A Câmara de Rio Maior assinou hoje o contrato, de 12,8 milhões de euros, que vai permitir fazer do Parque de Negócios e da Zona Industrial uma área energética A+ e dotada de conectividade digital 5G.

O projecto, que resulta da maior candidatura de sempre apresentada pelo município, vai ser financiado pela vertente do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) destinada à eficiência energética, atratividade e sustentabilidade das zonas industriais, permitindo o fornecimento de energia às empresas “de topo”, disse à Lusa o presidente da Câmara de Rio Maior, Luís Santana Dias (PSD).

A assinatura do contrato, realizada hoje de manhã nos Paços do Concelho, contou com a presença da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, do secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Carlos Miguel, da secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT), Teresa Almeida, e da representante da estrutura de missão Recuperar Portugal Conceição Carvalho.

Além desta verba, o município vai receber 6 milhões de euros, também do PRR, para a requalificação da estrada nacional 114, que liga esta via de acesso ao concelho ao nó da A15.

Santana Dias disse que a candidatura beneficiou do facto de o parque de negócios, contíguo à zona industrial, ser já Área Energética A+, permitindo o investimento agora aprovado que os dois espaços constituam uma “ilha energética de topo”.

O investimento, a ser executado entre 2022 e o final de 2025, permitirá consolidar a Área de Acolhimento Empresarial (AAE), a Rio Maior New Generation Business, atualmente composta por perto de 400 lotes, 50 empresas e cerca de 1.847 postos de trabalho ativos.

A AAE será dotada de sistemas de autoprodução, armazenamento e consumo de energia a partir de fontes renováveis, nomeadamente, para produção e armazenamento de hidrogénio verde, e a instalação de painéis solares fotovoltaicos numa área de cerca de 5,5 hectares, incluindo as coberturas de edifícios privados e do município e o remanescente em terrenos na AAE, destacando o município o facto de Rio Maior contar já com fontes de geração de energia eólicas “de grande dimensão”.

O investimento, inserido nas metas da descarbonização e redução das emissões de CO2, inclui a “instalação de postos de carregamento de veículos elétricos (ligeiros e pesados), bem como dar o primeiro passo para a utilização do hidrogénio como fonte de combustível para abastecimento de frotas de pesados”.

“Estão ainda previstas soluções de ‘bike sharing’ (bicicletas elétricas partilhadas) por forma a reduzir o congestionamento de trânsito, promover um estilo de vida mais saudável, gerar investimento na economia local e contribuir para a poupança na pegada carbónica”, segundo uma nota de divulgação do investimento.

A candidatura aprovada inclui, ainda, o reforço da cobertura de comunicações em toda a AAE, nomeadamente com implementação e fornecimento de rede em 5G, a melhoria da qualidade de serviço de estabilidade energética e “medidas ativas de prevenção e proteção contra incêndios, aumentando assim o apoio às empresas que se instalem na AAE”, acrescenta.

Para o autarca, o investimento dará “competitividade e atratividade” ao concelho, porque permitirá “fixar indústria com especificação” que atualmente não consegue.

Aproveitando os trabalhos previstos no projeto, a Câmara de Rio Maior está a preparar uma intervenção, estimada em cerca de 2 milhões de euros, com recurso a fundos municipais, para requalificar toda a área industrial, nomeadamente, procedendo a repavimentações, instalação de equipamento urbano, criação de zonas pedonais, disse.

Santana Dias afirmou que o concelho tem sido procurado por diversas empresas, salientando a necessidade de atrair mão de obra, já que o desemprego “é residual”, da ordem dos 2,7%.

Segundo o autarca, a comunidade imigrante tem já “alguma dimensão”, sendo a asiática (indiana, nepalesa, paquistanesa) predominante, havendo “alguma dificuldade em ter mão de obra” que supra as necessidades das empresas.

“Rio Maior necessita permanentemente de mão de obra menos qualificada, na panificação, na metalomecânica, na agricultura”, mas também de mais qualificada, “o que pode ser suprido por portugueses ou por imigrantes, nomeadamente refugiados”, acrescentou.

Por seu lado, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, salientou a importância de mostrar às pessoas “onde andam os fundos” do PRR, afirmando que os cerca de 19 milhões de euros hoje formalizados com o município de Rio Maior irão, por um lado, dotar as zonas industriais de “conectividade digital 5G, de ilhas para produzir e armazenar energia, de sistemas para combate a incêndios”, dando às empresas “condições que hoje são absolutamente fundamentais”, sobretudo quando os custos com a energia pesam tanto.

“Aqui [há] um investimento público feito pelas autarquias, mas que beneficia as empresas”, tendo impacto na sua competitividade, e tornará o território mais atrativo para novas empresas”, disse.

A ministra referiu ainda a importância do investimento na requalificação da EN114 “para garantir o acesso de Rio Maior a um eixo estruturante”, beneficiando as empresas, as famílias e os cidadãos.

A presidente da CCDRLVT salientou o facto de este ser um dos 10 projetos selecionados entre as 81 manifestações de interesse submetidas após a abertura do aviso, em junho de 2021, depois de um processo de análise por um júri que integrou as cinco CCDR do continente.

Teresa Almeida salientou a “extrema exigência” de um processo que tem de estar concluído em 2025, num contexto de dificuldade criado pela guerra na Ucrânia.

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