A Santa Casa da Misericórdia de Pernes construiu um novo lar que, segundo o provedor, Manuel Frazão, será “uma grande referência para o distrito”, com capacidade para 120 utentes após a conclusão das duas fases do projeto.
“Com o edificado que estamos a concluir, seremos uma das grandes referências em termos nacionais. A preocupação de motivarmos os utentes e os colaboradores é fundamental, porque isso faz com que as pessoas estejam positivas e alegres e que gostem de viver nos sítios onde estão”, explicou o provedor, que lidera aquela Santa Casa desde 2013.
A construção do lar “Nossa Senhora da Purificação” representa um investimento de 12,3 milhões de euros.
A primeira fase, já concluída, custou 8 milhões e permitirá receber 70 utentes já a partir de quarta-feira.
A segunda fase, prevista para estar concluída até 2026, custará 4,3 milhões de euros e aumentará o número de utentes para 120, o máximo permitido por lei em Portugal.
A Santa Casa da Misericórdia de Pernes tem suportado os custos do projeto, mas o provedor tem esperança no apoio do Governo através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Estamos à espera que agora, com este Governo, que tem uma visão de grande proximidade com o setor social, que nos possa ajudar e temos essa esperança de sermos apoiados pelo PRR e estamos a desenvolver esforços nesse sentido”, disse Manuel Frazão à Lusa.
O provedor explicou que a instituição precisa daquele apoio “para não ficar com uma carga financeira para o futuro”.
“Não queremos hipotecar o futuro da instituição só com o investimento de um lar. Somos merecedores desse investimento pelas entidades que nos tutelam porque damos dignidade aos utentes do nosso distrito”, referiu.
Além da infraestrutura, o lar adota uma abordagem centrada no “estímulo dos utentes e na motivação dos colaboradores”, que têm recebido formação contínua desde 2014 para garantir um atendimento “de excelência”, pautado pelo lema “cuidar com bondade”.
Segundo o provedor, os funcionários “têm uma renumeração acima da renumeração mínima”, o que “é fundamental”.
O lar também aposta em estratégias para estimular os utentes, envolvendo-os em várias atividades, como na criação da ementa e no serviço ‘buffet’ do refeitório, que os incentiva a irem buscar a comida, promovendo uma “maior autonomia”.
O edifício inclui biblioteca, ginásio exterior, refeitórios para os colaboradores e para os utentes e salas de convívio, além de espaços técnicos como cozinhas e lavandarias.
O novo lar está dividido em quatro pisos, cada um com uma decoração associada a um elemento natural: Terra (piso -1), Água (piso 0), Fogo (piso 1) e Ar (piso 2).
“O piso 0, por exemplo, que representa o símbolo da água, tem um aquário e uma parede de água com uma foto de uma cascata. Este tipo de elementos são diferenciadores”, explicou o provedor.
A decisão de construir um novo lar surgiu em 2013, quando a Santa Casa de Pernes, no distrito de Santarém, identificou algumas fragilidades no atual edifício, que não foi concebido para ser um lar.
Após a aquisição de um terreno em 2014, o projeto para um novo lar começou a ser criado com o envolvimento de uma equipa multidisciplinar que visitou lares nacionais e internacionais.
Manuel Frazão faz ainda um apelo à necessidade de maior investimento no setor social, referindo que o Estado Português, atualmente, cobre apenas 36% do custo dos utentes nos lares, o que compromete “a sustentabilidade das instituições”.
“É por isso que, de vez em quando, um ou outro lar fecha algumas valências. O Estado tem que tem de cumprir os compromissos que assume com o setor social e solidário”, defendeu.