e movimentos que se alimentam da insatisfação para, lentamente, irem impondo uma ideologia que nada interessa ao país ou a Rio Maior em particular”, observou.

“Vamos assistindo à tentação de fazer polémica em vez de política”, concluiu. Filipe Santana Dias abordou ainda a transferência de competências do poder central para as autarquias, referindo-se a Rio Maior como um município que “esteve na linha da frente na assunção dessas competências”.

“Fizemo-lo desde sempre porque acreditamos que relativamente ao Estado central continuamos a conseguir fazer melhor, mais rápido e mais barato”, disse.

Contudo, o autarca explicou por que se recusa aceitar as competências na área da saúde, informando que após um “levantamento exaustivo” das necessidades do concelho, resultou a necessidade de investimento de um valor que segundo Santana Dias “rondará entre 1,5ME e 2ME”.

“Numa primeira abordagem, e para que o nosso município aceitasse a transferência de competências foi sugerido pelos serviços de saúde um investimento de cerca de 400.000€. Valor que, em bom português, não chegava nem para começar,” fundamentando desta forma a recusa na aceitação das referidas competências por considerar que seria uma “irresponsável assunção de competências” para o município.

Essa decisão fez com que as autoridades de saúde concordassem em fazer um “levantamento conjunto de necessidades por forma a poder corroborar aquela que foi a inventariação da Câmara”, mas o autarca lamenta que “já passaram dois meses sem que tenha havido qualquer disponibilidade, apesar de toda a nossa insistência, para os técnicos virem realizar o tal levantamento”.

“Infelizmente somos forçados a concluir que não existe outra preocupação que não seja politiqueira. Não existe preocupação com o estado das instalações, nem com os cuidados de saúde dos riomaiorenses. Existe, como infelizmente tantas vezes assistimos, uma preocupação urgente e a qualquer custo em sacudir a água do capote, transferindo para outros as suas responsabilidades”, criticou.

Santana Dias considerou “atroz” a “injustiça financeira” com a qual as autarquias lidam diariamente.

“Todos concordamos que os ordenados em Portugal deveriam crescer. Aquilo com que já nem todos concordamos é que exista uma subida de vencimentos, quase que exclusiva, aos vencimentos mais baixos, aproximando perigosamente o ordenado mínimo do ordenado médio. Eu temo que esta perigosa aproximação tenda a nivelar a sociedade por níveis mínimos, afastando os cidadãos da vontade de formação, podendo fazer o país caminhar para um cenário de redução da qualidade de formação dos seus filhos”, frisou.

“Esta política vai potenciar acabar com aquela que é a classe motora do desenvolvimento de qualquer sociedade: a classe média”, alvitrou.

Na recta final da sua longa intervenção, o autarca abordou a conclusão da obra da residência de estudantes, a candidatura para a construção de habitação social e de rendas acessíveis e a substituição do relvado artificial, junto ao pavilhão polidesportivo, reveras suas condições técnicas de iluminação, e criar outro campo.

No capítulo das acessibilidades, informou, a obra da EN114 entre Rio Maior e nó da A15 Rio Maior Este “está apenas dependente de despacho do sr. Ministro das Infraestruturas para concluir as expropriações necessárias, estando previsto o seu arranque para breve”, informou.

Medalha Municipal de Mérito – Grau Prata distingue cidadã e duas empresas

A sessão comemorativa dos 187 anos de Concelho serviu ainda para homenagear com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Prata, a título póstumo, Maria da Nazaré Coelho Fernandes de Sousa Varela, e duas empresas do concelho: a Dinazzo, Comércio de Produtos Pecuários e Agrícolas, Lda e a Inter-Churrasco, Actividades Hoteleiras, Lda. Maria da Nazaré Coelho Delgado Fernandes de Sousa Varela nasceu em S. João da Ribeira, a 24 de Janeiro de 1931 e faleceu, aos 92 anos, a 31 de Julho de 2023. Estudou na aldeia que a viu nascer e casou com Jaime Guedes de Sousa Varela. Deste casamento nasceram os seus dois filhos, Ana e Luís Varela, presentes na homenagem.

Com elevada participação cívica envolveu- se em diversos projectos de cariz social, religioso e cultural. Foi como cidadã independente que aceitou exercer as funções de presidente da Assembleia de S. João da Ribeira, de 1994 a 1997 e de 2002 a 2005.

O seu dinamismo levou-a a pegar nos destinos do Grupo de Danças e Cantares de S. João da Ribeira, associação cultural que, então, atravessava um período de escassa representatividade etnográfica e folclórica. Em 1993, impulsiona a criação do Museu Rural e Etnográfico de São João da Ribeira.

Foi autora do livro “Tempos Idos”, apresentado a 12 de Abril de 2014, na União Recreativa Sanjoanense, obra que retracta as várias memórias de Nazaré Varela relativamente à sua terra, às suas gentes e as vivências da freguesia.

Foi também distinguida com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Prata, a empresa Inter-Churrasco, Actividades Hoteleiras, Lda, que iniciou a sua actividade no ano de 1994, primeiro numa pequena loja, até se transformar numa marca próspera que oferece vários serviços. Em 1998, abriu nova loja em Peniche e em 2000, na Benedita. No período da pandemia desempenhou um verdadeiro serviço público e cívico-sanitário, entregando refeições já feitas à comunidade.

Tem hoje vários tipos de serviço: restaurante self-service, take away, entregas ao domicílio e entregas programadas no local de trabalho, negócio complementado com alojamentos para férias, alojamento para estudantes e loja online de produtos regionais.

A outra empresa distinguida, também com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Prata, foi a Dinazzo, Comércio de Produtos Pecuários e Agrícolas, Lda, fundada em 1985, de cariz familiar, e ligada ao sector pecuário. Actua na área da distribuição de medicamentos veterinários, especializada na vertente dos animais de exploração com interesse zootécnico.

Em 2010, entrou na área da produção de medicamentos, dedicados essencialmente à dermatologia, para animais de companhia. Conta actualmente com cerca de 50 colaboradores, operando para todo o país desde Rio Maior e Coimbra.

As comemorações do 187.º aniversário do Concelho arrancaram no sábado, dia 4 de Novembro, com actividades desportivas e a inauguração da exposição de António Maia, na Biblioteca Municipal. Às 16 horas, realizou- se a Gala de Acordeão “Eugénia Lima”, no Cineteatro Municipal.

No domingo, dia 5 de Novembro, o Encontro Sénior do Concelho de Rio Maior voltou a juntar os seniores de todo o concelho, num almoço convívio no pavilhão multiusos. O dia das comemorações oficiais do Feriado Municipal, 6 de Novembro, começou com o hastear da Bandeira na Praça da República, seguindo-se a sessão solene e a colocação de coroas de flores em homenagem aos riomaiorenses, no Jardim Municipal, à qual se seguiu uma missa solene pelos riomaiorenses já falecidos, na igreja Paroquial.

As comemorações encerraram com o espectáculo de teatro “Lar Doce Lar”, com os actores Maria Rueff e Joaquim Monchique, no Cineteatro de Rio Maior.

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