A NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém e o Instituto Politécnico de Santarém, realizaram no passado dia 21 de Junho, na Startup Santarém, a sessão final do projecto Get Innovation, subordinada ao tema Smart Factories e o Estado da Arte. Na sessão, empresários de diversos sectores de actividade sentaram-se à volta de uma mesa redonda para discutir os desafios e oportunidades da chamada indústria 4.0.
Francisco Duarte, da Bosch Group Spain Portugal, Gualter Vasco, da CAIMA – Indústria de Celulose, Filipe Marques, da Momsteel, Vítor Figueiredo, da Greenyard Logistics Portugal, e Francisco Proença, das Porcelanas da Costa Verde, moderados por Fernando Bigares Santos, da Universidade da Beira Interior, debateram a temática, tendo sido unânime que “o principal desafio são as pessoas”.
Francisco Duarte, Coordenador da Indústria 4.0 da Bosch, ao contrário dos outros empresários do painel, que acham o termo exagerado, concorda que os tempos que estamos a viver são “uma autêntica revolução industrial” e esclarece a plateia. “A inteligência artificial tem 60 anos. O que é novo é a conexão dos dados, que veio alterar significativamente o paradigma e com ele trazer novos desafios e oportunidades”, fez saber o responsável, acrescentando que actualmente “nós, humanos, não chegamos. Não conseguimos gerir dados de big data com tabelas de excel. Precisamos de algoritmos para tomar decisões em vez de nós”, concluiu.
O profissional disse ainda que, por este motivo, as universidades têm, neste âmbito, um novo papel: “em primeiro lugar, criar alunos mais capazes, com novas competências e em segundo lugar, ter a capacidade de desenvolver projectos de transferência de tecnologia em parceria com as empresas”. De facto, alertou ainda “o conceito de tarefa tem tendência a substituir o de profissão. Todas as profissões têm tarefas dispensáveis e outras digitalizáveis. Aliás, não somos precisos em muitas profissões. Necessitamos, por isso, de pessoas polivalentes e profundamente sensibilizadas com estas temáticas. Estamos perante uma verdadeira revolução na forma de trabalhar”, frisou, afirmando ainda que vão nascer “novas profissões”.
Ao longo do debate, para além desta emergência de novos profissionais, foram identificados outros desafios, como sejam os diferentes níveis de digitalização entre as empresas, os níveis de confiança dos profissionais em novos sistemas informáticos que possam substituir tarefas anteriormente efectuadas de forma manual (como encomendas, por exemplo), e ainda, obviamente, a segurança dos dados e dos sistemas.
Para além da mesa redonda, a sessão final do projecto Get Innovation deu ainda a conhecer os diversos estudos realizados ao abrigo do projecto. Um deles, curiosamente, aborda as “Profissões Emergentes” na região da Lezíria do Tejo, e que foi apresentado na sessão pelo consultor Jorge Gaspar, que foi também Presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional. “Indústria 4.0 – o Estado da Arte na Região”, foi apresentado por João Orvalho, da Streamline e o Estudo de Benchmarking de Boas Práticas no âmbito da Indústria 4.0 foi apresentado por Álvaro Beleza, Consultor Especialista da 6P.
A NERSANT efectuou ainda um balanço das actividades realizadas ao longo do projecto, onde se contam diversas sessões e workshops de capacitação e informação direccionados aos empresários da região.
Quem também esteve presente na sessão foi António Campos, Presidente da Comissão Executiva da NERSANT, que se mostrou orgulhoso pelo facto de a associação, em parceria com o Instituto Politécnico de Santarém, “ter assumido a dianteira na sensibilização da indústria 4.0 quando o tema ainda era desconhecido para a maioria dos empresários e comunidade”, bem como a Maria Fernanda Ribeiro, Pró-Presidente para a Formação, Empreendedorismo e Empregabilidade do Instituto Politécnico de Santarém, que realçou a “importância da parceria entre a NERSANT e o Politécnico de Santarém para a implementação do projecto”.
Do Alentejo 2020, entidade financiadora do Get Innovation, esteve Hélder Guerreiro, vogal da Comissão Directiva, que referiu que a Indústria 4.0 traz três grandes desafios às empresas: “o emprego, a educação e formação e o território”.