Santarém deu um passo decisivo rumo a uma mobilidade mais sustentável com a apresentação do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS), um projecto estratégico que visa transformar a cidade através da descarbonização, da requalificação urbana e da ampliação das zonas pedonais. O plano prevê medidas estruturantes como a criação de funiculares, ciclovias e a melhoria dos transportes públicos, tornando Santarém mais acessível e eficiente. Na sessão de apresentação, o presidente da Câmara, João Teixeira Leite, e a coordenadora técnica, Paula Teles, destacaram a importância do plano para o futuro da cidade, sublinhando a necessidade de financiamento comunitário e o compromisso de execução faseada ao longo da próxima década.
Santarém prepara-se para uma revolução na mobilidade urbana com a implementação do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS). A iniciativa, liderada pela Câmara Municipal, visa transformar a cidade num espaço mais acessível e ecológico, promovendo a descarbonização, a ampliação das zonas pedonais e a requalificação urbana. Com medidas como funiculares, ciclovias e transportes públicos mais eficientes, o plano promete melhorar a qualidade de vida dos habitantes e dinamizar a economia local.
A Câmara Municipal de Santarém apresentou o novo Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS), um projecto ambicioso que visa transformar a cidade num espaço mais acessível, eficiente e amigo do ambiente. Com medidas estruturantes que englobam desde a descarbonização à requalificação urbana, passando pela mobilidade vertical e pela expansão das zonas pedonais, o plano pretende responder às necessidades actuais da população e preparar a cidade para os desafios das próximas décadas.
O PMUS surge da necessidade de corrigir desequilíbrios históricos na mobilidade urbana de Santarém, onde a primazia do automóvel particular tem limitado a acessibilidade e comprometido a qualidade ambiental. Entre as principais medidas estão a implementação de meios mecanizados para ultrapassar desníveis altimétricos, permitindo uma ligação mais fluida entre diferentes pontos da cidade.
A proposta contempla a criação do Funicular de São Bento, que ligará o bairro de São Bento à Estação de Caminho de Ferro, uma das infra-estruturas mais críticas na intermodalidade do concelho. Outros projectos incluem a ligação mecanizada entre o Miradouro da Rafoa e o bairro de São Domingos, bem como a conexão das Portas do Sol à Ribeira de Santarém, facilitando o acesso à zona ribeirinha e ao Tejo.
Requalificação urbana e zonas pedonais
Outro pilar fundamental do PMUS é a requalificação de espaços urbanos para tornar a cidade mais caminhável e humanizada. O centro histórico será alvo de uma intervenção abrangente, promovendo-se uma ampliação significativa das zonas pedonais e criando espaços de coexistência, onde a prioridade é atribuída aos peões e à mobilidade suave.
A Espinha Dorsal do Planalto será alvo de uma requalificação estruturante, conectando de forma harmoniosa o Tribunal, o Mercado Municipal, o Jardim da Liberdade, a Monumental Celestino Graça e o Politécnico de Santarém. Estas intervenções pretendem revitalizar o centro urbano, criando circuitos agradáveis para peões e promovendo um maior dinamismo económico e social na cidade.
Mobilidade ciclável e estrutura verde
A bicicleta assume um papel de destaque no novo plano de mobilidade. O PMUS propõe a criação de canais dedicados à circulação de bicicletas e micromobilidade, articulados com o sistema viário e as novas áreas pedonais. O objectivo é proporcionar deslocações rápidas e sustentáveis, reduzindo a dependência do automóvel particular.
Em complemento, está prevista uma significativa aposta na estrutura verde da cidade, com reforço da arborização e criação de corredores ecológicos. A inclusão de espaços verdes de proximidade e a requalificação de parques urbanos contribuirá para atenuar as ilhas de calor e proporcionar zonas de lazer e bem-estar para os cidadãos.
Transportes públicos e estacionamento
Uma das grandes apostas do PMUS é a melhoria da oferta de transportes públicos. O plano inclui o aumento da frequência e da cobertura dos transportes colectivos, com uma estratégia de tendencial gratuitidade para tornar a sua utilização mais atractiva e reduzir o tráfego automóvel.
Para complementar esta abordagem, serão implementadas novas políticas de estacionamento dissuasor. Prevê-se a criação de parques periféricos que facilitem a intermodalidade e reduzam a pressão automóvel nas zonas centrais. Paralelamente, o plano inclui medidas para incentivar a rotação do estacionamento nas principais artérias da cidade.
O Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Santarém representa, assim, uma mudança paradigmática na forma como a cidade se organiza e se move. Assente num modelo de mobilidade integrada, eficiente e ecológica, o PMUS visa tornar Santarém mais acessível, mais humana e mais sustentável.
A execução deste plano irá implicar um conjunto de desafios, mas também uma enorme oportunidade de transformar Santarém numa referência nacional de urbanismo e mobilidade moderna. Com esta iniciativa, a cidade dá um passo firme rumo a um futuro mais equilibrado, conectando-se de forma harmoniosa com as necessidades dos seus habitantes e com as exigências ambientais do século XXI.
João Leite destaca impacto histórico do Plano de Mobilidade Urbana de Santarém
O presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Teixeira Leite, considera este Plano de Mobilidade Urbana Sustentável “essencial” para o futuro do concelho. Durante a sessão de lançamento deste projecto, realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal, na passada sexta-feira, dia 24, o autarca sublinhou a importância estratégica do plano e o seu impacto na transformação do espaço público e na qualidade de vida dos cidadãos.
No seu discurso, João Leite enfatizou que este plano representa uma “revolução no paradigma da mobilidade” em Santarém. Segundo o presidente, o PMUS é o resultado de dois anos de trabalho intensivo, envolvendo reuniões, estudos técnicos e visitas a outros territórios para recolher boas práticas. O objectivo, afirmou, é dotar Santarém de uma rede de mobilidade mais eficiente, segura e inclusiva, beneficiando não só os residentes, mas também os visitantes e agentes económicos.
“Este é um dia histórico para Santarém, um marco no nosso futuro colectivo. Estamos a apresentar um plano que vai revolucionar a forma como nos movemos na cidade, garantindo acessibilidade, conforto e segurança para todos”, afirmou.
O autarca frisou ainda que este plano se insere num esforço mais abrangente de revitalização da cidade, onde a mobilidade sustentável desempenha um papel essencial. “Não se trata apenas de infra-estruturas, mas de uma transformação cultural. Queremos que os nossos cidadãos adoptem novos hábitos, privilegiando os transportes públicos, a bicicleta e a caminhada como formas seguras e viáveis de deslocação diária.”
Ligar o Planalto à Ribeira: um dos grandes desafios
Entre as medidas prioritárias, o presidente destacou a urgência de estabelecer uma ligação funcional entre o Planalto e a Ribeira de Santarém. “Este era um ponto crítico que exigia solução. Trabalhamos aprofundadamente para encontrar respostas concretas e inovadoras”, disse, revelando que no Dia da Cidade, a 19 de Março, serão apresentadas as primeiras imagens do projecto de requalificação da Frente Ribeirinha.
A aposta na mobilidade vertical é um dos eixos centrais do PMUS, incluindo soluções como um Funicular na zona de São Bento e ligações mecanizadas entre diferentes pontos da cidade, como as Portas do Sol e a Ribeira de Santarém, facilitando deslocações e promovendo a intermodalidade.
Além disso, o presidente destacou a necessidade de tornar estas infra-estruturas plenamente integradas na malha urbana, assegurando que novos espaços verdes, zonas de lazer e percursos pedestres sejam criados em paralelo para melhorar a experiência de deslocação e aumentar a atractividade da cidade.
João Leite reforçou que a mobilidade urbana não é apenas um tema de infra-estruturas, mas também um factor determinante para o desenvolvimento económico e social. “Falamos de qualidade de vida, de espaço público, de ambiente, de turismo e de saúde. Falamos de um novo comportamento urbano, onde a cidade é pensada para as pessoas e não para os carros”, referiu.
O autarca destacou a inclusão de novas ciclovias, a expansão das zonas pedonais, a requalificação de espaços como o Campo Emílio Infante da Câmara e a implementação de transportes públicos mais eficientes e acessíveis. A criação de parques de estacionamento dissuasores também faz parte da estratégia para reduzir a pressão automóvel no centro da cidade.
Adicionalmente, frisou a importância da melhoria das condições para quem se desloca a pé, com passeios alargados, novas passadeiras e iluminação adequada para garantir segurança a todos os peões, independentemente da idade ou condição física.
Financiamento e execução do plano
O presidente da Câmara destacou a importância do PMUS na captação de fundos comunitários. “Os municípios que não tiverem um plano de mobilidade urbana sustentável não poderão aceder a financiamentos essenciais para estas intervenções. Com este documento, garantimos que Santarém está preparada para concorrer a fundos europeus e implementar estas mudanças estruturais”, afirmou.
O plano, segundo João Leite, é “um documento dinâmico”, que poderá ser ajustado e melhorado com contributos da comunidade e das diferentes entidades envolvidas. “O nosso compromisso é fazer de Santarém uma cidade moderna, sustentável e preparada para os desafios do futuro”, afirmou.
Nesta sessão, a coordenadora técnica do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Santarém, Paula Teles, apresentou a sua visão para o futuro da cidade, destacando a importância de um planeamento estratégico que priorize a inclusão, a sustentabilidade e a qualidade de vida. Na sua intervenção, a especialista em mobilidade urbana sublinhou que Santarém enfrenta desafios estruturais que exigem soluções inovadoras e integradas, sendo este plano um passo determinante para uma cidade mais acessível e eficiente.
A mobilidade como motor da transformação urbana
Paula Teles começou por destacar que o PMUS representa um marco na organização territorial de Santarém, realçando que a mobilidade urbana não é apenas um tema de infra-estruturas, mas uma questão essencial para o funcionamento das cidades e para o bem-estar dos seus habitantes. A especialista sublinhou que a falta de um planeamento coerente tem levado, ao longo das últimas décadas, à proliferação de infra-estruturas desarticuladas, contribuindo para a excessiva dependência do automóvel e a degradação da qualidade do espaço público.
“A mobilidade deve ser pensada com um olhar global, integrado e focado na experiência das pessoas. O que estamos a propor para Santarém não é apenas um conjunto de obras, mas uma transformação profunda na forma como a cidade se organiza e funciona”, afirmou.
A responsável pelo projecto sublinhou que um dos principais problemas de Santarém é a sua elevada taxa de motorização. Os dados apresentados mostram que, nas últimas duas décadas, as deslocações feitas de carro passaram de 57% para 71%, enquanto as deslocações a pé diminuíram de 23% para apenas 15%. “Este é um sinal claro de que a cidade tem estado a caminhar no sentido errado em termos de mobilidade”, advertiu.
Nesse sentido, o PMUS propõe medidas estruturantes para inverter esta tendência, incluindo a expansão das zonas pedonais no centro histórico, a criação de ciclovias interligadas aos principais eixos viários, o desenvolvimento de soluções de mobilidade vertical, como o Funicular de São Bento, que ligará o Planalto à Estação Ferroviária, e a requalificação de espaços públicos para melhorar a acessibilidade e segurança de peões.
Paula Teles sublinhou ainda que este plano não se limita a infra-estruturas físicas, mas abrange também uma mudança cultural na forma como os cidadãos se deslocam. “Temos de criar condições para que as pessoas voltem a caminhar, a usar bicicleta e a confiar nos transportes públicos. A cidade deve ser pensada para todos, e não apenas para quem se desloca de carro.”
Mobilidade vertical: a solução para Santarém
Uma das maiores dificuldades da cidade, segundo a especialista, prende-se com a sua geografia, marcada por desníveis significativos entre o Planalto e a Ribeira. Para mitigar este problema, o PMUS prevê a implementação de infra-estruturas de mobilidade vertical, como ligações mecanizadas e elevadores urbanos, que permitirão uma maior fluidez nas deslocações entre estas zonas.
O Funicular de São Bento é uma das propostas-chave, garantindo um acesso facilitado entre a estação ferroviária e o centro histórico. “Queremos que Santarém seja uma cidade inclusiva, onde qualquer pessoa, independentemente da sua idade ou condição física, possa deslocar-se sem barreiras. As soluções que estamos a apresentar vão transformar a acessibilidade e permitir uma verdadeira integração entre as várias cotas da cidade”, explicou Paula Teles.
Além do funicular, prevê-se ainda a instalação de ligações mecanizadas entre as Portas do Sol e a Ribeira, bem como o miradouro da Rafoa e o bairro de São Domingos. Estas infra-estruturas, segundo a especialista, serão fundamentais para reduzir a necessidade do automóvel em deslocações curtas e garantir que a cidade se torna mais inclusiva e funcional.
A Cidade dos 15 Minutos e a redução do tráfego automóvel
Inspirada em modelos urbanos inovadores, Paula Teles apresentou o conceito de Cidade dos 15 Minutos, onde todas as infra-estruturas essenciais – como escolas, serviços e comércio – devem estar acessíveis a menos de 15 minutos a pé ou de bicicleta.
De acordo com os estudos realizados, mais de 50% das deslocações de carro em Santarém ocorrem em percursos inferiores a um quilómetro, o que demonstra o potencial para incentivar modos de deslocação mais sustentáveis. “A questão não é se as pessoas querem deixar de usar o carro, mas se lhes damos condições para o fazer. O que propomos é uma cidade mais conectada, onde seja fácil e seguro optar por alternativas ao automóvel”, referiu.
Para reduzir o tráfego rodoviário no centro, o plano propõe a criação de parques de estacionamento dissuasores em zonas estratégicas, o aumento da frequência e alcance dos transportes públicos, a expansão da rede ciclável e das infra-estruturas de mobilidade suave, e a requalificação do espaço urbano, tornando-o mais convidativo para deslocações pedonais.
A mobilidade como motor do desenvolvimento económico
Outro ponto abordado por Paula Teles foi a relação entre mobilidade e economia. A coordenadora do PMUS destacou que as cidades que investiram na pedonalização e na mobilidade sustentável registaram um aumento da actividade comercial nos seus centros históricos.
A especialista desmistificou a ideia de que a retirada de automóveis pode prejudicar os negócios locais, apontando exemplos de cidades europeias onde as vendas do comércio tradicional aumentaram após a criação de zonas pedonais. “As pessoas passam mais tempo nas ruas, sentem-se mais confortáveis para explorar o comércio local e a restauração ganha novo dinamismo. Esta é uma oportunidade de revitalização do centro histórico de Santarém”, frisou.
Paula Teles concluiu a sua intervenção reforçando a importância de um compromisso político e comunitário para garantir o sucesso do PMUS. “Este é um plano para as próximas gerações, que exige continuidade e acompanhamento. O verdadeiro sucesso não será apenas medido pelas infra-estruturas que construímos, mas pela forma como as pessoas passam a utilizar a cidade.”
A engenheira reiterou que Santarém tem agora a oportunidade de se tornar uma referência nacional e internacional em mobilidade urbana sustentável. “Queremos ver crianças a brincar nas ruas, famílias a passear em segurança, idosos a deslocarem-se sem dificuldades. Esta é a cidade que estamos a construir, e juntos podemos tornar este plano numa realidade.”
A sessão terminou com um apelo à participação activa da população, destacando que a implementação das medidas previstas será acompanhada por consultas públicas e sessões de esclarecimento para garantir que o PMUS responde efectivamente às necessidades da comunidade.
Compromisso a 10 anos
Na intervenção final da apresentação do PMUS, João Teixeira Leite destacou a importância deste documento estratégico para o futuro da cidade e a necessidade de um compromisso conjunto entre a autarquia, o Governo e a comunidade para a sua concretização. O autarca sublinhou que Santarém está entre os poucos municípios portugueses que já possuem um plano estruturado nesta área, o que permitirá ao concelho ter acesso prioritário a fundos comunitários para a sua implementação.
João Leite destacou o papel do Governo no apoio à execução do plano e revelou que já iniciou conversações com a Secretaria de Estado da Mobilidade para garantir financiamento europeu para as intervenções previstas. “O Governo quer mesmo reunir desde já connosco para que possamos apresentar aquilo que consideramos estratégico para Santarém e, dessa forma, adaptar os avisos de financiamento às nossas necessidades”, afirmou.
Sublinhando que apenas 10% dos municípios portugueses possuem, actualmente, um plano estratégico de mobilidade urbana sustentável, o presidente da Câmara salientou que Santarém está numa posição privilegiada para captar apoios financeiros e avançar rapidamente com a execução das medidas previstas. “Estamos mais capacitados e preparados para integrar a solução nacional na execução dos fundos comunitários que o Governo quer aplicar nos próximos tempos”, reforçou.
O presidente explicou que o plano está desenhado para um horizonte de 10 anos, sendo que o ritmo da sua execução dependerá da capacidade da autarquia de assegurar os financiamentos necessários. “O nosso objetivo é avançar o mais rapidamente possível e, se conseguirmos captar mais fundos, poderemos encurtar significativamente os prazos de implementação”, garantiu.
O presidente da autarquia sublinhou ainda que algumas das medidas mais ambiciosas do plano exigirão um esforço financeiro significativo: “Queremos garantir que este projecto seja considerado estratégico no acesso aos fundos comunitários e que possa avançar nos próximos anos”, afirmou João Leite, reforçando que estas intervenções transformarão a mobilidade e a estrutura urbana de Santarém.
“Este é um plano que nos projecta para o futuro e que exige de nós dedicação e visão estratégica. Juntos, podemos transformar Santarém numa cidade mais moderna, sustentável e acessível para todos”, concluiu João Leite.
Filipe Mendes