O Ministério da Saúde disse estar a acompanhar os problemas associados aos “odores desagradáveis” sentidos no concelho de Alcanena, numa resposta ao BE que o partido considerou hoje “insuficiente”.

Em comunicado, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda lamenta que, na resposta à pergunta colocada pelos deputados Fabíola Cardoso, eleita pelo distrito de Santarém, e Moisés Ferreira sobre “os recentes episódios de poluição ambiental em Alcanena que provocaram odores nauseabundos prejudiciais à saúde da população local”, nada tenha sido dito sobre a realização de estudos epidemiológicos no concelho de Alcanena.

Na resposta ao partido, o Ministério da Saúde afirmou que o polo de Alcanena da Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo (USPMT) tem realizado reuniões com as entidades gestoras do sistema e com os movimentos locais surgidos na sequência das ocorrências, com particulares e com alguns industriais.

“A USPMT, através do Observatório da Saúde do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo, tem acompanhado a evolução da situação no concelho de Alcanena, tendo divulgado os resultados numa reunião aberta da Assembleia Municipal”, os quais “não se afastaram dos níveis médios dos indicadores” do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo, refere o texto.

Por outro lado, a tutela afirma que a USPMT integra igualmente o Observatório Ambiental do concelho de Alcanena, criado em 2018, e que tem acompanhado “as várias campanhas de monitorização da qualidade do ar realizadas pelos gestores do sistema”, nos pontos considerados “representativos para a dispersão dos odores desagradáveis”, e tem analisado os seus resultados, em particular os relativos às concentrações de sulfureto de hidrogénio (H2S).

Salientando que o valor limite de exposição ao H2S está fixado em 1 ppm (partes por milhão), a partir do qual é possível detectar os odores, o ministério afirma que alguns resultados das análises efectuadas se situam acima de 0,01 ppm, sendo que as concentrações mais elevadas se registaram na envolvente da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) e do aterro de lamas.

“Apesar de baixas, as concentrações detectadas são passíveis de causar incómodos na população devido aos maus odores, já que os níveis de percepção olfactiva para estes compostos são extremamente baixos”, descreve a resposta enviada ao parlamento.

O Ministério da Saúde adianta que representantes da USPMT realizaram uma visita à ETAR de Alcanena no passado dia 3 de Agosto. O BE salienta que esta diligência aconteceu “dois dias após ter sido colocada a pergunta” do partido.

Nessa visita, os técnicos verificaram que estavam em curso “obras de melhoramento e ajuste nalguns sistemas de tratamento”, bem como a limpeza e desinfecção do tanque de equalização/homogeneização e na zona de espessamento de lamas, “prevendo-se a eliminação dos problemas detectados”, afirma o gabinete tutelado pela ministra Marta Temido.

No seu comunicado, o Bloco de Esquerda lamenta que “sobre a realização de estudos epidemiológicos no concelho de Alcanena nada [tenha sido] respondido pela ministra da Saúde”.

Na pergunta entregue no final de Julho no parlamento, os deputados bloquistas afirmam que “os episódios de poluição do ar e das massas de água em Alcanena persistem ao longo do tempo, sem que se vislumbrem soluções eficazes e sem que sejam apuradas responsabilidades”.

“Existem relatos de problemas respiratórios entre a população do concelho que urge averiguar”, acrescentam.

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