Monumental “Celestino Graça”, 10 de Junho, 18 horas. Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: António Ribeiro Telles, Luís Rouxinol e João Salgueiro da Costa; Forcados Amadores de Santarém; Ganadarias: José Luís Vasconcellos e Souza d’Andrade e Canas Vigouroux (5.º); Director de Corrida: Lourenço Luzio; Veterinário: Dr. José Luís Cruz; Tempo: Ameno, um pouco ventoso; Público: Cerca de ¾ da Lotação da Praça.

Se dúvidas ainda houvessem ficaram agora dissipadas com a grande afluência de público à Monumental “Celestino Graça” para assistir à corrida da Marca “Ribatejo” – a Tauromaquia está viva em Santarém! Por mais gritaria que fizessem os escassos manifestantes anti-taurinos, a sua atitude em nada beliscou o grande êxito desta iniciativa. Penso, até, que estas pseudomanifestações têm um efeito oposto ao que os seus promotores pretendem, pois, os aficionados ainda se sentem mais comprometidos em apoiar a tauromaquia e em irem à corrida para combater a intolerância dos “antis”. Por isso, que continuem assim que é uma ajuda que estão a fazer à Festa…

Os toiros de Vasconcellos e Souza d’Andrade saíram a pedir contas a toureiros e a forcados, que tiveram de porfiar bastante para superar as dificuldades impostas, o mesmo sucedendo com o de Canas Vigouroux.

António Ribeiro Telles desenvolveu duas lides meritórias, com destaque para a que rubricou frente ao seu segundo oponente, tendo desenvolvido adequada brega e colocado vistosa ferragem. A forma como Telles mexe com os toiros, isto é, como os lida, ajustando terrenos, distâncias e andamentos, é sublime, aspecto que nem sempre é devidamente entendido pelo público, pelo que o seu labor não é tão valorizado como merecia. Porém, sem deslumbrar, António Telles voltou a estar em muito bom plano.

Luís Rouxinol parece um relógio suíço, pois, as suas actuações pautam-se sempre por uma notável regularidade. Criterioso e competente nas opções técnicas que assume, Rouxinol adapta-se sempre às características dos seus oponentes, pelo que se desincumbe facilmente dos seus compromissos, e, depois, plasma no seu labor alguns detalhes de excelência através da colocação da ferragem de apoteose. Louve-se o facto de Luís Rouxinol privilegiar os ferros ao estribo, algo que nem sempre se vê entre os seus pares. Em dia de aniversário de alternativa (Santarém, 10 de Junho de 1987), Luís Rouxinol dignificou cabalmente a sua profissão e honrou a sua notável trajectória.

João Salgueiro da Costa houve-se com dois toiros sérios, que lhe pediram as credenciais, contudo, o jovem marialva, que está a atravessar uma boa fase na sua carreira, desenvolveu duas boas lides, que não foram constantes no mérito, mas que ficaram marcadas por alguns dos ferros mais emotivos e meritórios da corrida, o que confirma o conceito de lide deste toureiro que tem tudo para triunfar tarde após tarde.

O Grupo de Santarém, a viver um período de renovação dos seus forcados de cara, assumiu o arrojado repto de pegar em solitário uma corrida “Sommer”, o que não é para todos, mas, sem ter rubricado uma actuação imaculada, logrou superar com distinção este tremendo desafio, confirmando a excelência de alguns forcados que já constituem boa garantia de um futuro digno do prestigiado passado do Grupo. Abriu praça o Cabo, João Grave, que apenas consumou a sua sorte à quinta tentativa, porém, dando lições de galhardia e de pundonor, pois, após a primeira tentativa ficou inanimado, mas, quis sempre ir à cara do toiro, para honra da sua jaqueta e exemplo dos seus companheiros. Salvador Ribeiro de Almeida concretizou pega fácil à primeira tentativa; Lourenço Ribeiro fechou-se galhardamente à segunda, depois de uma primeira tentativa menos feliz; António Taurino consumou a pega da tarde, aguentando uma barbaridade de derrotes, sem nunca vacilar, pelo que foi justamente premiado com duas voltas à arena; Francisco Graciosa esteve bem na pega do “Canas Vigouroux”, ao primeiro intento; e a fechar esta tarde gloriosa esteve Ruben Giovetti, que concretizou uma pega soberba ao primeiro intento.

Direcção atenta e competente de Lourenço Luzio, numa tarde em que peões de brega e campinos andaram com diligência.

Para memória futura, registe-se o ambiente extraordinário que se viveu em toda a corrida, desde logo com a entoação do Hino Nacional durante as cortesias, cantado em uníssono por mais de oito mil pessoas, enquanto no exterior da praça meia dúzia de “antis” se esganiçavam para ofender a nossa Cultura.

Ludgero Mendes

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