O presidente da Câmara de Santarém declarou “total” empenho do município na construção do novo aeroporto no concelho e disse acreditar que esta será a solução escolhida pelo Governo daqui a um ano pelos “argumentos sólidos” que apresenta.
Ricardo Gonçalves (PSD) afirmou à Lusa que as autarquias e entidades da região Centro que tem contactado estão igualmente “muito entusiasmadas e expectantes” em que esta venha a ser a opção escolhida, aguardando para saber como vai ser formada a comissão técnica que irá realizar os estudos e as entidades que a comporão.
“Para a nossa região isto é muito importante”, disse o autarca, antevendo o “impacto direto de 35.000 postos de trabalho”, que abrangerá, além de Santarém e de todos os concelhos limítrofes, os distritos de Leiria, Castelo Branco, Portalegre, o Oeste e também a Área Metropolitana de Lisboa.
“O empenho é total. É um projeto que esperamos que seja uma solução sólida para o problema, que se arrasta há muitos anos, da localização do novo aeroporto em Portugal. Os argumentos são muito sólidos e esperamos que de vez fique resolvido esse problema”, afirmou.
Salientando as dificuldades que se têm colocado às soluções do Montijo e de Alcochete (esta no concelho de Benavente, também no distrito de Santarém), sobretudo por questões ambientais, o autarca escalabitano apontou ainda que estas hipóteses terão o seu impacto económico na Área Metropolitana de Lisboa, enquanto a que entrou agora em debate beneficiará uma vasta área “há muitos anos carenciada de investimento”.
Os promotores, cujo rosto conhecido até ao momento é o do dono da Barraqueiro, Humberto Pedrosa, vão esta semana apresentar o projeto ao executivo municipal escalabitano e à Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, sendo intenção estender essas apresentações aos municípios do Médio Tejo e dos distritos que ficarão na área de influência direta de um futuro aeroporto nesta zona, disse.
Pela informação que tem sido divulgada em diversos órgãos de comunicação social, o projeto poderá, numa primeira fase, ter apenas uma pista e capacidade para um milhão de passageiros/ano, com um investimento da ordem dos mil milhões de euros a concretizar em três anos.
A essa primeira fase, “regional”, poderá seguir-se uma outra, dotando o novo aeroporto com três pistas e capacidade para 100 milhões de passageiros/ano, num investimento de 4,5 mil milhões de euros.
Para Ricardo Gonçalves, entre os argumentos que, no seu entender, fazem desta a hipótese mais viável, estão a proximidade em termos de tempo, tanto em relação a Lisboa como ao resto do país, por se localizar junto a três autoestradas (A1, A23 e A13) e à ferrovia – o local apontado situa-se entre a Linha do Norte e a estação de serviço da A1, abrangendo as freguesias de S. Vicente do Paul e de Casével.
Salientando que Lisboa fica a 40 minutos de carro e menos ainda de comboio, Ricardo Gonçalves afirmou ser esta “a distância a que os aeroportos estão das capitais europeias”.
O local escolhido está ainda fora do raio de 75 quilómetros abrangido pela concessão à Vinci e, segundo o autarca, pelo que é conhecido, não tem problemas de Reserva Ecológica ou impactos ambientais como os que se colocam nas duas outras opções.
Aos que ouviu dizer na comunicação social que o local escolhido é inundável e só daria para hidroaviões, o autarca desafiou a que visitem o local.
“Não está em zonas inundáveis, como o Montijo, não tem problemas ambientais como tem Alcochete”, nem a questão da necessidade de construção de uma terceira travessia sobre o Tejo, implicando menos gastos com infraestruturas complementares, acrescentou.
“É muito importante que se perceba que os projetos podem ser noutros locais. Muitas vezes pensa-se que tudo o que é em Lisboa é que é mais importante e tudo o resto é paisagem. Mas não, há mais Portugal para além de Lisboa e isto é um projeto que pode ter essa capacidade”, acabando por também beneficiar muito a Área Metropolitana, declarou.
Referindo um estudo que projeta, em 2050, a “grande” Área Metropolitana de Lisboa até Leiria, ficando Santarém “no centro”, Ricardo Gonçalves defendeu que esse seja também um argumento a ser tido em conta.
Ricardo Gonçalves adiantou que, para já, o papel do município é “fornecer informação, estar ao lado do projeto, dar a conhecer, explicar”, ficando questões como os instrumentos de ordenação do território para depois de conhecida a decisão.
Tanto o PS, que tem um acordo de governação com o PSD no executivo municipal, como o vereador do Chega manifestaram o seu apoio ao projeto na reunião da Câmara de Santarém que se realizou na segunda-feira.